Terroristas atacaram Volgogrado, na Rússia – a 966 quilómetros de Sochi e aproximadamente a mesma distância de Moscou – no domingo e na segunda-feira (29 e 30/12 de 2013). Os ataques deixaram 31 mortos, o mundo querendo saber onde o próximo ataque ocorreria, e os analistas ponderando qual a estratégia por trás da escolha do local do ataque.
Volgogrado tem uma população de 1 milhão de pessoas, comparável em tamanho a uma dúzia ou mais cidades russas. A estação de trem da cidade, que foi o primeiro alvo, é um importante centro, mas essa não é a provável razão de ter sido atacada, disse Dmitry Trenin, diretor do Carnegie Moscow Center.
“Volgogrado, antiga Stalingrado, símbolo da tragédia e do triunfo da Rússia na Segunda Guerra Mundial, foi alvo dos terroristas precisamente por causa de seu status na mente das pessoas. Seu objetivo foi ferir o orgulho da Rússia, bem como o seu povo”, escreveu Trenin em um website.
Os dois atentados suicidas, um em uma estação de trem e outro dentro de um ônibus, são provavelmente a obra de insurgentes que procuram criar um Estado islâmico na região do Norte do Cáucaso. Autoridades disseram que a semelhança entre as bombas utilizadas sugere fortemente que o mesmo grupo está por trás de ambos os ataques.
Trenin disse que os ataques foram provavelmente feitos para interromper as celebrações de Ano Novo, já que este é o feriado mais importante do ano para os russos. Embora os ataques tenham ocorrido cerca de um mês antes dos Jogos Olímpicos de Inverno programados para iniciar em Sochi, Trenin disse que não é provável que estejam relacionados aos Jogos Olímpicos.
Celebrações de Ano Novo foram canceladas em Volgogrado, e as autoridades orientaram os moradores a não acender fogos de artifício. Mais de 5.200 forças de segurança foram mobilizadas em Volgogrado, disse um oficial da polícia à agência de notícias Interfax, embora ele não tenha explicado como isso se compara com os níveis normais de segurança na cidade.
Andrei Soldatov, editor do Agentura.ru, um site focado em inteligência terrorista, disse que os terroristas podem ter voltado para dividir as forças de segurança, com essa encenação realizada em Volgogrado.
Ele disse à Radio Free Europe: “Porque agora, com as Olimpíadas chegando, … [as forças de segurança irão] ser forçadas a pensar não só em garantir a segurança das principais cidades russas, senão também a de Sochi e da infra-estrutura em torno das instalações olímpicas.
“Além disso, eles também têm de prestar atenção especial a Volgogrado. É uma tática eficaz para desviar as atenções para longe de um lugar onde os terroristas podem estar planejando seu próximo ataque.”
Dmitry Malashenko, especialista em Cáucaso, disse que o ataque em Volgogrado significa que as autoridades devem estar preparadas para um ataque em qualquer lugar na Rússia.
“É claro que há algum tipo de sistema em funcionamento [em Volgogrado] que atende às finalidades de alguém. Se são uma organização, os próprios moradores ou pessoas de fora, não sabemos”, disse à Radio Free Europe.
Soldatov, citado por Christian Science Monitor, advertiu: “Não há nenhuma razão para supor que Sochi e Moscou estão a salvo, apenas porque estão atacando Volgogrado.”