Práticas de contratação na China podem assombrar bancos de investimento

23/09/2013 13:59 Atualizado: 23/09/2013 13:59
O JPMorganChase é apenas um dos bancos de Wall Street que emprega parentes de oficiais do PCC para conseguir negócios na China (Emmanual Dunand/AFP/Getty Images)
O JPMorganChase é apenas um dos bancos de Wall Street que emprega parentes de oficiais do PCC para conseguir negócios na China (Emmanual Dunand/AFP/Getty Images)

Empresas e bancos de Wall Street têm apreciado fazer ofertas públicas iniciais (IPOs) e outros investimentos na China pelas últimas duas décadas. Eles também investiram participações significativas no capital dos quatro grandes bancos estatais chineses. Isso gerou retornos significativos em seus investimentos, mas os bons dias chegaram ao fim e problemas os esperam adiante.

Na China, os negócios não podem ser separados da política, especialmente no que diz respeito às empresas estatais. Há alguns aspectos a considerar quando se pensa em IPOs lucrativos. Normalmente, o trabalho de subscrição vai para o banco, o que tranquiliza melhor a gestão da empresa que se torna pública. Além disso, as empresas chinesas valorizam a reputação, portanto, um IPO com uma prestigiada e engomada firma de Wall Street é desejável.

Bancos de Wall Street não podem legalmente incentivar chineses com dinheiro devido à Lei de Práticas Corruptas no Estrangeiro, assim, eles encontraram outra forma de garantir um fluxo constante de negócios. Eles contratam os filhos, filhas e parentes próximos de oficiais seniores do Partido Comunista Chinês e de funcionários do governo da China para suas equipes de negócio. Esta estratégia tem operado por um longo tempo. Estas práticas de contratação não são ilegais, mas o perigo é real e os danos potenciais em longo prazo para a marca dos bancos de investimento dos EUA não podem ser ignorados.

O problema, que espreita adiante, tem uma forte correlação com o cenário político na China. O atual líder chinês Xi Jinping tem consolidado seu poder com o apoio das elites dominantes. Ele percebe plenamente que o Partido Comunista Chinês (PCC) corre o risco de perder o poder devido à corrupção e ao abuso de poder generalizados. Sua prioridade n.º 1 é prolongar a vida útil do PCC utilizando qualquer meio.

Os investimentos estrangeiros na China já atingiram o pico e seu setor privado nacional é fraco, devido às desvantagens competitivas nos mercados de crédito e aos funcionários dos governos locais. A única maneira de gerar um crescimento econômico significativo é ter mais uma rodada de investimento de infraestrutura, o que não é mais eficaz, pois isso simplesmente resultaria em mais cidades fantasmas, vilas desocupadas e prédios vazios.

Xi Jinping deve mostrar que pode efetivamente combater a corrupção para aliviar a raiva da população chinesa e ele está pronto para fazer isso. Xi Jinping pode remover uma grande porção dos oficiais corruptos da administração anterior e substituí-los por seus partidários. É aqui que as empresas de Wall Street serão afetadas.

A razão é a seguinte. Negócios lucrativos foram dados a uma empresa de Wall Street porque o parente de um oficial de alto escalão do PCC estava na equipe de negócio. A gestão da empresa envolvida no acordo deu o negócio ao banco com conexão no PCC. Por outro lado, eles esperavam retorno na forma de promoção do oficial sênior do PCC. Muitos receberam tais promoções sem mérito.

Hoje, com Xi Jinping no poder, esses ex-oficiais de alto escalão do PCC podem estar em atrito com o regime atual. A promoção de executivos em empresa por causa de um determinado acordo constitui corrupção. É nesse ponto que todos os envolvidos no acordo podem estar em apuros.

A fim de promover a economia doméstica da China e punir as empresas estrangeiras, o governo chinês poderia cobrar acusações de corrupção em bancos de investimento de Wall Street por se engajarem nessas práticas. Isso seria difícil de defender, porque a mídia já divulgou amplamente estes casos.

Quase todos os megabancos usaram essas táticas em sua estratégia na China nas últimas duas décadas. Isso também reflete a cultura de muitas empresas dos EUA de se concentrarem em lucros em curto prazo. O resultado desta falta de visão no setor bancário: a maioria dos bancos perdeu a oportunidade de realmente se destacar.