Por que alguns policiais chineses mudaram na perseguição ao Falun Gong

20/02/2014 14:48 Atualizado: 20/02/2014 23:01

Após 14 anos submetidos à brutalidade implacável, incluindo prisão ilegal, tortura e extração forçada de órgãos sancionada pelo Estado chinês, os praticantes do Falun Gong na China relataram recentemente uma atitude de arrefecimento por parte de alguns policiais a respeito do movimento espiritual.

Desde 1999, quando o ex-líder chinês Jiang Zemin ordenou exterminar a popular e tradicional disciplina espiritual, praticantes do Falun Gong em todo o mundo têm realizado protestos pacíficos para resistir à perseguição e informar o público sobre os fatos.

Milhões de pessoas em muitos países assinaram petições para acabar com a perseguição ao Falun Gong, e vários governos também emitiram proclamações para esse efeito. Na China, milhares de pessoas colocaram seus nomes e impressões digitais em dezenas de petições para libertar praticantes da detenção arbitrária.

De acordo com alguns analistas sobre a China, os atuais líderes chineses estão sentindo a pressão de lidar com a perseguição, no entanto, eles não querem lidar com isso abertamente, pois isso implicaria todo o Partido Comunista Chinês (PCC) e poderia colapsar o regime. De acordo com esses analistas, os atuais líderes pretende usar a campanha anticorrupção do atual líder chinês Xi Jinping para derrubar os funcionários de alto escalão responsáveis pela condução da perseguição e acusá-los de corrupção em vez de genocídio ou pilhagem de órgãos de dezenas de milhares de prisioneiros de consciência do Falun Gong.

As prisões recentes de Li Dongsheng e Zhou Yongkang, ambos funcionários de alto escalão responsáveis pela campanha contra o Falun Gong, confirmam a validade do presente parecer.

Sob investigação

Na noite de 20 de dezembro de 2013, o Comitê Central de Inspeção Disciplinar do PCC anunciou que Li Dongsheng, vice-ministro da Segurança Pública e diretor da Agência 610 Central, estava sob investigação por “graves violações da lei”, uma aparente referência à corrupção.

A “Agência 610” é a organização mais secreta no âmbito do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL), criada durante o mandato de Jiang Zemin para coordenar o extermínio do Falun Gong. Embora a posição de Li como chefe da Agência 610 sempre tenha sido mantida de forma semissecreta, o anúncio de sua investigação mencionou este cargo como seu primeiro título oficial, o que pode ser visto como um indício de que a perseguição ao Falun Gong, e não a corrupção, é a questão central na sondagem de Li.

Li Dongsheng tem laços estreitos com Zhou Yongkang, o ex-secretário do CAPL, o maciço aparato de segurança interna da China. Conhecido como o chefe da segurança pública da China, Zhou Yongkang também foi membro do Comitê Permanente do Politburo antes de sua aposentadoria em 2012 e foi um dos homens mais poderosos do país, bem como um dos oficiais de mais alto escalão responsáveis pela campanha contra o Falun Gong.

Zhou também está sob investigação. Embora ainda não confirmada oficialmente, sua prisão foi afirmada por várias fontes, incluindo a Reuters. Zhou e Li, entre outros, foram escolhidos pessoalmente por Jiang Zemin para realizar sua campanha genocida contra o Falun Gong. Centenas de funcionários do governo e quadros do Partido Comunista, associados ao trio, foram removidos de suas posições nos últimos 18 meses e estão sob investigação.

Estas detenções teriam causado pânico entre a facção de Jiang Zemin e nos sistemas jurídico e policial. A polícia e outros agentes de segurança temem que também sejam responsabilizados pelas atrocidades que cometeram contra os praticantes do Falun Gong.

Polícia: “Estávamos errados”

De acordo com artigos do Minghui.org, um website administrado por praticantes do Falun Gong e especializado em documentar a perseguição, muitos policiais perceberam que deveriam parar de seguir as ordens de perseguir o Falun Gong.

Muitos praticantes do Falun Gong, dentro e fora da China, fazem chamadas telefônicas para as autoridades chinesas responsáveis pela aplicação da lei, explicando-lhes os fatos e os advertindo sobre as consequências de participar na perseguição.

De acordo com um artigo do início de janeiro, uma praticante de pseudônimo Benny ligou para uma delegacia de polícia na China. Inicialmente, os policiais não queriam ouvi-la. Mas depois que ela lhes disse que Li Dongsheng tinha sido formalmente detido e estava sob investigação, então eles resolveram escutar. Eles também anotaram o número da Organização Mundial para Investigar a Perseguição ao Falun Gong (WOIPFG), sediada em Nova York, dizendo que denunciariam outros oficiais que cometeram crimes contra o Falun Gong, a fim de expiar os próprios erros.

Outro praticante, que ligou para um policial na China, foi duramente repreendido por este. Mas depois, o policial deu ao praticante o seu número privado. A praticante Benny ligou de volta e desta vez o oficial foi muito educado. Ele disse: “Você sabe por que eu xinguei o seu amigo? É porque o meu [outro] telefone está grampeado e eu precisava me proteger. Eu sei que seu amigo me ligou para me ajudar e que ele é uma boa pessoa. As coisas que ele me disse são verdadeiras, o PCC sempre encontra bodes expiatórios para os crimes que cometeu em seus movimentos passados.” Este policial então prometeu que protegeria os praticantes do Falun Gong que cruzassem seu caminho.

Em 17 de janeiro, dois praticantes do Falun Gong na província de Shandong distribuíram panfletos na rua e encorajaram as pessoas a renunciar ao Partido Comunista. Dois policiais foram até os praticantes, o que geralmente significa que eles seriam presos. Um dos policiais disse: “Falun Gong distribuindo panfletos.” Os policiais olharam para os praticantes por um momento, depois olharam um para o outro com um sorriso e apenas se afastaram.

Em outro relato, um praticante do Falun Gong na cidade de Chongqing disse que visitou uma delegacia de polícia e ouviu um homem delatar seu vizinho por praticar o Falun Gong. Em vez de recompensar o homem, o chefe de polícia ficou irritado com ele e disse: “A prática dele não tem nada a ver com você. Quanto mais pessoas praticarem, melhor!”

Um funcionário da Agência 610 na cidade de Chongqing foi ao Campo Feminino de Trabalho Forçado de Shabao para libertar praticantes do Falun Gong. Ele teria dito: “Estamos muito errados em perseguir o Falun Gong. Eu nunca consigo entender o planejamento político do PCC.”

Um praticante do Falun Gong enviou uma carta explicando os fatos sobre a perseguição ao chefe de um escritório da Agência 610 em seu condado. Depois de ler a carta, o chefe da Agência 610 deixou o emprego.

Um homem que afirmou estar na polícia há mais de 20 anos renunciou ao Partido Comunista usando um pseudônimo num website do Epoch Times. Ele disse que coisas muito ruins ocorreram com vários policiais que ele sabia terem participado na perseguição aos praticantes do Falun Gong. Ele disse que não venderia a sua vida ou consciência ao Partido Comunista e que nunca mais assediaria os praticantes do Falun Gong. Ele também aconselhou a esposa e o filho a nunca participarem do PCC ou de suas organizações afiliadas.