Polícia falha em resgatar jovem vítima da tempestade em Pequim

31/07/2012 03:00 Atualizado: 31/07/2012 03:00

Casas danificadas na área mais afetada de Fangshan, nos arredores montanhosos do sudoeste de Pequim, em 26 de julho de 2012. (STR/AFP/Getty Images)Número de mortos real maior do que os números do Estado, diz pai

Jia Xiaohan, de 19 anos, estava dirigindo para casa com a madrasta e sua irmã mais nova no distrito de Fangshan em Pequim por volta das 19h em 21 de julho, quando se depararam com as águas da enchente.

Elas saíram do carro e conseguiram agarrar uma árvore próxima ao subir em cima do teto do carro. A madrasta Li Yujie chamou 110 (o número de emergência na China) e informou a polícia sobre seu paradeiro.

Mas logo depois, tanto a mãe e a irmã mais nova foram arrastadas pela correnteza da inundação, deixando Jia Xiaohan por conta própria para chamar o pai das meninas e a tia para obter ajuda.

Depois de receber a chamada de telefone de Li Yujie, o pai de Jia Xiaohan, Jia Donghui, que estava trabalhando num local distante, chamou 110 imediatamente.

Uma hora depois, dois policiais chegaram ao local, mas não tentaram encontrá-la.

Em seguida, Jia Donghui, chamou os bombeiros para ajudarem. Quatro horas mais tarde, à meia-noite, os bombeiros finalmente contataram-no para pedir a localização de sua filha. Seis bombeiros foram enviados ao local, mas não fizeram nada para salvá-la, disse Jia Donghui.

Quando ele ligou novamente para 110, ele foi transferido para a Delegacia de Polícia do distrito de Shilou. Os policiais lhe disseram, “Nós só temos 12 pessoas. Não temos tempo.”

Por volta das 22h, os parentes finalmente localizaram a madrasta Li Yujie e pensaram numa forma de resgatar a menina Jia Xiaohan.

O pai Jia Donghui disse, “Depois da meia-noite, encontramos um cabo de telefone e amarramos uma ponta numa casa e a outra extremidade a uma árvore. Seguramos no cabo de telefone e começamos a avançar. A água atingia meu pescoço. Depois de caminhar por cerca de 100 metros, encontramos Li Yujie e a salvamos.”

“Mas onde estão minhas filhas? Ninguém as está resgatando. Eu já liguei para a polícia!”, lamentou Li Yujie quando soube que as meninas ainda estavam desaparecidas.

A filha mais nova foi resgatada por aldeões às 5h da manhã seguinte, depois de ter ficado presa por 10 horas.

Dois dias depois, por volta das 15h de 24 de julho, o corpo de Jia Xiaohan foi encontrado.

“Minha filha é a única pessoa ausente no distrito de Shilou. O governo local nem sequer me ligou até agora. Ninguém [do governo] veio”, disse Jia Donghui.

Ele acrescentou que não acredita nos números divulgados inicialmente pelas autoridades chinesas. “Os relatórios dizem que 37 morreram, isso é impossível. Apenas as mortes no distrito de Fangshan ultrapassaram esse número. No primeiro dia [22 de julho], eu fui ao Centro Forense de Xiaozhuang para reconhecer o corpo de minha filha. Havia mais de 40 mortos [da enchente] lá.”

Em 26 de julho, a mídia estatal anunciou que o número de vítimas mortais da tempestade em Pequim tinha aumentado para 77 pessoas.