Polícia militar chinesa esmaga protestos repentinos em Chongqing

13/04/2012 09:45 Atualizado: 13/04/2012 09:45

Manifestantes em Chongqing seguram um cartaz dizendo Um ponto de interrogação sobre uma conexão com a queda de Bo Xilai

Após dois dias de protestos violentos em Chongqing, que envolveu milhares de pessoas, com carros de polícia virados, confrontos com a polícia, e relatórios não confirmados de várias mortes, as ruas tinham sido quase totalmente limpas, e apenas questões permaneceram sobre o que provocou o incidente e como ele cresceu tão rapidamente.

Chongqing é a antiga fortaleza de Bo Xilai, o membro recém-deposto e desonrado do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCCh). Os protestos ocorreram no mesmo dia que foi anunciado que Bo seria suspenso de seu posto no Partido.

Mais de 10 mil manifestantes se reuniram na zona de desenvolvimento econômico de Wansheng em Chongqing na terça-feira, 10 de abril. Os protestos persistiram durante toda a quarta-feira, mas foram aparentemente encerrados à noite.

Foi relatado que os manifestantes viraram e esmagaram carros da polícia. Vídeos e fotos baixados na internet mostram policiais militares vestidos com uniformes de combate sendo atingidos por pedras.

Os internautas também postaram fotos online de homens e mulheres ensanguentados que aparentemente foram golpeados com bastões de metal da polícia e policiais militares. Vídeos postados no YouTube do por um manifestante mostram duas mulheres sendo perseguidas em volta da multidão por um policial empunhando um cassetete, que dá vários golpes nas costas de uma das mulheres.

O Epoch Times contatou o Sr. Yang, um dos manifestantes, na terça-feira, que disse que a violência da polícia contra os jovens e os idosos deixou muitos irritados, o que levou mais pessoas a aderirem aos protestos.

Um residente de Wansheng, o Sr. Fu, também contatado pelo Epoch Times, estimou que mais de 1.000 policiais armados foram enviados na terça-feira, 10 de abril, juntamente com 40 ou 50 veículos da polícia. Em vários momentos durante o incidente, a polícia disparou gás lacrimogêneo contra a multidão, fazendo mais de uma dúzia de detenções, disse ele. “Eles dispersaram um monte de gente, mas depois de algum tempo elas voltaram novamente”, disse ele.

De acordo com um porta-voz da cidade de Chongqing, 12 carros de polícia foram virados e destruídos, e quatro foram incendiados.

Os protestos começaram na terça-feira, no mesmo dia em que o anúncio foi feito que Bo Xilai, o renegado ex-secretário do Partido de Chongqing, seria expulso do Politburo do Partido Comunista Chinês e de seu Comitê Central, dois dos órgãos principais do poder do regime.

Os manifestantes disseram estar preocupados com a fusão de seu distrito, Wansheng, com outro distrito, Qijiang. Li Tao, um residente de Chongqing, disse numa entrevista ao Epoch Times que Wansheng é economicamente desenvolvido e tem abundantes reservas de carvão, enquanto que a economia de Qijiang não é tão próspera. Após a fusão no mandato de Bo Xilai no ano passado, os moradores de Wansheng sofreram uma diminuição no seu seguro de saúde e benefícios de aposentadoria, disse Li Tao.

Na quarta-feira, o Xinhua, uma mídia porta-voz do regime, informou que os protestos tinham encerrado. Autoridades locais de Chongqing publicaram uma série de “Oito novas políticas beneficentes”, prometendo aumentar os benefícios sociais, numa aparente tentativa de aplacar os manifestantes.

Mas o momento dos protestos, e até certo ponto seu conteúdo, levantou dúvidas sobre a conexão entre os protestos e expulsão de Bo, devido a que num vídeo os indivíduos reunidos estranhamente iniciam uma versão entusiasta do hino nacional do regime

Um usuário escreveu no Twitter, que não é censurado, que, “Eu penso que o que aconteceu em Wansheng, Chongqing, foi muito estranho. Não houve exigências claras ou visão de qualquer processo democrático, tal como problemas com a corrupção, liberdade de expressão, e justiça. Mas logo após Bo ser demitido, muitas pessoas se reuniram para tomar as ruas de Chongqing, e a razão acabou sendo a fusão dos dois distritos ocorrida seis meses antes. Isso é muito difícil de entender. A sensação que me dá é que há alguém manipulando as coisas, querendo agitar as coisas e depois reprimir duramente. Assim como quando eles derrubaram Zhao Ziyang e tomaram o poder em 1989.”

Pesquisas pelos termos “Chongqing”, “Wansheng” e “Qijiang” foram todas bloqueadas no Sina Weibo, uma versão chinesa do Twitter.

Além das concessões aparentes das autoridades de Chongqing, pode ter sido a tática da força que manteve alguns manifestantes afastados na quinta-feira.

Um estudante em Wansheng falando com o NTDTV de Nova York disse que a situação em 12 de abril ainda estava triste. Pelo menos dois estudantes e um idoso foram espancados até a morte na rua nos protestos anteriores, disse o entrevistado. “Agora, há soldados demais, e a supressão foi violenta. Os soldados em conjunto com a polícia bateram violentamente nos jovens e velhos, assim, nós não nos atrevemos a ir às ruas agora.”

Com reportagem de Tang Ming, Jing Hui, Gao Zitan, e Qiao Qi, e pesquisa de Ariel Tian.