O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu licença ambiental à Repsol Sinopec Brasil SA, uma das maiores companhias energéticas da América Latina, para explorar o Bloco BM-C-33, na camada pré-sal da Bacia de Campos, informou o instituto por meio de sua assessoria na sexta-feira (8).
A licença possui validade até 30 de novembro de 2017 e é condicionada ao cumprimento das condicionantes acordadas e à apresentação de relatório ambiental em até 60 dias após a perfuração marítima. Entre as condicionantes está a proibição de queimar resíduos a céu aberto e perfurar bancos de corais ou algas.
Com 35%, a Repsol Sinopec Brasil é a operadora do consórcio, compartilhado com a norueguesa Statoil (35%) e Petrobras (30%).
O grupo, que explora 16 blocos das áreas de maior potencial do pré-sal brasileiro, também cogitava compor o consórcio único que arrematou o leilão do recém-descoberto Campo de Libra, composto pela Petrobras, a anglo-holandesa Shell, a francesa Total e as chinesas CNPC e CNOOC, segundo a Reuters, mas desistiu.
Bloco BM-C-33
O Bloco BM-C-33 possui até o momento três poços: Pão de Açúcar, Seat e Gávea, e uma estimativa de volumes recuperáveis acima de 700 milhões de barris de óleo de boa qualidade e 3 trilhões de pés cúbicos de gás. O Pão de Açúcar foi descoberto pela Repsol Sinopec em abril do ano passado.
O BM-C-33 fica a 195 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, na altura do município de Cabo Frio (RJ), ao sul da Bacia de Campos. Faz fronteira com a Bacia de Santos (15 mil km quadrados), onde foi descoberto o Campo de Libra, considerado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) a maior área de exploração de petróleo do mundo.
No entanto, com aproximadamente 100 mil km quadrados, a Bacia de Campos, onde está localizado o bloco, ainda é a maior província petrolífera do país abrigando as maiores reservas comprovadas e respondendo por 80% da produção nacional. Vai da costa norte fluminense até o sul do estado do Espírito Santo.
Exploração do pré-sal
A camada pré-sal brasileira como um todo, incluídas as bacias de Campos e Santos, possui 149 mil quilômetros quadrados, equivalentes a três vezes a área do estado do Rio de Janeiro. Sua extensão vai do sul do Espírito Santo até o norte de Santa Catarina, passando por Rio, São Paulo e Paraná.
A produção no pré-sal já acumulou 250 milhões de barris de petróleo e gás desde 2008, quando começou a ser explorada a camada da Bacia de Campos. A produção atual (329 mil barris por dia em setembro de 2013) já está oito vezes maior que a média registrada em 2010 (42 mil por dia).
A Petrobras sustenta que, com a descoberta do pré-sal, as reservas comprovadas podem mais do que dobrar nos próximos anos e tornar o Brasil o quarto maior produtor de petróleo do mundo em 2030.
Repsol Sinopec
O consórcio hispânico-chinês Repsol Sinopec Brasil surgiu em 2010 da união da espanhola Repsol Brasil (60%), 15ª maior petroleira no ranking mundial, com a Sinopec Corp. (Companhia Petroquímica da China), que detém 40% do capital após fazer um aporte de US$ 7,1 bilhões.
A empresa sino-espanhola começou a produzir no megacampo de Sapinhoá, no pré-sal da Bacia de Santos, em janeiro deste ano, onde lidera, juntamente com a Petrobras e a inglesa BG Group, as atividades de exploração. A companhia foi uma das primeiras estrangeiras a investir em refino no Brasil após a abertura do setor (Refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro) e na importação de gás, da Bolívia e Argentina para as termelétricas de Uruguaiana e Cuiabá.
Avanço chinês
A Sinopec está presente no país desde 2004, seis anos antes de associar-se à Repsol seguindo estreitamento comercial entre China e Espanha. Também conhecida como China Petroleum & Chemical Corporation, é a segunda maior petroleira da China e figura em 10º lugar entre as companhias energéticas no ranking Top 250 da Platts. Especializada em petroquímica e refino de petróleo e gás, compete com a CNOCC – terceira chinesa, especializada em exploração em alto-mar – e com a Petrochina – especializada em offshore, número um da China e principal rival interna – em aquisições na Ásia, Europa e África.
O trio de estatais chinesas também vêm expandido seu domínio na América Latina. CNPC e CNOOC abocanharam juntas, em outubro deste ano, 20% da maior área da camada pré-sal brasileira, o Campo de Libra. Elas compõem o consórcio que venceu sem concorrência oferecendo o percentual mínimo da produção à União (41,65%). A CNPC possui 86% das ações da Petrochina e ainda não operava no Brasil.
Em 2005, a Sinopec e a Petrochina já haviam formado consórcio para adquirir ativos de uma petroleira do Equador, a Encana. A Sinopec já teria também ensaiado com a CNOOC, em 2010, uma oferta por uma parte da brasileira OGX, do ex-bilionário Eike Batista.