Repórter detido pela polícia depois de fazer uma pergunta a Hu
Manifestantes em Hong Kong receberam jatos de spray de pimenta da polícia e um repórter foi detido por fazer uma pergunta sobre o Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen) durante a visita de três dias do líder chinês Hu Jintao a Hong Kong para marcar os 15 anos do governo comunista chinês sob a política de “um país, dois sistemas”.
Os manifestantes, que esperavam entregar pessoalmente uma petição a Hu durante um comício em 30 de junho, foram atingidos à queima-roupa com spray de pimenta quando tentavam romper barricadas policiais estabelecidas fora do Centro de Convenções e Exposições de Hong Kong, onde Hu participava de um banquete.
Uma parada e comício, que atraíram cerca de 1.000 pessoas, foram organizados pela ‘Aliança de Hong Kong em Apoio aos Movimentos Patrióticos e Democráticos na China’ (‘A Aliança’), uma organização pró-democracia formada na sequência do Massacre da Praça Tiananmen e uma frente civil de direitos humanos de Hong Kong.
Grupos de direitos coletaram mais de 100 mil assinaturas numa petição exigindo uma investigação sobre a morte de Li Wangyang, um ativista trabalhista chinês que foi detido pelas autoridades chinesas por 21 anos e teria sido enforcado num quarto de hospital recentemente. As autoridades chinesas relataram pela primeira vez que sua morte era um suicídio, mas mais tarde mudaram para uma morte acidental. A morte suspeita e as circunstâncias envolvidas provocaram indignação pública e demandas generalizadas por uma investigação independente.
Depois de um impasse com a polícia durante várias horas, às 20h, representantes da Aliança e da Frente Civil de Direitos Humanos foram autorizados a entrar no hotel onde Hu se hospedava para apresentarem sua petição. A petição foi recebida por Liu Wenda, o vice-diretor do Departamento dos Assuntos de Hong Kong e Macau.
Segundo o Apple Daily, um jornal de Hong Kong com inclinações pró-democracia, jornalistas que reportavam sobre a visita de Hu a Hong Kong também foram acompanhados de perto por agentes da segurança de Estado e da polícia.
Enquanto reportavam sobre a visita de Hu a um novo terminal de navios de cruzeiro em Hong Kong, um repórter do Apple Daily gritou uma pergunta atrás de um cordão de segurança, “Presidente Hu, você já ouviu falar que as pessoas de Hong Kong esperam pela reparação do incidente de 4 de junho?”, relatou o Apple Daily. O incidente de 4 de junho refere-se às manifestações de 1989 lideradas por estudantes da democracia que terminaram numa violenta repressão militar.
O artigo disse que policiais à paisana rapidamente levaram o repórter embora e o detiveram por 15 minutos. Foi-lhe dito que ele estava “ruidosamente perturbando a ordem e violando as regras”.
O Apple Daily também informou que outro de seus repórteres estava tirando fotos da comitiva de Hu quando um atirador de um helicóptero avistou-o e brilhou uma luz amarela em seu rosto e olhos como uma advertência até o repórter deixar a área.
Durante o banquete em 30 de junho, os repórteres trabalhando numa área de imprensa localizada longe de palco do orador estiveram sob a vigilância de policiais e oficiais da segurança de Estado e foram obrigados a pedir permissão antes de ir ao banheiro.
A polícia de Hong Kong usou um grande número de barreiras de controlo de multidão preenchidas com água durante a visita de Hu. O Sr. Chen, um imigrantes de Hong Kong no Canadá, disse ao Epoch Times que a polícia de Hong Kong tem se tornado cada vez mais como a polícia chinesa. Antes da transição de Hong Kong do Reino Unido para a República Popular da China em 1997, quase não houve casos de a polícia usar spray de pimenta ou barreiras de controle, disse ele.
O ‘Monitor de Direitos Humanos de Hong Kong’ condenou a polícia pelo abuso de poder, pela violação da liberdade de imprensa e por não manter a neutralidade política. O Monitor também levantou preocupações sobre a polícia usar a força para remover repórteres que tiravam fotos durante o desfile em 30 de junho, segundo o Apple Daily.
Um repórter do Apple Daily, que foi detido pela polícia, mais tarde escreveu no jornal que ele sentiu uma profunda tristeza após a provação. Ele também criticou o governo de Hong Kong por suprimir a liberdade de reunião e de imprensa, comentando que os residentes de Hong Kong são como “sapos sendo cozidos em água fervendo e que as rãs estão morrendo”.