Marco significativo da expectativa de vida levanta questão sobre a satisfação das necessidades básicas
Em 1º de novembro de 2011, de acordo com estimativas da população mundial, atingiu-se à marca dos 7 bilhões. Apesar de ser impossível saber ao certo quando a marca dos 7 bilhões foi atingida, a data estimada tem sido usada pela ONU e outras organizações como uma oportunidade para discutir e informar acerca do crescimento populacional e muitos outros assuntos relacionados.
No final de outubro, o Fundo das Nações Unidas para as Populações (UNFPA) publicou um relatório que caracteriza o marco dos 7 bilhões como uma combinação de sucessos, revezes e paradoxos.
Por um lado, o marco representa um sucesso inegável para a espécie humana: Nesta era de crescimento sem precedente graças à melhoria nas condições de vida que levou a um aumento radical na esperança média de vida (de 48 anos no início da década de 50 até os 68 anos hoje). Por outro lado, também representa vários desafios quando se trata de lidar com questões como habitação, comida, e emprego para a população.
Existem também imensas disparidades em diferentes partes do mundo que constituem problemas em si mesmos. Por um lado, paradoxalmente, o mundo está simultaneamente se tornando mais velho e mais novo em diferentes áreas. Enquanto em alguns países, em particular nos industrializados e nações desenvolvidas, luta-se contra o envelhecimento da população e a falta de gente nova para preencher as necessidades de trabalhado, outros têm o problema oposto: Numerosos desempregados jovens procuram entrar em países que possam proporcionar-lhes trabalho.
Pela primeira vez na história, a maior parte da população do mundo vive em cidades. Esta rápida urbanização é resultado das pessoas procurarem maior mobilidade social e a possibilidade de sair da pobreza. Contudo, isso também cria problemas. Já existe 1 bilhões de pessoas que habitam “assentamentos informais”, ou seja, favelas, habitações pobres, ou terrenos invadidos dentro e na periferia de centros urbanos. Estima-se que este número duplique até 2030.
Alguns números são fascinantes: Foi só em 1804 que a população mundial chegou à marca de 1 bilhão, e, em 1974, existiam apenas 4 bilhões de pessoas no mundo. E apesar de se projetar que o crescimento abrande significativamente, estima-se que haverá 8 bilhões de pessoas em 2025 e mais de 10 bilhões no fim deste século.
Uma visão mais aprofundada de alguns dos problemas e desafios é apresentada pelo National Geographic, que também se foca na marca dos 7 bilhões numa série com duração de um ano.
Num artigo sobre Albertine Rift, situado no leste da África, coloca-se a questão pertinente, “Existe o suficiente para todos?” Este caso em particular é assustador por se tratar de um dos mais sangrentos conflitos desde a 2ª Guerra Mundial. A área fértil retratada no artigo é rica tanto em recursos naturais como em biodiversidade, ao mesmo tempo, sua altitude elevada torna-a inóspita aos insetos que transmitem doenças.
Mas esta riqueza levou à escassez, muitas pessoas foram atraídas as áreas circundantes, o que originou ocupações de terras e guerras ocasionando milhões de mortes, assim como à extinção de espécies e a destruição de seus habitats.
Especialistas defendem que ambos os genocídios em Ruanda e a Grande Guerra Africana que ocorreu nesta área, envolvendo principalmente o Congo, foram, em parte, resultado da pressão do grande número de pessoas e da escassez de terra. Uma vez que há sempre áreas mais aptas a serem habitadas do que outras, existe a possibilidade de este cenário se desenrolar outra vez, especialmente na África, um continente que teve o mais dramático aumento de população durante este século.
Ainda assim, o relatório da UNFPA é essencialmente otimista, indicando que com o tipo certo de planeamento e medidas é possível manter uma população de 10 bilhões de forma próspera e sustentável. Mas o crescimento da população em zonas subdesenvolvidas com taxas muito altas de fertilidade deve ser estabilizado para assegurar um desenvolvimento econômico positivo, afirma o relatório.