As florestas da China têm morrido misteriosamente desde 2001. Um novo relatório pode ter descoberto o motivo, mas avisa que o problema poderá, em breve, afetar outros países.
O relatório alega que as emissões de nitrogênio da poluição existente na China estão matando as florestas naturais a um ritmo alarmante. Se nada for feito, as plantas e as árvores de outros países também começarão a morrer, segundo o relatório.
O estudo que decorreu ao longo de 13 anos foi conduzido por investigadores da Academia de Ciências da China, também conhecidos como o grupo de reflexão do Partido Comunista Chinês. Problemas como a gravidade da poluição são temas politicamente sensíveis na China e, muitas vezes, são censurados.
Neste caso, os investigadores tiveram claramente autorização para se dedicarem ao estudo e publicarem suas conclusões, mas a maior atenção dada ao estudo revelou-se em publicações no estrangeiro, tendo recebido muito pouca cobertura da mídia chinesa.
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Parecem existir posições diferentes sobre a forma de lidar com o problema em meio às políticas do regime comunista chinês. Normalmente, os oficiais de propaganda parecem desejar eliminar as notícias sobre o problema da poluição, culpando as forças estrangeiras (como por exemplo os EUA) por divulgarem de dados precisos sobre o nível de micropartículas letais presentes na atmosfera de Pequim. Foi filmado recentemente um documentário sobre a poluição na China, que foi também retirado da Internet logo após ter se tornado viral, atraindo cerca de 100 milhões de visitas.
Entretanto, só o fato de o documentário ter sido produzido, especialmente com as vastas consultas e entrevistas a oficiais do setor ambiental, significa que obteve algum nível de patrocínio oficial, mesmo que isso tenho sido posteriormente revogado.
Pelo menos 40% das florestas naturais na província de Hainan já morreram.
Seja censurado ou autorizado, o problema é realmente grave. De acordo com o novo estudo, entre 2001 e 2011, morreu pelo menos 40% das florestas naturais da província Hainan, ao sul da China. Em uma área específica da montanha de Dinghu, Zhaoqing, a qual os investigadores estavam estudando, foi possível observar que mais de uma dúzia de espécies de plantas morrerem sob uma árvore antiga, até sobrar apenas uma ou duas.
“Se a situação continuar assim, a maioria das florestas do sul da China será destruída dentro de décadas. Mas este impacto não se limita apenas à China”, afirmou o Dr. Lu Xiankai, investigador associado no Jardim Botânico do Sul da China da Academia de Ciências Chinesa em Guangjhou, e também o principal cientista do projeto, numa entrevista ao jornal South China Morning Post.
“O problema terá efeito efeito cascata por todo o mundo”, afirmou, declarando que é um “massacre silencioso”.
O estudo foi publicado na edição de março do jornal Environmental Science and Technology, ao abrigo da American Chemical Society.
Os autores realçam que a poluição atmosférica é constituída principalmente por nitrogênio, que está sendo introduzido na atmosfera por tudo, desde a produção industrial às emissões dos veículos.
O documentário recente “Under the Dome” (Debaixo da Cúpula), que foi retirado da ar pelos censores do regime chinês, defendia que uma das principais causas da poluição na China deve-se às centrais elétricas alimentadas a carvão. A China tem mais centrais eletrificas alimentadas a carvão que o resto do mundo todo em conjunto. O documentário também atribuía uma grande parte da culpa à indústria petrolífera, que foi acusada de captura regulatória: pois podem decidir como os seus próprios produtos serão refinados e introduzidos no mercado.
O nitrogênio também é um dos principais nutrientes para as plantas, porém o seu excesso é um problema. Os investigadores dizem que a poluição atmosférica está sobrecarregando a quantidade de nitrogênio do solo, o que pode estar matando as florestas.
“Temo que as florestas de Hong Kong estejam passando pelo mesmo problema”, disse Lu ao South China Morning post. “Eles estão em um ambiente próximo e são afetados por um nível semelhante de poluição atmosférica.”