Seria inimaginável, por exemplo, que o ex-presidente da república portuguesa, Mário Soares, e/ou Jorge Sampaio, que eram ambos militantes do Partido Socialista antes da eleição, participassem em um congresso do Partido Socialista enquanto exerciam as funções de presidente da república. Faz parte da tradição política portuguesa que um presidente da república em exercício se abstenha de atividade partidária.
No Brasil parece que não é assim. A presidenta Dilma Rousseff participou e discursou no congresso do Partido Comunista do Brasil! Já seria mau que ela, na qualidade de presidente da república em exercício, participasse no congresso do seu próprio partido (o PT); mas pior ainda foi a presidente da república ter participado e intervindo em um congresso de um outro partido que parece não ser o seu.
O ativismo partidário de qualquer presidente da república é a subversão do Estado de Direito. Evidencia-se que a presidenta Dilma Rousseff foi eleita para minar qualquer possibilidade de sedimentação cultural da tradição democrática no Brasil.
Orlando Braga é um escritor português
Esse artigo foi originalmente publicado pela blog Perspectivas