‘Política do filho único’ continuará apesar dos discursos oficiais

27/01/2014 16:37 Atualizado: 27/01/2014 16:37

O Partido Comunista Chinês anunciou que flexibilizará o controle da natalidade da população, a “política do filho único”, que dizima o país há 34 anos, informou a Folha de São Paulo.

A decisão e outras ordens emitidas pelo Comitê Central do Partido Comunista Chinês, na primeira reunião geral sob o comando do novo líder Xi Jinping, foi divulgada pela agência de notícias estatal Xinhua.

Segundo a Xinhua, os casais estão autorizados a ter dois filhos, se um dos cônjuges for filho único.

O argumento do Partido Comunista obedece à mesma lógica materialista ditatorial: a planificação econômica. O comunismo precisa aumentar a taxa de fertilidade porque o crescimento está caindo pela aplicação da política familiar.

O Comitê Central do PCC calculou que o país precisa ter uma população de 1,5 bilhão em 2030. Os indivíduos e as famílias pouco importam, a única coisa que importa é o Partido e a planificação comunista da economia.

Outro problema é a desproporção entre a população masculina e a feminina. Em 2012, havia 118 homens para 100 mulheres. O desequilíbrio estimula o homossexualismo e a compra e venda de mulheres, inclusive “importadas” de países vizinhos.

Isso também dificulta os casamentos futuros. A intenção é reduzir nas próximas décadas essa taxa para a média de 103-107 homens para 100 mulheres.

Os especialistas, com critérios de análise não muito diversos do PCC, não deram muito relevo à decisão. Eles acham que a “bomba demográfica” que ameaça derrubar a ordem do país inclui muitos outros fatores já difíceis de administrar. Notadamente o envelhecimento da população.

A lei da planificação familiar vem sendo aplicada com extremos de desumanidade desde 1979 e teria impedido 400 milhões de crianças de nascer.

Na prática, essa planificação funciona como um dos instrumentos de repressão e controle da população. Independentemente do que esteja escrito na lei, os agentes do Partido praticam multas extorsivas que podem ser altíssimas, dependendo do caso. Por sua vez, as famílias que subornam as autoridades comunistas podem ser punidas a qualquer momento e perder os filhos “a mais”.

Segundo Wang Feng, diretor do Centro Brookings-Tsinghua de Políticas Públicas de Pequim, a amenização anunciada só atingirá 10 milhões de casais. Quer dizer, uma fração mínima dos 1,3 bilhão de habitantes do país. “Isso não afetará muita gente e não vai gerar nascimentos suficientes para inverter as tendências demográficas da China”, disse ele.

A China envelhece inexoravelmente após três décadas de perseguição aos nascimentos. A população em idade de ativa diminui pela primeira vez desde as chacinas em massa da Reforma Agrária e do ‘Grande Salto para Frente’ de Mao Tsé-tung.

De um lado, a esterilização forçada atingiu um número incalculável de mulheres, por outro lado, o custo de vida tornou quase impossível manter os filhos nas grandes cidades onde estão instaladas as fábricas que exportam para o mundo inteiro.

A lei “continua a limitar estritamente os direitos à procriação” de grande parte da população e “a reforma não acena com nenhuma mudança” significativa para limitar os abusos das autoridades comunistas locais, deplorou Nicolas Bequelin, pesquisador da ONG Human Rights Watch de Hong Kong.

Em suma, a cruel metodologia antivida do regime marxista chinês continua igual. Ela agora está apenas maquiada por uma lei enganosa a serviço da propaganda maoísta.

Esta matéria foi originalmente publicada pelo blogue Pesadelo Chinês