Policial de Pequim renuncia ao PCC após expulsão de Bo Xilai

25/04/2012 03:00 Atualizado: 25/04/2012 03:00

Bo Xilai era considerado uma estrela em ascensão e possível futuro líder do PCC, antes que de ser expurgado por seus camaradas. Mas quando se considera o caso de Bo, há um elefante na sala: seus processos por tortura e crimes contra a humanidade em 13 países. (Jeff Nenarella/The Epoch Times)Na tarde de 15 de março, no dia em que a mídia Xinhua relatou a queda de Bo Xilai, um oficial da polícia de Pequim contatou a edição chinesa do Epoch Times para renunciar ao Partido Comunista Chinês (PCC), dizendo que se Bo Xilai caiu tão facilmente, ele temia que o pior estava por vir, e nenhum policial na China estaria seguro.

O oficial, que pediu para permanecer anônimo, disse que trabalhava para o departamento de polícia de Pequim desde que se graduou na faculdade. Ele começou como um policial distrital e mais tarde foi promovido para oficial de gabinete. Ele disse que a internet em seu escritório não é censurada, e depois de ver o ex-policial Wang Lijun, ex-chefe de polícia de Chongqing, ser rebaixado e depois fugir para o consulado dos EUA, ele ficou muito preocupado, mas ainda esperava [melhores] notícias das duas reuniões parlamentares. Agora, com Bo Xilai também removido, suas esperanças estão frustradas.

A seguir é a declaração do policial:

Fiquei chocado e preocupado ouvindo sobre os problemas em que Wang Lijun e Bo Xilai tinham entrado. Pelos últimos anos, a polícia de Chongqing era tão quente, Wang Lijun era tão quente, mas ele caiu assim mesmo. Minha primeira reação foi que os policiais sob seu comando estavam em apuros. Como eu esperava, notícias posteriores disseram que os auxiliares de Wang Lijun foram removidos por Bo Xilai. Alguns foram até mortos. Eu pensei comigo mesmo; se algo acontece em Pequim, o que acontecerá comigo?

Quando Bo Xilai foi derrubado, eu senti que o fim estava chegando. Bo Xilai é um príncipe, muito poderoso. É realmente como um filme. Ele simplesmente caiu assim mesmo.

E quanto a Zhou Yongkang, ele está caindo também? Todos os policiais de Pequim sabem que Zhou Yongkang é muito próximo de Bo Xilai; nós levamos muito a sério quando as pessoas vêm de Chongqing. Agora que as autoridades centrais estão investigando Chongqing, como isso não afetará Zhou Yongkang? Ele até apoiou Bo Xilai durante as duas reuniões. Eu acho que Zhou Yongkang está instável.

Zhou é secretário do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos. A polícia do país inteiro está sob seu comando. Um monte de injustiças foi cometido em todo o país. Zhou apoiou Bo Xilai na campanha de combate ao negro em Chongqing. Se a campanha foi considerada um abuso de poder, Zhou Yongkang deve assumir a responsabilidade. E se Zhou Yongkang cai, então crimes como os cometidos em Chongqing serão todos expostos.

Há rumores na internet que se a colheita de órgãos for exposta, o PCC inteiro cairá. Pequim ainda pode lidar com as coisas que aconteceram em Chongqing, mas e se algo acontece em Pequim, em Zhongnanhai? Então está tudo acabado! Se algo acontecer lá vidas estarão em perigo.

Eu sei que entre o Judiciário inteiro, a polícia é a mais negra. Que caso é investigado? Poucos casos são limpos! Falsas evidências, falsas confissões, uso de tortura para extrair confissões, tudo isso é muito normal. Antes do processo legal começar, a polícia já decidiu sobre o caso. Algumas acusações são dadas através de ordens superiores, algumas são feitas após o pagamento de subornos. [Você] trabalha para quem paga, esta agora é a regra silenciosa. Em alguns casos, eu disse secretamente a advogados honestos, “O caso já foi decidido, simplesmente desista.” A polícia não se preocupa com a lei, ou o certo e o errado, pois eles só ouvem o poder e o dinheiro.

O sistema policial está violando a lei enquanto está plenamente consciente da lei, o que é uma sentença de morte. Eles têm feito muito mal nestes últimos anos. Se o acerto de contas vem, o primeiro a ser retirado deve ser Zhou Yongkang.

As pessoas no nosso escritório ficaram chocadas com a negridão e crueldade desta luta interna súbita entre Wang Lijun e Bo Xilai. Os métodos que eles utilizaram foram piores que os da máfia.

Eu posso ver claramente agora: quando as coisas são boas, tudo bem [cometer más ações], mas quando os problemas surgem, todos empurrarão a responsabilidade [sobre outro]. Nós, os policiais, somos os primeiros no bloco de desbastamento porque nós executamos as ordens. Então, quem falará por você? Quem o protegerá?

Se meus superiores hierárquicos começarem a lutar como Wang Lijun e Bo Xilai, com quem eu posso contar? Ouvi dizer que todos os altos oficiais têm passaportes estrangeiros para que possam escapar! Para onde nós [pequeninos] podemos correr? Quando a raiva pública e queixas são tão fortes, eu nem sequer me atrevo a usar meu uniforme da polícia quando caminho na rua com meu filho. Eu continuo a dizer a meu filho, “Não diga às pessoas que seu pai é um policial”, temendo que ele entre em apuros.

Agora minha preocupação é a segurança da minha família e paz de espírito. Tenho pais e filhos, e uma esposa. Eles dependem de mim. Eu quero permanecer vivo para eles. Par quem eu posso olhar por segurança? Ninguém!

Um amigo do Falun Gong tentou por muitos anos me convencer a renunciar ao PCC. Estou pronto para ouvir agora. Minha cabeça está muito mais clara. Eles estão dizendo isso para o meu próprio bem. O que quer que aconteça, o bem será recompensado e o mal será punido. Eu quero renunciar a todas as organizações do PCC e rezar para que os deuses e os budas protejam a minha família. Eu usarei um pseudônimo para sair do PCC no website do Epoch Times. Lamento usar um pseudônimo, mas estou com muito medo de usar meu nome real, me falta ainda um pouco de coragem. Não tenho a certeza se renunciar com um pseudônimo funcionará para uma pessoa como eu, que fez tantas coisas ruins. Vou pedir a minha esposa e filho para renunciarem também.

Até 23 de abril, 114.966.475 chineses renunciaram a suas filiações ao PCC e organizações associadas. O “Tuidang” ou movimento de renúncia foi inspirado pelos Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês, uma série editorial do Epoch Times.