Por que graduados chineses não encontram trabalho

26/11/2012 20:06 Atualizado: 26/11/2012 20:06
Economista de Hong Kong vê disparidade entre necessidades econômicas e aquisição da educação
Estudantes universitários e graduados se oferecem para dar aulas particulares em Xi’an, na província chinesa de Shaanxi (STR/AFP/Getty Images)

Milhões de estudantes universitários que se formam na China a cada ano agora enfrentam essa dura realidade: um diploma universitário já não garante um bom trabalho. De acordo com um economista de Hong Kong, não há uma solução fácil, já que problemas estruturais na economia manufatureira chinesa limitam a necessidade de educação superior.

Educadores, analistas e a imprensa estatal têm comentado recentemente sobre a situação dos recém-graduados na China. Um relatório de 2012 do Instituto MyCOS, uma empresa de pesquisa educacional baseada em Pequim, fornece alguns números que dão uma ideia aproximada da dimensão do problema – os especialistas concordam que os números relativos ao emprego na China geralmente não são muito confiáveis.

De acordo com MyCOS, cerca de 570 mil estudantes que se graduaram em 2011 ainda não encontraram emprego, o que corresponde a cerca de 8% dos 7,58 milhões de graduados desse ano.

Além do desemprego, há também o problema do subemprego enfrentado pelos graduados chineses. O relatório MyCOS não diz se os que estão empregados têm trabalho adequado a seu grau de instrução, mas o problema de graduados trabalharem em funções em que sua graduação não é necessária tem sido amplamente discutido na imprensa chinesa.

Analistas acreditam que uma demanda decrescente do trabalho associado com diplomas universitários e o número crescente de graduados levaram à atual pressão trabalhista, reportou a Xinhua, uma mídia porta-voz do regime. Observadores acadêmicos atribuíram a causa do problema do emprego às faculdades recrutarem muitos alunos, segundo a mídia estatal Diário da China.

Larry Lang, professor catedrático de finanças da Universidade Chinesa de Hong Kong, concorda com a visão comum de que há um excesso de oferta de curso superior na China, mas ele vai além da visão geralmente aceita quando apresenta seu diagnóstico do porquê há um excesso de oferta.

Num artigo amplamente compartilhado em websites de língua chinesa, Larry Lang associa o desemprego dos graduados chineses à maneira como a economia chinesa está configurada usando sua teoria econômica 6+1.

De acordo com a teoria 6+1, há um elo duro na produção e seis elos maleáveis na cadeia industrial para quase qualquer tipo de produção. O elo duro representa o processamento e a fabricação e os seis elos maleáveis consistem no design de produtos, aquisição de matérias-primas, logística e transporte, processamento de pedidos, gerenciamento de atacado e vendas no varejo.

Nesta cadeia industrial, o elo de processamento-fabricação é a etapa do processo de trabalho que cria 10% do valor do produto e os outros seis elos, vitais no processo de criação de valor, criam os 90% restantes.

Larry Lang usa uma boneca Barbie como exemplo. O preço de varejo de uma boneca Barbie é cerca de 10 dólares em lojas do Walmart nos Estados Unidos. Nesta cadeia industrial internacional, os seis elos controlados por empresas fora da China são responsáveis por 9 dólares desse preço, enquanto o elo duro, que é o da manufatura chinesa, só leva crédito por 1 dólar.

O que é verdade sobre a boneca Barbie se aplica a grande parte da produção econômica da China. A concorrência econômica global está acirrada e os elos mais rentáveis na cadeia de produção muitas vezes não são controlados por empresas chinesas.

A explicação de Larry Lang ajuda a dar sentido a uma observação feita por Huang Teng, presidente da Universidade Internacional de Xi’an e do conselho da universidade. Huang Teng disse ao Diário da China que, em comparação com os países desenvolvidos, a China não tem muitos estudantes universitários, mas muito poucos.

Segundo Larry Lang, como a China não controla as etapas econômicas que se seguem a produção, sua economia difere da de países desenvolvidos.

Larry Lang diz que os chineses têm erroneamente assumido que nutrir estudantes universitários ajudará a economia a se desenvolver mais rapidamente, sem perceber que a premissa desta teoria é de fato falha.

De acordo com Larry Lang, para graduados encontrarem um emprego adequado, a China precisa dos outros seis elos da cadeia industrial, ao invés do elo duro.

Tomando uma fábrica como exemplo, Larry Lang aponta que do gerente ao segurança, nenhuma posição requer diploma universitário para qualquer um de seus trabalhadores.

Como a atual estrutura industrial na China é baseada principalmente no elo duro, Larry Lang conclui que esta estrutura é a principal causa do desemprego e do subemprego dos estudantes universitários.

O problema do emprego enfrentado pelos jovens graduados da China cria mais distorções no mercado de trabalho. Se estudantes não podem encontrar um emprego após se formarem na faculdade, eles podem decidir continuar seus estudos, conquistando graduações mais elevadas. Consequentemente, de acordo com Larry Lang, os estudantes têm ainda menor probabilidade de encontrar um trabalho que se adapte a seu nível educacional. Os estudantes altamente qualificados podem, eventualmente, tirar o emprego dos que têm menos educação, mas cuja educação é mais apropriada para os cargos que preenchem.

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