Recente aumento dos aluguéis nas grandes cidades da China afeta significativamente a economia dos cidadãos comuns
Jenna Qin (pseudônimo), uma professora chinesa em Shenzhen, teve de mudar de apartamento após um aumento de 300 yuanes (45 USD) no preço de seu aluguel. Um aumento de 20% em relação ao que pagava anteriormente.
“Eu tenho de mudar de departamento e imediatamente aumentar as taxas escolares de meus alunos. Mas é difícil porque todos nós atravessamos grandes dificuldades econômicas”, comenta ela.
“Isto está tendo um grande impacto. De repente, eu sinto que a pressão é grande. O administrador da casa já não é tão gentil comigo. Pressinto que as dificuldades serão ainda maiores no futuro”, disse ela em entrevistas por telefone e e-mail.
Já há alguns anos, especialmente desde o início de 2010, tem-se especulado sobre quando a bolha imobiliária estourará na China. Especialistas estão divididos sobre o quão grave será, quando, quais as probabilidades de ocorrência e as consequências do estouro da bolha.
Enquanto isto, “os antigos cem nomes” ou “laobaixing”, como os chineses chamam o povo, tem de continuar tocando a vida sob a pressão de um aumento crescente nos preços da habitação e do custo de vida.
Hu Ping, que trabalha em Shenzen na área de marketing, disse que seu aluguel havia subido recentemente cerca de 100 yuanes, de 300 para 400 yuanes por mês. “Isto tem obviamente uma grande influência na minha vida”, disse ele.
Em seu circulo pessoal, as pessoas ganham uma média de 2.000 yuanes por mês (305 USD). “Se o aluguel é de 400 yuanes e os alimentos entre 600 e 700, para o resto do mês me restam, supondo que não tenha nenhum outro gasto, 1.000 yuanes”, escreveu ele numa entrevista por Skype. Ele vive fora da cidade, mas no centro os aluguéis sobem a grande velocidade.
Porém, não são apenas os aluguéis que têm subido. “O preço dos legumes também têm aumentado muito”, disse ele. “Tudo está ficando mais caro.”
Os preços de aluguel de apartamento no ano passado cresceram quase 15% em Pequim, 10% em Shanghai e 20% em Guangzhou, de acordo com estatísticas atuais.
O Partido Comunista tentou cobrir os efeitos deste aumento de um modo típico dele: grandes projetos de construção de edifícios residenciais de baixo custo. Com um orçamento de 1,3 trilhões de yuanes (200 milhões USD), o regime planeja construir 10 milhões de unidades habitacionais em 2011.
Quanto à eficácia destes projetos sobre a classe de trabalhadores pobres, os resultados ainda não estão garantidos. Sempre que o partido investe grandes somas de dinheiro para grandes projetos imobiliários, na maioria das vezes, uma grande parte deste montante acaba se extraviando entre os funcionários do partido e os contratados, que tentam poupar de todas as formas para encher os próprios bolsos.
A inflação tem subido constantemente desde o início deste ano e em janeiro os preços ao consumidor subiram mais do que nos últimos seis anos. Analistas econômicos preveem para o futuro uma situação ainda pior.
O preço das matérias-primas, como o cobre e qualquer coisa necessária para a construção, aumentaram, em parte por causa da especulação, de acordo com Andrew McCann, analista de investimentos em Nova York.
Em resposta, o governo chinês está colocando controle sobre os preços e começou a distribuir subsídios. Dado que a China é uma economia administrativamente centralizada, é mais fácil para o regime controlar as empresas que tentam aumentar os preços. As autoridades pediram que os grandes varejistas como Carrefour, Wal-Mart Stores Inc., e outros, para não aumentarem os preços atuais para conter a inflação, afirma McCann.
Mas isso não pode ser uma estratégia em longo prazo. “Os controles de preços e subsídios não podem ser sustentados por muito tempo, porque eles causam desordem nos mecanismos de mercado”, disse McCann. “Se os preços de compra sobem, todos os demais também sobem. Se as empresas não estão autorizadas a aumentar os preços, então perderam dinheiro e isto só é aceitável para um período de tempo determinado.”
“As empresas na China têm conseguido manter os preços estáveis até seis ou oito meses. Mas chegará a um ponto em que os custos da inflação terão de ser passados ao consumidor, caso contrário não haverá benefício algum”, acrescentou McCann. E então o custo de vida na China subirá novamente para seus cidadãos.