Formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Esses são os crimes que a Polícia Civil São Paulo investiga no inquérito sobre o suposto envolvimento de perueiros com ações do Primeiro Comando da Capital (PCC) e o PT, por meio do deputado estadual petista Luiz Moura.
A suspeita é de que as vans estejam em nome de laranjas para lavar dinheiro do crime organizado. Políticos do PT seriam ligados aos cooperados, entre eles o deputado estadual Luiz Moura, que participou de uma reunião alvo de uma operação do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) em 17 de março, na Rua Flores do Piauí, em Itaquera, na zona leste de São Paulo. O local é sede da cooperativa de perueiros Transcooper.
A investigação então apurava o envolvimento do PCC nos ataques a ônibus na capital paulista neste ano, segundo a polícia, “com o objetivo de obter lucro”. Na reunião havia 42 pessoas, treze das quais são suspeitas de integrar o PCC. “Nenhuma delas era permissionária ou tinha qualquer relação com a cooperativa”, afirmou um dos policiais que trabalham no caso. Ao todo, 40 pessoas foram levadas à sede do Deic e ouvidas.
Ainda na Transcooper foi preso Carlos Roberto Maia, o Carlinhos Alfaiate, segundo a polícia, um “famoso ladrão de banco dos anos 1990”. Os policiais querem investigar quem são os permissionários registrados na Prefeitura que têm ônibus e vans em seus nomes. Os policiais do Deic querem saber se eles têm como justificar a propriedade do ônibus ou do micro-ônibus usado na cooperativa. Os perueiros que integram a cooperativa recebem da Prefeitura o pagamento com base no que arrecadam todo dia – dependendo da linha, conseguem faturar até R$ 1,2 mil por dia.
Em média, segundo as planilhas da São Paulo Transporte (SPTrans), cada lotação recebe R$ 25,7 mil por mês da Prefeitura. Em março deste ano, os perueiros receberam R$ 154,3 milhões. A suspeita é de que integrantes do crime organizado seriam donos de vários ônibus colocados em nome de laranjas. Daí a suspeita de lavagem de dinheiro e de formação de quadrilha. Por enquanto, nenhum dos detidos queimando ônibus na capital acusou o PCC pelas ações. Os suspeitos disseram, na maioria das vezes, que agiram em protesto contra a Polícia Militar, depois de policiais matarem algum conhecido.
O deputado estadual petista Luiz Moura, que já foi assaltante condenado a 12 anos de cadeia, nega qualquer envolvimento com o PCC e afirma que estava na reunião na Transcooper – uma cooperativa da qual já foi diretor – negociando o reajuste salarial dos trabalhadores justamente para evitar greves. Moura é ligado ao secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. Os dois fazem parte da mesma corrente no partido, a PTLM (PT de Lutas e Massas), uma das maiores da capital paulista.
O petista Luiz Moura exerce seu primeiro mandato de deputado na Assembleia Legislativa de São Paulo. Nos anos 1990, ele foi condenado pela Justiça do Paraná e também pela Justiça de Santa Catarina a cumprir 12 anos de prisão por assaltos à mão armada. Luiz Moura passou mais de um ano e meio na prisão, mas fugiu. Foi beneficiado pela prescrição e apresentou-se depois para pedir reabilitação criminal. Declarou-se arrependido e alegou que cometeu os crimes porque usava drogas.