Recentemente, a questão da poluição das águas na China vem gerando crescentes discussões e preocupações por parte da população chinesa, o que motivou uma série de pesquisas sociais feitas por organizações de serviço comunitário. Segundo esses estudos, a poluição das águas na China atingiu um patamar “desesperador”, reforçando a grande importância e a urgência de se responder ao problema. De acordo com os dados coletados, apenas 3% das águas nos lençóis freáticos chineses ainda é potável, enquanto 90% estão classificadas como “contaminadas”, embora em distintos graus de intensidade.
Foram listadas três principais causas da poluição: resíduos industriais despejados irresponsavelmente, contendo alta concentração de metais pesados; uso de agrotóxicos e substâncias não biodegradáveis na agricultura, fazendo com que o material tóxico se infiltre nos lençóis freáticos através do solo; e, por fim, a poluição cotidiana nos centros urbanos, em grande parte devido à má administração do lixo das cidades que concentram cada vez mais habitantes na China. A pesquisa ainda projeta que uma tentativa de recuperação das reservas aquíferas levaria mais de 1000 anos, além de exigir uma mobilização financeira e social num grau inimaginável para qualquer projeto similar já realizado.
Além dos danos ambientais, a questão já afeta diretamente a saúde da população, visto na explosão da incidência de câncer em centenas de vilarejos chineses, diagnosticados como consequência direta da ingestão prolongada de água contaminada. Uma vez que grande parcela das águas contaminadas constitui fonte de sobrevivência dos aldeões desses vilarejos, ingerir a água contaminada acaba sendo uma escolha forçada. O estudo social defende que a situação atual é resultado de um planejamento equivocado de urbanização e intensa industrialização e que os ganhos econômicos auferidos com a implementação dessas indústrias não é nem de longe suficiente para compensar os custos sociais e ambientais que trouxeram consigo.
Além dos fatores citados, habitantes das “vilas do câncer” citam a negligência do governo como sendo um agravante à situação. Em diversas regiões com grande concentração de indústrias poluidoras, há projetos de construção de estações de tratamento de água, mas a maioria das obras está parada desde 2008, enquanto a poluição piora dia após dia.
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