Polícia local nega tumulto na Foxconn em Chengdu

13/06/2012 03:00 Atualizado: 13/06/2012 03:00

O complexo da fabricante contratada 'Foxconn International Holdings Ltd.' em 28 de novembro de 2010 em Shenzhen, China. (Daniel Berehulak/Getty Images)O que começou como um impasse entre mais de mil trabalhadores da Foxconn e as forças de segurança na cidade chinesa de Chengdu na noite de segunda-feira logo se transformou num tumulto que deixou muitos feridos e uma dúzia de presos.

A imprensa de Hong Kong, que é conhecida por esquivar-se dos requisitos de censura apresentados pelo regime comunista chinês, informou que os trabalhadores sentiram que os apartamentos de seus funcionários eram mal geridos e que eles eram mal pagos pela empresa de Taiwan que fabrica produtos eletrônicos para o iPad e iPhone da Apple Inc., além do Kindle, PlayStation 3 e Xbox 360.

A Foxconn paga a seus trabalhadores cerca de 1,50 dólares por hora com alguns trabalhando até 76 horas por semana, às vezes 11 dias seguidos.

Apesar de o incidente ter sido amplamente divulgado, a polícia local negou ter havido tumulto.

“Na noite de 4 de junho, sete funcionários da Foxconn em Chengdu, incluindo um chamado Yang Fan, foram jantar num restaurante próximo”, disse a polícia do distrito de Gaoxin em Chengdu nesta quinta-feira em sua página do Weibo, um serviço similar ao Twitter que surgiu após a proibição do website de microblogue em 2009 na China.

“Porque eles estavam bêbados e irritados com uma discussão entre o casal dono do restaurante, eles quebraram propriedades do restaurante e entraram numa discussão com os proprietários. Quando uma testemunha chamou a polícia, os sete funcionários correram para seu complexo de apartamentos gritando ‘estamos sendo espancados!’, o que provocou cerca de 100 outros funcionários a atirarem coisas ao redor.”

Os dois relatos drasticamente diferentes trouxeram muita confusão ao público chinês. A revista Social Outlook de Shanghai publicou, “Será que devemos acreditar na polícia ou na TV? Estamos preocupados com o incidente, mas estes dois relatos são claramente conflitantes. […] Se acreditarmos na polícia, então isso significa que as emissoras de TV estão mentindo, e se acreditarmos nas emissoras, isso significa que a polícia está mentindo?”

Enquanto isso, vários outros usuários do Weibo disseram que estão acostumados a ver o Estado negar todos os relatos de insatisfação e revolta e a polícia controlada pelo Estado não é exceção.

“Cada palavra do Estado leva o público a dúvida! Cada incidente de dúvida do público provoca negação do Estado! Cada incidente que o Estado tenta negar acaba sendo verdade!”, escreveu o usuário ‘angry_cola’ do Weibo na noite de quinta-feira.