Por que o Partido Comunista não pode consertar a economia chinesa

18/12/2012 01:23 Atualizado: 18/12/2012 01:23
O sol obstruído pela Grande Muralha da China (Frederic J. Brown/AFP/Getty Images)

A desigualdade de renda é comumente reconhecida como um grande obstáculo para a estabilidade econômica e social e o contínuo desenvolvimento da China. Muitos têm observado com descrença o nível de polarização na China e se perguntam o que deu errado no sistema.

De fato, nada deu errado. A máquina do Estado executou minuciosamente as ideias de Deng Xiaoping, o arquiteto do modelo atual da economia chinesa.

Quando Deng Xiaoping primeiramente delimitou a reforma econômica, seu objetivo era manter o regime e o poder absolutos do Partido Comunista Chinês (PCC), controlado por um pequeno grupo de homens. Naquele tempo, a China tinha acabado a Revolução Cultural e a economia tinha sido abalada por uma década de caos.

Para retirar o PCC daquela confusão, Deng Xiaoping sabia que tinha de fazer a economia crescer. Mas oportunidades iguais nunca foram parte do plano. Ele afirmou claramente que as reformas eram destinadas a “deixar algumas pessoas ficarem ricas primeiro”. É claro, aqueles no centro do círculo de poder e as pessoas próximas a estes foram as “algumas pessoas” que ficaram ricas primeiro.

A corrupção cresceu desenfreada enquanto oficiais utilizavam todas as oportunidades para abusarem do poder político e, assim, obterem benefícios econômicos. A diferença de rendimentos alargou rapidamente e a inflação criou raiva nos níveis populares. Para protestar contra a corrupção oficial, estudantes universitários tomaram as ruas em 1989 pedindo justiça e democracia, o que terminou no notório Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen).

Após o incidente, Deng Xiaoping salientou que “o desenvolvimento é de importância primordial” e a “manutenção da estabilidade é a prioridade”, em parte para justificar o massacre. Essas ideias se tornaram então os princípios orientadores que levaram ao completo desrespeito pelo bem-estar das pessoas comuns.

As políticas macroeconômicas fundamentais de dependência de exportações, o crescimento orientado pelo investimento, a entrega de monopólios às empresas estatais e taxas de juros baixas para pilhar a riqueza das famílias foram os produtos dessas ideias iniciais.

Estes princípios macroeconômicos e seus subprodutos – incluindo questões amplamente discutidas, como a bolha imobiliária e a violenta apropriação de terras – serviram para beneficiar as pessoas com poder político.

As indústrias mais lucrativas, como energia e telecomunicações, são monopólios estatais dirigidos por oficiais do PCC ou seus familiares. A indústria da energia, por exemplo, é controlada pela filha do ex-premiê Li Peng, enquanto as telecomunicações são controladas pelo filho do ex-líder chinês Jiang Zemin.

Investidores estrangeiros e nacionais frequentemente têm de pagar grandes “honorários de consultoria” às famílias e amigos de oficiais para obterem autorização para fazerem negócios na China, para obterem políticas favoráveis ou, às vezes, apenas para evitarem problemas.

A lealdade ao PCC e a seus quadros seniores se tornou a consideração Nº. 1 na seleção de pessoal para posições críticas na China, incluindo o sistema judicial, o sistema de ensino e a mídia, para garantir que as políticas fossem feitas para proteger e maximizar os benefícios destes grupos de interesses. Com toda a máquina estatal projetada dessa forma, as políticas que podem realmente beneficiar o povo chinês e estreitar o fosso de renda têm pouca chance de serem aprovadas e executadas.

Exemplos não faltam. A reforma da distribuição de renda, a abolição do sistema residencial Hukou, que discrimina as pessoas de áreas rurais, a valorização do yuan chinês e reais medidas anticorrupção são apenas algumas de uma longa lista de iniciativas que têm sido discutidas há anos, mas nunca implementadas. Qualquer uma dessas iniciativas, uma vez realizada, bloqueará significativamente o caminho do maior enriquecimento para algumas pessoas poderosas.

Não é realista esperar que o PCC realize reformas de cima para baixo que partilharão os espólios com o chinês médio. É por isso que, no futuro, as últimas três décadas serão vistas como um período em que o PCC mergulhou cada vez mais numa espiral mortal.

Os membros dos PCC querem se beneficiar de um sistema injusto, enquanto de alguma forma tentam atenuar a ira do resto da população. Como a reforma genuína é impossível, eventualmente, esta raiva os alcançará e o PCC terá seu fim.

Tianlun Jian, PhD, escreve regularmente sobre economia chinesa e aconselha o Epoch Times em questões econômicas. Seu blogue é Chineseeconomictrend.blogspot.com.

Com reportagem de Pingping Yu.

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