No domingo de manhã, o ex-presidente paraguaio Fernando Lugo explicou que tinha concordado em se submeter ao impeachment do Parlamento para evitar mais derramamento de sangue. Lugo foi afastado do poder na sexta-feira após um impeachment apressado.
Anteriormente, ele havia denunciado o julgamento. “É mais do que um golpe de Estado, é um golpe parlamentar vestido como um procedimento legal”, disse Lugo à rádio paraguaia, informou a AFP.
A proposta de impeachment foi iniciada após os recentes incidentes entre agricultores migrantes e a polícia sobre questões de terra que deixou seis policiais e 11 posseiros mortos.
Falando no domingo num programa especial da manhã na televisão pública, Lugo disse que, antes do julgamento de sexta-feira no Senado, bispos católicos romanos vieram vê-lo e ele concordou em aceitar o resultado do julgamento para evitar mais derramamento de sangue.
Lugo afirmou que o chamado golpe ocorreu porque ele apoiou a maioria pobre do país sul-americano. Lugo era um bispo católico e defensor conhecido entre os pobres antes de se candidatar a presidência.
Após um julgamento que durou menos de um dia, o Parlamento do Paraguai votou 39-4 pelo impeachment, alegando que Lugo gerenciou pobremente os conflitos fundiários recentes envolvendo trabalhadores migrantes e a polícia.
No entanto, Lugo ficou com pouca influência quando o partido Libertação Radical Autêntica, parte da coalizão de Lugo no poder e o partido de seu vice-presidente Federico Franco, se juntou com o partido Colorado da oposição na moção do impeachment.
A eleição de Lugo em 2008 tinha terminou seis décadas de domínio do partido Colorado.
Na sexta-feira, seus apoiadores reuniram-se em torno do edifício legislativo na capital de Assunção e derrubaram cercas. A polícia foi obrigada a disparar gás lacrimogêneo contra eles, informou a AFP.
Lugo pediu a seus simpatizantes que mantivessem a calma. “Hoje, eu me aposento como presidente, mas não como cidadão paraguaio”, disse ele na sexta-feira após a votação. “Que o sangue dos justos não seja derramado.”
Brasil, Argentina e Uruguai não estavam satisfeitos com o impeachment e retiraram seus embaixadores do país.
Com Lugo saindo, o vice-presidente Federico Franco foi empossado na sexta-feira e começou a montar seu novo governo.