Por que a China lidera em doenças mentais no mundo

30/07/2013 16:09 Atualizado: 30/07/2013 16:09
Pacientes psiquiátricos fazem fila para comer no Hospital Psiquiátrico de Anxian, na província de Sichuan, China (China Photos/Getty Images)

O jornal Semanário do Sul de Guangzhou publicou um artigo intitulado “Sérias ‘doenças mentais políticas’ retratam o ambiente político severo na China”. O ponto principal do artigo é que a enorme pressão psicológica sobre os funcionários do governo chinês está provocando doenças mentais generalizadas entre os funcionários.

Este problema é especialmente grave para funcionários em cargos relacionados à realocação populacional e demolição, aos órgãos de apelação e a outros órgãos de fiscalização. Esses funcionários estão amplamente expostos ao lado negro da sociedade, o que leva a condições extremamente ruins de saúde mental.

Anteriormente, a revista estatal Outlook Weekly publicou um artigo intitulado “Pesquisa mostra que mais de 100 milhões de pessoas sofrem de doenças mentais na China, 16 milhões de casos graves”.

Este artigo foi publicado logo após a Foxconn anunciar que aqueles que cometeram suicídio em suas fábricas na China sofriam de doença mental. O artigo falava sobre os tipos de doenças mentais sofridas por pessoas na China e suas causas. Observando os artigos do Semanário do Sul e do Outlook Weekly em conjunto, pode-se perceber os fatos.

Primeiro, o número de pessoas na China diagnosticadas com doença mental é um recorde, qualquer que seja a medida utilizada. De acordo com estatísticas oficiais, há 1,4 bilhão de pessoas na China. Mais de 100 milhões sofrem de doença mental, que é 1/14 ou mais da população total. Nenhum outro país do mundo chegou perto deste número nos últimos 100 anos.

Em segundo lugar, membros de todas as classes sociais na China podem sofrer de doença mental. O artigo do Semanário do Sul mostra que funcionários do governo sofrem de doença mental devido a problemas com o ambiente político.

O artigo do Outlook Weekly concentra-se principalmente na classe baixa. O artigo dizia: “Devido a despesas médicas elevadas, combinadas com anos ou décadas de deterioração, muitas famílias não têm mais dinheiro. Mesmo aqueles com cobertura não podem pagar o custo para entrar num hospital e bancar custos suplementares, mas a grande maioria nem sequer tem plano de saúde.” Isto basicamente se traduz numa nova tendência na China: Ser pobre equivale a ter doença mental.

Os dois artigos apontaram um problema comum: a enorme pressão de uma transição gera pressão social. A pressão sobre os pobres vem das necessidades básicas de vida, como emprego, custo de vida, despesas médicas, educação e os custos de várias formas de tratamento injusto.

A pressão sobre os funcionários vem da anormalidade no Partido Comunista Chinês (PCC). Funcionários subornam uns aos outros para serem promovidos; o sucesso político se baseia em conexões em vez de desempenho. Os valores dos funcionários estão distorcidos. Eles não estão autorizados a agir fora da consciência e da moralidade, mas devem proteger os interesses do PCC e se contorcer para se adaptar ao sistema corrupto.

Por exemplo, os funcionários envolvidos na realocação populacional e demolição devem ter corações frios como aço. Eles não podem sentir pena por despejar pessoas de suas casas e têm de interpretar os suicídios frequentes como “obstrução de ordens oficiais”.

As situações em outros departamentos são as mesmas. Os órgãos de apelação devem lidar com fluxos intermináveis de peticionários que sofrem de injustiça. Departamentos de supervisão têm que ignorar os atos de corrupção de funcionários diariamente. Os membros do departamento de contabilidade tem que fechar os olhos para contabilidades falsas.

Neste mundo onde tudo está de cabeça para baixo, com a mistura constante de certo e errado, mais a perda de moralidade, é difícil imaginar a vida dos chineses comuns.

Quando eu ainda vivia na China, um promotor que era meu amigo me disse que estava enojado e cansado de seu trabalho, porque ele lidava com casos de funcionários corruptos todos os dias. Algumas pessoas que se passam por boas exteriormente são tão escuras no interior que, depois de um tempo, ele começou a duvidar de todos.

Eu trabalho na mídia e estava furiosa por não ser capaz de expor os fatos sombrios da sociedade. No entanto, a escuridão de 10 anos atrás é muito menor do que a de hoje. Muitas pessoas no continente me dizem que a sociedade de hoje é 10 vezes mais escura do que a que descrevi em meu livro “China’s Pitfalls” (“Armadilhas da China”).

Vivendo numa sociedade tão escura certamente aumenta o número de pessoas com doença mental.

Quando a maioria dos cidadãos de um país está sob tamanha pressão, com tantos com doença mental, então, as condições de vida no país devem estar seriamente erradas.

O governo deve melhorar o ambiente para reduzir a pressão sobre os cidadãos comuns. O regime chinês, no entanto, não faz nada para reduzir a pressão. Em vez disso, segue as políticas do açougueiro Stalin, considerando qualquer pessoa com uma visão diferente como tendo doença mental e, em seguida, perseguindo politicamente os rotulados como tal.

O artigo do Outlook Weekly diz que, devido à falta de hospitais psiquiátricos, as agências de aplicação da lei ficariam encarregadas de pacientes jovens com doença mental. Dissidentes e pessoas com pontos de vista diferentes devem ser tratados como se tivessem transtornos mentais.

Estes casos não são decididos pelos médicos, mas por organizações do PCC. As organizações locais do PCC identificam os casos e os enviam diretamente para a aplicação da lei. Estes métodos são muito semelhantes aos que Stalin adotou na Rússia.

Neste ponto, acho que os leitores podem entender o que transformou a China no líder mundial de doença mental. Eu também entendo a razão por que muitos chineses imigram para outros países: para viver uma vida normal.

He Qinglian é uma proeminente autora chinesa e economista que atualmente vive nos Estados Unidos. Ela é autora de “China’s Pitfalls”, que trata da corrupção na reforma econômica da China da década de 1990, e “The Fog of Censorship: Media Control in China”, que aborda a manipulação e restrição da imprensa. Ela escreve regularmente sobre questões sociais e econômicas da China contemporânea.

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