Por que os trabalhadores não precisam temer a evolução tecnológica

02/01/2016 20:49 Atualizado: 02/01/2016 20:49

Dentro da economia ninguém a aprecia, mas todos acabam tendo que conviver com ela: a incerteza. Ela faz com que as decisões se tornem difícieis nos negócios e causa estragos em modelos econômicos. É por isso que a economia ortodoxa, muitas vezes, a ignora e assume ter certeza absoluta sobre o planejamento econômico.

Na vida real, tal suposição não funciona, sendo esta, em parte, a razão pela qual a economia é notoriamente ruim em prever crises financeiras.

Mas não é assim para Horace “Woody” Brock. Um economista matemático de formação, que abraçou a economia da incerteza e fundou a sua consultoria Strategic Economic Decisions  (Decisões Econômicas Estratégicas), após realizar uma extensa pesquisa na Universidade de Stanford.

Horace "Woody" Brock, presidente de decisões econômicas e estratégicas, em sua casa no Upper East Side, em Manhattan, Nova York, em 02 de novembro de 2015. (Benjamin Chasteen / Epoch Times)
Horace “Woody” Brock, presidente de decisões econômicas e estratégicas, em sua casa no Upper East Side, em Manhattan, Nova York, em 02 de novembro de 2015. (Benjamin Chasteen / Epoch Times)

 

Seu mais recente livro é intitulado “American Gridlock“, onde propõe soluções de bom senso para crises econômicas.

O Epoch Times entrevistou Woody Brock levantando várias questões, tais como:  o porquê dos gastos com infraestrutura serem o estopim mágico para reacenderem o crescimento nos Estados Unidos e porque a China tem exagerado nisso; porque os trabalhadores não precisam temer a concorrência de robôs; como o padrão de vida das pessoa pessoas comuns está aumentando, apesar do aumento  da desigualdade de renda; e como a China precisa mudar completamente seu modelo econômico para alcançar a próxima fase.

Leia também:
O que o governo chinês fala sobre sua economia está longe da verdade
Banco Popular da China maquia dados econômicos, segundo analistas

Epoch Times: Os trabalhadores dos EUA temem que as máquinas um dia assumam seus postos de trabalho. Você tem investigado muito sobre o tema e disse que isso não é verdade.

Woody Brock: Você sabe, 83% dos empregos americanos foram perdidos entre 1900 e 2000.

Agricultores, operários de fábricas, e, mais importante ainda, empregados domésticos, praticamente não existem mais. Minha mãe acabou tendo que ir cozinhar seu próprio jantar, fato que não a deixou nada contente.

Mas a taxa de desemprego não subiu apesar de termos perdido 83% dos nossos empregos, porque novos tipos de trabalho apareceram. As atividades mudaram, os preços mudaram. Mas a teoria do equilíbrio geral é que, em termos aproximados, em uma economia competitiva sem fixação de salários mínimo pelo governo, uma economia certinha, a situação econômica se equilibra. Isso funciona inclusive no mercado de trabalho, onde ronda o fantasma do desemprego.

Os preços se definem de acordo com a oferta e a demanda; não há excesso de moeda, não há excesso de trabalhadores. Ao longo desses 100 anos, quando perdemos nossos empregos, a taxa de desemprego passou de 6 para 4%. E a semana de trabalho, que John Maynard Keynes previu, reduzida em função do tempo de lazer, acabou aumentando duas horas. Isto é o que a teoria do equilíbrio geral prevê.

O que os robôs fazem para a economia? Aqui está o principal ponto: os robôs fazem apenas uma coisa – eles mudam as funções de abastecimento do mercado. Ou seja, você investe em uma nova máquina que permite que você, um médico, opere em dois transplantes de rins de uma só vez.

Matematicamente e conceitualmente, com o mesmo salário, você pode fazer o dobro do que fazia antes. Isso é uma mudança drástica na curva de oferta, onde as máquinas complementam as habilidades humanas.

Quando as máquinas substituem uma função, a inovação chega, como é o caso da máquina de escrever, que hoje é um processador de texto muito mais eficiente. Portanto, atualmente um datilógrafo não poderia ganhar a vida porque ele já não pode competir com o mercado.

Logo, em princípio, a teoria é a seguinte: não importa o que você faça com as funções de abastecimento, seja movendo-as para fora ou para trás da curva, desde que a curva da oferta suba e a da demanda caia, você terá preços de um mercado equilibrado, incluindo o mercado de trabalho.

Epoch Times: Você apenas tem que deixar o mercado fazer o seu trabalho?

Woody Brock: Se você não estragar tudo, protegendo os trabalhadores mais velhos, impedindo datilógrafos de serem demitidos, e exigindo salários mínimos de US $ 1.000 (R$ 3959.70) por minuto, a mão invisível irá funcionar.

As pessoas serão prejudicadas se a taxa de substituição tecnológica for rápida, mas o governo deve pagar por isso.

As pessoas esperam que você ajude o trabalhador, e não os magoe abrindo um Mc Donald’s que não paga altos salários. Esperam que você pague bons salários. E isso viola o equilíbrio geral.

Epoch Times: E sobre os salários, eles não vão baixar?

Woody Brock: O equilíbrio geral apenas diz que você terá equilíbrio no mercado. Logo, fica a pergunta:  quais será o salário e quais serão os novos postos de trabalho? Esta questão foi resolvida somente por David Autor, MIT, e eu.

Assim, os salários irão subir, mas para os trabalhos obsoletos eles irão diminuir. Para trabalhos manuais e muitos trabalhos diferentes ele permanecerá o mesmo, na realidade. Em outras palavras, a vida vai continuar indo bem.

Independentemente dos salários, os padrões de vida subirão cada vez mais. Este é um outro grande mal-entendido nos dias de hoje.

Fala-se atualmente sobre a distribuição de riqueza e renda sendo mais desiguais. A distribuição do consumo é moralmente a única coisa que importa. Riqueza não importa, a menos que ter isso faça com que você viva por mais tempo.

Populações pobres, que nunca tiveram nenhuma riqueza, estão agora desfrutando de coisas que só os Rockefellers podiam anteriormente.

A distribuição dos padrões de vida é muito mais justa e se eleva constantemente, assim como a expectativa de vida de ambos,  ricos e pobres, em decorrência da solução de equilíbrio geral.

Os acadêmicos, os quais são de esquerda e odeiam negócios, só querem olhar para a distribuição de riqueza. As pessoas pobres nunca tiveram qualquer riqueza. A riqueza não é necessária para se obter uma vacina contra a gripe que lhe ajuda a viver e não morrer.

Leia também:
Agora é oficial: China falsifica dados econômicos
EXCLUSIVO: Como ciberpirataria e espionagem sustentam crescimento da China

A riqueza não é necessária para que você seja capaz de levar sua família para jantar fora uma vez por semana. Não estou falando de frango frito, agora se pode jantar comida tailandesa, comida mexicana, comida italiana, comida libanesa, em uma semana – pessoas comuns podem fazer isso. Antigamente, somente famílias aristocráticas eram capazes de fazer isso.

Alguns aristocratas vivem até muito pior do que antes, porque eles nunca mais escutaram as quatro palavras mais importantes na vida: “O jantar está servido.”