Políticos chineses exonerados silenciosamente reintegrados em novos cargos

28/03/2012 03:00 Atualizado: 28/03/2012 03:00

Xie Zhenhua, atual vice-diretor do Departamento Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, fala durante encontro da ONU sobre mudança climática, em 9 de dezembro de 2010. Em 2008, ele foi forçado a renunciar o cargo de diretor do Departamento Nacional de Proteção Ambiental como responsável por ignorar uma explosão numa usina química, poluindo um importante Rio Songhua com 100 toneladas de substâncias cancerígenas. (Omar Torres/AFP/Getty Images)População acusa que “punição” é apenas um “enfeite”

Na China atual, é bastante comum que políticos afastados do cargo por sérias acusações voltem ao poder em novos cargos após um hiato.

Quando um prédio de 28 andares da cidade de Shanghai pegou fogo em novembro de 2010, 58 morreram, 71 ficaram feridos e o prejuízo econômico foi calculado em 25 milhões de dólares.

Inicialmente, foram presos o mestre-de-obras e sete operários, que estavam instalando sistemas elétricos como parte de um projeto governamental, quando o acidente ocorreu. Quando investigações oficiais revelaram que as verbas da construção foram ilegalmente desviadas pelo menos três vezes e precauções de segurança foram ignoradas, familiares das vítimas exigiram a punição do oficial do governo diretamente responsável.

A fim de acalmar a revolta popular, Zhang Renliang, diretor do distrito de Jing’an, em Shanghai, foi destituído do cargo em 9 de junho de 2011, por envolvimento no desvio de verbas.

Porém, apenas seis meses depois, Zhang ganhou um novo cargo. De acordo com uma notícia do Kashgar News, ele foi designado como secretário municipal do Partido em Kashgar, na região autônoma uigur de Xinjiang, no noroeste da China.

Oficiais renascendo das cinzas

Zhang não foi o único a “renascer das cinzas”. Na última década, um grande número de políticos foi demitido com grande repercussão, mas reapareceram em outros cargos silenciosamente. Dentre eles estão:

Zhang Wenkang, ex-ministro da saúde, foi despedido em abril de 2003 por ocultar e omitir a epidemia do “SARS” (síndrome respiratória aguda grave);

Xie Zhenhua, ex-diretor do Departamento Nacional de Proteção Ambiental, despedido em novembro de 2005, por ignorar uma explosão numa usina química, poluindo um importante rio (Rio Songhua) com 100 toneladas de substâncias cancerígenas;

Li Changjiang, ex-diretor geral do Departamento Nacional de Inspeção e Controle de Qualidade, forçado à renúncia após o incidente do leite em pó contaminado com melamina em 2008, e muitos outros.

Internautas chineses frequentemente demonstram sua frustração e fúria diante desses casos:

“Não seria essa chamada ‘punição’ apenas um teatrinho político, um enfeite, para tentar domar o povo?”, pergunta um internauta.

Muitos outros seguem o mesmo raciocínio: “Isso é uma máfia! Uma grande máfia que se impõe perante toda a população!”

“Eles estão tentando fazer as pessoas de idiotas quando despedem um político.”, finaliza outro.