Preocupações sobre tráfico de órgãos abordadas em visita de líder chinês à Europa

29/03/2014 09:45 Atualizado: 29/03/2014 09:45

Uma organização na Europa procurou colocar a extração forçada de órgãos na China no topo da agenda durante a atual viagem do líder chinês Xi Jinping à Europa.

Xi chegou à Europa em 22 de março. Ele se reuniu com o presidente americano Barack Obama em 24 de março e tem realizado reuniões com vários representantes europeus e governamentais, entre eles o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.

O Comitê Econômico e Social Europeu (CESE) disse que seu plano era “dar as boas-vindas” a Xi Jinping na Europa, quando realizaram um fórum em 19 de março, o qual anunciou que o fato de que o regime chinês usar órgãos “de prisioneiros de consciência, pessoas executadas e grupos de minorias, para serem vendidos na China ou fora do país, é uma vergonha para a humanidade e deve acabar imediatamente”.

Henri Malosse, o presidente do CESE, uma grande organização não-governamental que é um órgão consultivo da União Europeia, disse que seu objetivo era “sensibilizar o público para uma prática que consideramos inaceitável”, em entrevista por telefone ao Epoch Times.

Ele continuou: “Isso é algo que as pessoas podem pensar que aconteceu há 50 anos, mas está ocorrendo hoje, este comportamento desumano das autoridades chinesas.” Malosse trouxe o assunto à atenção do presidente do Conselho Europeu, Van Rompuy, e disse que espera que este aborde a questão com Xi Jinping durante o encontro.

O fórum do CESE foi coberto em russo, italiano, eslovaco e mídias de outras línguas da Europa. A missão chinesa na União Europeia também soube a respeito. “Eles estavam muito sérios e zangados por organizarmos esta conferência”, disse Malosse, ressaltando a importância da realização do fórum.

As preocupações mais agudas de diversos grupos sobre a extração forcada de órgãos na China se refere à execução de prisioneiros de consciência por seus órgãos. Neste cenário, os hospitais militares e centros de detenção cooperam para obter órgãos de pessoas vivas que não são culpados de qualquer crime reconhecido internacionalmente, e secretamente os matam para extrair seus órgãos para o lucro. Esta prática tem ocorrido na China desde 2000 numa base extralegal, e, apesar de certo grau de atenção internacional, considera-se que ainda continue na China hoje.

Praticantes do Falun Gong, uma prática espiritual tradicional, têm sido durante anos quase o único alvo dessas práticas. Um relatório seminal de 2006 de dois pesquisadores canadenses concluiu que cerca de 41.500 órgãos teriam sido transplantados de praticantes do Falun Gong secretamente executados. Pesquisadores subsequentes atualizaram essas estimativas em mais algumas dezenas de milhares de pessoas.

A preocupação global sobre as práticas de transplante de órgãos em curso na China foram destacadas recentemente quando Huang Jiefu, o chefe do Comitê de Doação e Transplante de Órgãos da China, órgão que visa coordenar a política de transplante de órgãos no país, inverteu a posição oficial de longa data sobre o uso de órgãos de prisioneiros.

Ele disse à mídia chinesa que “as agências judiciais e ministérios de saúde locais devem estabelecer laços, e permitir que prisioneiros no corredor da morte doem órgãos voluntariamente e sejam adicionados ao sistema de dados de alocação de órgãos”.

Os familiares que concordarem com a extração de órgãos de seus parentes condenados seriam compensados financeiramente, disse Huang. Este desenvolvimento foi uma inversão da posição oficial das autoridades chinesas desde 2006, que prometeram reformar e eventualmente eliminar o uso de órgãos de prisioneiros executados. O retrocesso inesperado levou grupos de transplante internacionais a reavaliarem seu nível de cooperação e apoio às supostas reformas que as autoridades chinesas têm prometido há tanto tempo.

Malosse, o presidente da ONG europeia, comentou sobre esta notícia recente que isso era um “desenvolvimento desumano e lamentável”. Ofertar dinheiro às famílias para consentirem é “chantagem”, disse ele. “Isso é o uso comercial de pessoas. Se eu morrer amanhã num acidente de carro e escolher por decisão própria doar meus órgãos para outra pessoa, acho que esta é uma ação muito boa para os outros. Mas obter órgãos de prisioneiros executados e comprar sua permissão com dinheiro é o cúmulo da desumanidade – a brutalidade do regime chinês.”