Em menos de 2 dias, notícia rendeu mais de 160 mil comentários
Na noite do dia 26, uma internauta de 20 anos da cidade de Qinghe postou uma mensagem em seu perfil de rede social que acabou resultando em sua prisão. A moça havia indagado acerca de um caso de homicídio num vilarejo próximo e postou a seguinte pergunta: “Fiquei sabendo que ocorreu um homicídio na aldeia Lou; alguém sabe a verdade sobre esse caso?” A mensagem foi clicada mais de mil vezes em menos de um dia e, no dia 28, a polícia emitiu um mandato de prisão e enquadrou a jovem.
Em boletim oficial, o delegado Hou Xingjun, do departamento de polícia de Qinghe, declarou que a mensagem postada constituía “uma grave perturbação da ordem social, um ato que representa grave ameaça à segurança pública e provoca terror na população com boatos irresponsáveis”. O delegado ainda confirmou o uso do “mecanismo de controle de boatos virtuais”, possibilitando a rápida identificação da “criminosa”; além disso, o policial demonstrou “decepção” em não ter excluído a mensagem antes que se disseminasse.
O site de uma imprensa estatal local divulgou a notícia enaltecendo o episódio em favor dos policiais, exaltando-os como “heróis”. Porém, a população reagiu com força, comentando mais de 160 mil vezes em menos de dois dias no final da própria notícia. A maioria dos comentários criticava o desrespeito à privacidade e à liberdade de expressão; alguns apontaram diretamente a mídia chinesa – centralizada e censurada segundo o consenso do governo – como a maior fonte de “boatos” do país.
Outras opiniões associaram os reforços do “policiamento virtual” com as recentes intrigas em torno das forças políticas do Partido Comunista Chinês, dividido entre a facção leal ao atual líder chinês Xi Jinping e a facção do ex-líder Jiang Zemin, sendo que dois dos principais asseclas de Jiang Zemin – o político desgraçado Bo Xilai (que foi julgado recentemente no tribunal regional de Jinan e agora aguarda sua sentença) e o ex-chefe da segurança pública Zhou Yongkang – estão sendo alvos diretos de investigação por esquemas de corrupção e abuso da autoridade.