A presidente Dilma Rousseff e seu vice Michel Temer tiveram, nesta quarta-feira (20), o primeiro encontro oficial do ano desde a crise do impeachment no final de 2015. Dilma adiou duas vezes o encontro com o vice porque queria encontrá-lo após a denúncia feita contra o ex-ministro Geddel Vieira Lima, segundo matéria publicada pelo site G1.
De acordo com aliados de Michel Temer, a denúncia contra Geddel foi iniciada pelo ministro Jaques Wagner (da Casa Civil). Houve troca de mensagens entre Geddel e o ex-presidente da OAS, Aldemário “Léo” Pinheiro, conforme relatado pela Polícia Federal.
A presidente e o vice não se encontravam desde o dia 9 de dezembro. Na ocasião, Michel Temer afirmou que sua relação com Dilma passaria a ser, dali em diante, a mais “institucional” e “a mais fértil” possível. O objetivo do encontro desta quarta-feira foi demonstrar normalidade institucional na relação entre os dois. Mas o que ficou evidente foi o clima de constrangimento, pois não trataram de assuntos de interesse da agenda política dos dois: não conversaram sobre o impeachment, que tem preocupado Dilma; e não conversaram sobre quem assumirá o comando do PMDB, assunto de interesse de Temer.
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Dilma e Temer tiveram três encontros depois que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acatou o pedido de abertura do processo de impedimento da presidente, no começo de dezembro. Logo depois deste fato, eles tiveram uma curta reunião. Após a reunião, Temer mandou uma correspondência à presidente queixando-se de que no primeiro mandato, ele só havia desempenhado um papel de “vice decorativo”.
Após a carta do vice, ambos se encontraram novamente e afirmaram que manteriam uma relação profícua, fértil e institucional. Na semana passada, enquanto tomavam café com jornalistas, Dilma declarou que o governo tem “toda consideração” por Temer e que preza um relacionamento “fraterno e de proximidade” com o vice.
Mesmo assim, ficou muito claro que existe um distanciamento e uma desconfiança de ambas as partes que tem aumentado nos últimos meses, principalmente depois da carta desabafo de Temer. Na reunião de quarta-feira, os dois trataram apenas de temas em que ambos concordam. Eles conversaram sobre a crise financeira internacional cada vez mais grave, e sobre a necessidade de o governo dialogar com os empresários, sugestão feita por Temer. “Tenho conversado muito com os empresários e eles querem mais falar do que ouvir”, disse Temer para Dilma.