Práticas bancárias na China ameaçam a economia e os consumidores, dizem especialistas

07/04/2013 17:52 Atualizado: 07/04/2013 18:10
A filial de Pequim do Banco Minsheng da China em 20 de fevereiro de 2004 (STR/AFP/Getty Images)

Práticas de empréstimos de risco incham os balanços e geram enormes lucros no papel, mas os bancos estatais chineses estão perdendo credibilidade nos mercados, devido a preocupações com a enorme bolha imobiliária, inflação e lento crescimento econômico.

Quando a Comissão Reguladora dos Bancos do Partido Comunista Chinês (PCC) anunciou no final de fevereiro que o total de ativos de todo capital social dos bancos comerciais na China era de 23,9 trilhões de yuanes, os investidores responderam com desconfiança.

Em 28 de março, as ações bancárias despencaram no mercado de títulos da China, atingindo um novo mínimo pelos últimos três meses. As ações de nove bancos caíram mais de 6%, sendo o Banco Industrial o mais afetado. O Banco Minsheng divulgou seu relatório anual pouco depois, alegando que seus ativos ultrapassavam os 3 trilhões de yuanes e que o lucro líquido de 2012 tinha aumentado 34,5% para 37,5 bilhões de yuanes.

Os riscos ocultos escondidos por trás do relatório Minsheng são dignos de preocupação, já que investidores buscam saúde financeira em longo prazo ao invés de números inflados. Com a atual rápida expansão de empresas, o peso total dos ativos de risco (dívidas ruins e empréstimos inadimplentes) também aumentará, colocando o capital patrimonial dos bancos em risco. O índice do capital de risco do Banco Minsheng, que avalia a solidez financeira de um banco, foi de 8,13%, o que é inferior à exigência regulamentar de 8,5%. Dos bancos que publicaram seus relatórios anuais, o índice de risco do Minsheng ficou em último.

Expansão do crédito

Analistas dizem que o rápido aumento dos ativos dos bancos chineses foi causado pela contínua expansão do crédito, o que criou uma enorme bolha imobiliária, inflação e uma carga crescente de dívidas ruins. Este é um grande perigo escondido no crescimento econômico da China. O Dr. Frank Tian Xie, professor de negócios da Universidade da Carolina do Sul–Aiken, concordou com a avaliação numa entrevista com o Epoch Times, acrescentando que a grande margem de lucro dos bancos estatais chineses é resultado do monopólio estatal. Ele acredita que a crescente bolha imobiliária e a inflação na China estão projetando uma sombra na perspectiva de um crescimento econômico saudável.

Estudos realizados por Sebastien Barbe, chefe de Pesquisa de Mercados Emergentes e Estratégia do Banco de Crédito Agrícola da França, têm mostrado que o estímulo econômico da China reflete-se principalmente no crédito bancário e é muito poderoso, mas também muito perigoso. Ele conclui que, após o grande aumento dos ativos de crédito nos últimos dois a três anos, a dívida ruim dos bancos aumentará rapidamente. Nos próximos anos, esse fenômeno se tornará uma grande ameaça para o desenvolvimento econômico da China, diz ele.

Cidadãos como “vacas-leiteiras”

Os bancos estatais chineses cobram altas taxas de juros sobre empréstimos e pagam taxas de juros baixas sobre os depósitos, gerando lucros abundantes. O gerente de uma agência do Banco de Construção da China disse ao Epoch Times, “Os bancos tratam os depósitos das pessoas como uma ‘vaca-leiteira’. Eles estão desesperados para saquear o dinheiro suado do povo. Os bancos também inventam uma variedade de ‘taxas de serviço’, uma exploração disfarçada do público.”

A publicação financeira inglesa The Banker divulgou seu ranking anual, que mostra que os lucros dos bancos chineses respondem por quase um terço de todos os lucros bancários globais. O Banco Industrial e Comercial da China (BICC) liderava os bancos chineses que ocuparam os três primeiros lugares. Entre eles, o BICC, o Banco de Construção da China e o Banco da China tiveram lucros pré-impostos de 43,2 bilhões, 34,8 bilhões e 26,8 bilhões de dólares, respectivamente.

A diferença nas taxas de depósitos e de empréstimos na China é o mais alta do mundo, chegando a 5-10% em alguns casos, enquanto a média diferencial em bancos estrangeiros gira em torno de 0,2-0,5%. Os bancos chineses obtêm dinheiro barato dos depositantes (pagando um juro básico de 3%) e elevando as taxas de empréstimos a mutuários (cobrando uma taxa básica de juros de 6%), o que cria um enorme diferencial na taxa de juros.

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