Nas últimas décadas, o governo chinês adotou um tipo de convênio com diversas empresas de construção civil para modernizar a rede rodoviária chinesa, concedendo empréstimos para a construção das vias e permitindo que essas empresas instalem postos de pedágio para repassar parte dos ganhos ao governo, quitando a dívida aos poucos. Essa política fez com que os investidores, além de abusar na quantidade dos postos, passassem a cobrar taxas abusivas aos motoristas, tornando a atividade extremamente lucrativa e “picotando” as estradas chinesas.
Os postos de pedágio se concentram em rodovias interestaduais de grande movimento e em pontos turísticos; conforme se vê na imagem no Leste do país, onde estão concentrados os maiores centros urbanos e a maior parte da população que possui automóvel. Há uma enorme aglomeração de postos de pedágio, literalmente “cobrindo” o mapa.
As regiões do Leste não cobertas por pedágios são na maioria montanhas ou grandes plantações. Já no Oeste, a situação é bem menos dramática: No noroeste há alguns pedágios situados em vias de conexão entre cidades importantes, porém em concentração muito menor do que no Leste; do centro-oeste ao sudeste praticamente não há pedágios, devido à baixa renda dos residentes dessas regiões, cujos meios de transporte predominantes são trens, para viagens longas, e bicicleta, para deslocamento local.
Além das altas taxas cortando a rede rodoviária chinesa, os motoristas reclamam da falta de eficiência do “serviço”, que constantemente se mostra vulnerável a quedas de energia, causando grandes congestionamentos, visto que parcela considerável dos postos possui sistema de pagamento automatizado. Além disso, em feriados prolongados, os pedágios inventam pretextos para aumentar a taxa cobrada, complicando ainda mais a rotina de motoristas que fazem longas jornadas e transportam carga.
Estima-se que, com a política governamental, o investimento em construção de rodovias se tornou uma atividade duas vezes mais rentável que investir no mercado imobiliário. Citando um exemplo, a via de trânsito rápido S-12, um trecho de 19 km que liga o aeroporto internacional de Pequim à cidade capital, operacional desde 1993, já arrecadou mais de 5 bilhões de yuanes em pedágio em 20 anos. Até 2025, estima-se que a arrecadação total ultrapassará 9 bilhões de yuanes, sendo que o investimento inicial para a construção do trecho foi de 1 bilhão e 165 milhões de yuanes.