Polícia de Taiwan reprime violentamente estudantes que invadiram Parlamento

24/03/2014 11:23 Atualizado: 24/03/2014 11:23

As autoridades de Taiwan enviaram um grande número de policiais para as câmaras executivas do governo à meia-noite de 23 de março, com o objetivo de dispersar os manifestantes estudantis que invadiram o complexo horas antes.

Fotos de alunos com rostos e roupas ensanguentados rapidamente surgiram na internet, mostrando que a amizade anterior entre a polícia e os manifestantes foi rompida e que a violência agora é parte das estratégias utilizadas pelo governo de Taiwan para evitar que estudantes ganhem mais terreno.

A invasão noturna dos estudantes no prédio do Executivo Yuan em Taiwan foi o próximo passo tentado pelos estudantes, que há dois dias tomaram o Legislativo Yuan, o Parlamento de Taiwan.

No entanto, nem todos apoiaram. Num e-mail, os ativistas estudantis escreveram: “Os desenvolvimentos no Executivo Yuan são o resultado de uma reunião espontânea de estudantes de todo o país em apoio ao movimento Ocupar o Legislativo, e os desenvolvimentos, bem como o comunicado divulgado mais cedo, não representam necessariamente a opinião dos alunos atualmente no Legislativo.”

Um vídeo do YouTube de cerca de três horas os mostrou escalando as janelas do edifício, enquanto o que parecia serem milhares observavam e cantavam do lado de fora, e outros forçavam a entrada.

Os manifestantes estão furiosos com a tentativa do governo, liderado pelo presidente Ma Ying-jeou, de acelerar a aprovação de uma disputada legislação de comércio com a China. O acordo comercial minaria a soberania e a independência de Taiwan e daria a China comunista demasiada influência econômica sobre o pequeno país insular, dizem os manifestantes.

Quando um parlamentar do Partido Nacionalista, atualmente no poder, tentou avançar o pacto comercial sem uma deliberação cláusula por cláusula, os jovens de toda Taiwan se revoltaram.

Enquanto a polícia tentava dispersá-los do Executivo Yuan na madrugada de 24 de março, muitos alunos se jogarão no chão e ficaram ali, enquanto gritavam “paz”. Outros tiraram fotografias das tentativas da polícia de desalojá-los.

A polícia formou uma parede humana com seus escudos, e começou arrastar para fora os manifestantes inermes, enquanto batia em alguns deles com seus escudos. Os estudantes entrelaçaram os braços enquanto estavam deitados no chão, dificultando os esforços da polícia.

Vídeos no YouTube também surgiram mostrando alguns policiais batendo violentamente nos alunos com seus cassetetes. “A polícia está batendo nas pessoas!”, gritavam os espectadores, enquanto um jovem policial de choque avançava e batia em vários manifestantes desarmados na cara.

Uma hora da madrugada, a polícia tinha ferido pelo menos 52 estudantes em suas tentativas para dispersá-los, informou o Apple Daily, um jornal de grande circulação em Taiwan.

À medida que o conflito prosseguia mais policiais eram enviados, e mais taiwaneses se reuniam do lado de fora do Executivo Yuan para apoiar os alunos. Mais de 10 mil pessoas apareceram até 3h30, segundo uma reportagem ao vivo da NextTV.

Caminhões com canhões de água foram posteriormente enviados, e às 4h30 foram usados contra alguns aglomerados de estudantes. A polícia de choque taiwanesa ainda tentava retirar os alunos seis horas depois do início das invasões do Executivo.

O presidente do país, Ma Ying-jeou, cancelou sua agenda de segunda-feira devido ao conflito. Ele havia rejeitado anteriormente as demandas dos estudantes – de rescindir o acordo de comércio e se desculpar – que parecia, em parte, ter estimulado a tentativa de invasão do Executivo Yuan.

Jiang Yi-huah, presidente do Executivo Yuan, fez um anúncio requisitando mais poder policial.

O governo geral está longe de estar unido na resposta aos protestos. Alguns prefeitos prometeram que nenhum policial de sua cidade terá permissão para confrontar os estudantes. Wang Jin-pyng, o presidente do Legislativo Yuan, o Parlamento de Taiwan, que foi ocupado por estudantes nos últimos três dias, é um adversário político de Ma Ying-jeou.

Wang tomou a decisão de permitir que os estudantes ocupassem as câmaras, e ele não fez qualquer sugestão de que tentará removê-los tão cedo.