Socialistas sempre condenaram a ganância dos empresários pela alta dos preços. Pura estupidez econômica, ou então inveja disfarçada de luta pela “justiça social”. No Brasil, já tivemos até fiscais do governo controlando o preço nos supermercados, como se a inflação fosse obra da ganância dos comerciantes. Ainda tem gente que “pensa” assim.
É o caso de Nicolás Maduro, o tirano socialista da Venezuela. Vários empresários foram presos pelo “crime” de não reduzir os preços ao patamar considerado “justo” pelo próprio governo. É um combate contra a “especulação”, a ganância, o lucro “desmedido”. Balela, claro. É uma medida de força, típica de ditaduras, cujo resultado é sempre o mesmo: mais escassez nas prateleiras e o florescimento de um mercado negro.
É lamentável o que se passa na Venezuela. Mas não é inesperado. Ao contrário: esse é o efeito inexorável do socialismo, que leva sempre ao aumento da miséria e da escravidão. Quando se aceita a premissa absurda de que os preços não são “justos” porque os empresários são gananciosos, e que cabe ao governo controlar isso para proteger o povo, o único ponto de chegada é este. Não há alternativa.
Curiosamente, a ideia de que existe um preço “justo” e que o governo pode não só defini-lo, como obrigar as empresas a cumpri-lo, ainda é bastante persistente. Não só para a alta de preços, mas para a redução também! É quando o governo acusa de “dumping” aqueles que praticam preços menores.
Na época do “New Deal”, o período americano mais sombrio, quando Roosevelt flertou com o intervencionismo típico dos regimes socialistas e fascistas, pequenos comerciantes chegaram a ser presos… por baixar os preços! Era considerado ilegal, pois ameaçava outros comerciantes em época de depressão.
Há uma piada conhecida no meio econômico que mostra o risco desse conceito arbitrário de “preço justo”. Três empresários foram presos. Na prisão, conversavam sobre os motivos de estarem ali. Um deles disse que fora preso acusado de praticar “dumping”, ou seja, colocar os preços abaixo do mercado. O outro disse que fora acusado de monopólio, ou seja, colocar preços acima do mercado.
O terceiro, enfim, sorriu e disse que tinha sido preso acusado de cartel, por ter praticado preços iguais ao do mercado. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Sendo o “preço justo” algo que ninguém tem como definir a priori, uma vez que depende das leis de oferta e procura, sendo que a demanda é sempre subjetiva, delegar ao governo o poder de impor algo desse tipo é um convite ao abuso ditatorial. Os empresários se tornam reféns dos caprichos do governante.
Não é a ganância dos empresários que faz os preços subirem. Ao contrário: a ganância dos empresários, em um ambiente de livre concorrência, faz com que tenham de reduzir preços para ganhar mercado. Basta observar a tendência dos preços do setor de tecnologia, o mais competitivo que existe. A Dell virou um gigante da informática com tal postura, assim como muitas outras empresas.
O preço justo é aquele que permite o encontro entre a oferta e a demanda. Qualquer outro preço será arbitrário. Cada um tem o seu em mente. Para mim, o preço “justo” de uma Ferrari seria R$ 10 mil, pois aí eu poderia ter um “brinquedo” desses na garagem. Mas somente um completo imbecil diria que não é justo o carrão esportivo custar tão mais caro que isso, tirando meu “direito” ou minha “liberdade” de comprá-lo. Eu tenho direito e liberdade, só não tenho os recursos…
A confusão entre liberdade e poder é uma das mais comuns no meio socialista. Pensam que, por alguém não ter condições de adquirir algo no mercado, essa pessoa não é livre. Besteira. Liberdade é um conceito ligado ao uso de coerção.
Se ninguém nos impede, à força, de fazer algo, então somos livres, ainda que não tenhamos o poder de fazê-lo. Sou livre para ficar o dia todo na praia, pois ninguém me impede de fazer isso com o uso de ameaça ou coerção. Mas depois não adianta reclamar do resultado disso, quando eu não tiver capacidade nem de comprar minha comida…
O que a Venezuela mostra são os efeitos práticos dessa mentalidade socialista, uma vez mais. Tem gente que nunca aprende. Insistir na defesa do socialismo, em pleno século 21, só pode ser fruto de uma das duas opções: completa ignorância econômica; ou inveja mesquinha que leva ao desejo de destruir os mais ricos, em vez de ajudar os mais pobres.
Esta matéria foi originalmente publicada pelo Blog do Rodrigo Constantino