Praticantes do Falun Dafa relatam detenção ilegal na Sérvia

22/12/2014 12:00 Atualizado: 21/12/2014 10:35

“O que aconteceu na Sérvia é um sinal para o mundo sobre a forma como a China tenta estender sua política de opressão em países estrangeiros. Todos nós temos várias profissões e somos de diferentes estratos sociais. Nós temos uma coisa em comum – somos praticantes do Falun Dafa. E só por causa disso, que fomos detidos na Sérvia”, disse Sergey Ponomarev, um jornalista russo que vive na Bulgária, numa conferência de imprensa em Sofia, Bulgária, em 18 de dezembro de 2014.

O sr. Ponomarev foi um dos onze praticantes que visitaram Belgrado, Sérvia, para aumentar a conscientização sobre a perseguição ao Falun Gong (também conhecido como Falun Dafa) na China durante a visita do primeiro-ministro chinês Li Keqiang no encontro entre os países do Centro e Leste Europeu com a China (Europa Central e Oriental) em 16 e 17 de dezembro.

Todos os onze praticantes foram interceptados e retirados de Belgrado em 15 de dezembro. Na noite de 17 de dezembro, eles foram deportados para seus países de origem na Bulgária, Eslováquia e Finlândia.

No centro de detenção a mais de dez quilômetros de distância de Belgrado, os onze praticantes foram convidados a assinarem uma declaração admitindo que tinham ido à Sérvia para participar de protestos ilegais; todos eles se recusaram a assinar.

Os praticantes afirmaram que a China comunista pode não estar tão distante como muitas pessoas pensam. A supressão dos valores universais pelo Partido Comunista Chinês afeta a todos e causa danos além das fronteiras da China.

Uma provação estressante

“Estressante” era um termo comum entre os praticantes que relataram as suas experiências.

Os praticantes búlgaros sabiam que os praticantes da Sérvia não obtiveram uma autorização para o protesto planejado originalmente. “Nossa ideia era reunir os praticantes sérvios e dar um passeio com as camisetas amarelas do Falun Dafa durante o encontro em Belgrado. Tudo o que pretendíamos fazer era permitido pela lei”, disse Victoria Germanova, uma cidadã búlgara.

De acordo com Dejan Markovic, uma pessoa de contato para os praticantes do Falun Gong na Sérvia, eles solicitaram uma autorização oficial das autoridades locais para realizar atividades pacíficas de 15 a 18 de dezembro de 2014, mas as autoridades negaram o pedido sem indicar razões legítimas, isto é, exigidas por lei.

No momento em que os nove praticantes, incluindo sete cidadãos búlgaros e dois russos que vivem na Bulgária, chegaram na sua pousada na noite de 14 de dezembro, a polícia sérvia apareceu e tirou suas identidades, documentos e telefones celulares.

No momento em que eles foram levados para um centro de detenção para imigrantes ilegais, todos os seus pertences pessoais foram levados, incluindo dinheiro, cartões de crédito e tudo mais.

Seus pedidos para chamar a embaixada búlgara foram repetidamente recusados e atrasados. Foi-lhes prometido um telefonema ao chegar à delegacia, mas ao chegar no centro de detenção, não foi cumprido. Eles finalmente se reuniram com o cônsul búlgaro na terça-feira à tarde, dois dias depois da prisão na noite de domingo.

O cônsul não conhecia a acusação, que foi comunicada aos praticantes como “ameaça à segurança nacional da Sérvia e da ordem pública”, um rótulo de crime semelhante ao que o Partido Comunista Chinês usa para perseguir os praticantes do Falun Gong na China: “sabotar o cumprimento da lei”.

Apoio na União Europeia

A detenção e deportação dos praticantes chamou a atenção da Associação da Comissão do Parlamento e Estabilização da UE-Sérvia, uma organização da União Europeia (UE). Eduard Kukan, Membro do Parlamento Europeu e presidente da Associação, disse:

“Considerando que a Sérvia é um país candidato à UE, estamos alarmados com os passos que as autoridades sérvias tomaram neste caso e pedimos para a libertação dos ativistas de direitos humanos, bem como uma explicação clara da situação.”

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Bulgária também afirmou que o direito à liberdade de reunião e de demonstrações livres é um direito irreversível dos cidadãos da UE, em resposta a perguntas da imprensa a respeito da detenção dos praticantes búlgaros na Sérvia.

A Anistia Internacional (AI) e outras organizações de direitos humanos, tais como Yukom na Sérvia também fizeram declarações. AI declarou: “A Anistia Internacional está preocupada que as autoridades sérvias estejam agindo ilegalmente e exorta-os a por um fim imediato a qualquer detenção baseada unicamente na vontade das pessoas para exercerem o seu direito de reunião pacífica.”

‘Uma versão extremamente suave’ do que acontece na China

A praticante búlgara Lilia Kostova disse na conferência de imprensa: “Nós lemos muito sobre a perseguição sistemática aos praticantes do Falun Gong na China. E o que ocorreu aqui foi uma versão extremamente suave do que temos lido a respeito.”

Martin Angelov, outro praticante búlgaro, acrescentou: “Quando realizamos eventos para informar às pessoas sobre a extração forçada de órgãos e recolher assinaturas contra ela para a organização internacional DAFOH (Médicos Contra a Extração Forçada de Órgãos), muitas vezes as pessoas dizem: ‘Oh, sim, mas a China é muito distante – na outra extremidade do mundo. Por que devemos nos preocupar?’ Mas agora percebi que a China não está tão distante. Neste caso específico, eu posso ver a repressão encontrando seu caminho até mesmo na Europa. Isso, para mim, foi muito chocante.”