Premiê chinês enganado por oficiais locais sobre vítimas do terremoto

11/09/2012 07:54 Atualizado: 11/09/2012 07:54
Uma mulher carrega o filho nas costas ao longo de uma rua em Yiliang após dois terremotos atingirem a região na fronteira das províncias de Yunnan e Guizhou, no sudoeste da China. (STR/AFP/Getty Images)

Durante uma visita a áreas na província de Yunnan danificadas por terremotos devastadores na última sexta-feira, o premiê chinês Wen Jiabao foi enganado pelas autoridades locais sobre a morte de três estudantes.

Os oficiais, segundo a mídia estatal Rádio Nacional da China, disseram a Wen Jiabao que os três estudantes foram mortos pela queda de rochas provocadas pelos dois terremotos. Na verdade, os estudantes morreram quando sua escola desabou durante o tremor, segundo um professor local.

Wen Jiabao voou para Yibin, na província de Sichuan, imediatamente após os terremotos acontecerem, depois de tomar um trem para Yunnan, no condado de Yiliang, que foi mais seriamente atingida pelo desastre e, finalmente, chegou à cidade de Luozehe.

Quando ele visitou o condado, as autoridades locais disseram a Wen Jiabao que a queda de rochas matou os estudantes, informou a rádio estatal. Outro funcionário que mostrou os danos a Wen Jiabao, Wang Jianying, o vice-diretor do Departamento de Educação da província de Yunnan, também disse que nenhuma escola desabou, mas apenas sofreram leves danos, relatou a rádio estatal e o Shandong Business Daily.

Mas Zhu Yinquan, o único professor na Escola Elementar Yunluo do condado de Yilian, a escola que aparentemente desabou, disse à imprensa chinesa que sete crianças almoçavam em sua sala de aula quando o terremoto ocorreu. Suas declarações apareceram numa reportagem no portal de notícias chinês Sina, mas o artigo original foi excluído e não ficou claro com que mídia Zhu Yinquan falou.

Após o terremoto, Zhu correu de volta para a sala de aula e resgatou sete crianças do prédio que desabou, mas outros três estudantes estavam desaparecidos e mais tarde morreram.

Os terremotos, que afetaram principalmente as regiões pobres e rudes das províncias de Yunnan e Guizhou, mataram pelo menos 81 pessoas, feriram cerca de 800 e resultaram na evacuação de dezenas de milhares de pessoas, relatou a mídia estatal Xinhua. A perda econômica foi estimada em 3,7 bilhões de yuanes (583 milhões de dólares) em prejuízos.

Funcionários do condado de Yiliang disseram que cerca de 517 escolas foram danificadas em todo o condado e que três estudantes morreram quando uma escola aparentemente mal construída com telhado de telhas desabou. Todas as escolas do condado foram fechadas após os terremotos.

O Serviço Geológico dos EUA disse que os dois terremotos, que foram de magnitude 5,6 na escala Richter, ocorreram num intervalo de uma hora na sexta-feira.

Imediatamente após os tremores, as autoridades locais disseram que construções e infraestruturas de má qualidade e deficientes em toda a província de Yunnan, uma área pobre dominada pelo grupo étnico Yi, não ficaram bem diante dos terremotos.

“Muitos dos edifícios lá são construídos com tijolos e vigas e não suportam muita carga”, disse Huang Fugang, o chefe sismológico de Yunnan. “Basicamente, essas estruturas não são à prova de terremotos.”

O Sr. Li, um professor da Escola Secundária Maoping de Yiling, disse à NTDTV que “simplesmente todas as paredes das salas de aula racharam”.

“Há ainda cerca de 200 alunos que vivem no campo. Estamos dando-lhes refeições, mas a água corrente foi cortada. Temos de preparar nossa própria água. Há o suficiente para limpar e cozinhar, mas não há água potável”, continuou ele.

O Sr. Chen, um professor da Escola Primária Central Luojiexiang, disse à emissora que dois estudantes foram feridos, que “nenhum edifício desmoronou”, mas que grande quantidade de danos afetou a escola, descrevendo-a como “perigosa” para entrar. “Precisamos de especialistas para avaliar se as classes podem continuar”, acrescentou ele.