Três crianças em idade escolar se afogaram num rio na cidade chinesa de Fuzhou na semana passada, porque a polícia local não estava disposta a resgatá-las até que os membros da família fossem capazes de pagar, segundo um relato online do incidente que provocou grande revolta.
Quando os parentes chegaram para recuperar os corpos, eles foram agredidos pela polícia e uma pessoa foi presa; um policial tentou roubar as joias de um dos parentes, antes que a polícia levasse os corpos para destruir as provas. O incidente, uma vez exposto online, provocou nova indignação pública contra o regime comunista chinês e seu sistema de aplicação da lei.
Os eventos ocorreram em 11 de agosto e logo foram mencionados numa postagem pelo blogueiro Chen Xin no popular website de microblogue Tencent Weibo.
Chen Xin disse que as crianças tinham cerca de 12 anos e caíram num rio no Parque Zhongzhou, no distrito de Linchuan, cidade de Fuzhou, província de Jiangxi.
A polícia, disse o blogueiro, chegou 40 minutos depois que foi chamada e não fez qualquer tentativa para resgatar as crianças.
Um usuário no fórum da web Tianya disse que a polícia não tomou nenhuma providência até cerca das 18h, quando um pequeno barco chegou. Eles procuraram por um curto tempo, mas cancelaram a busca dizendo que voltariam no dia seguinte às 6 da manhã. No entanto, o internauta disse que a polícia não chegou ao local até 9 horas da manhã, quando tiraram os três corpos do rio.
Antes de as crianças se afogarem, os parentes se ajoelharam e imploraram aos policiais para salvarem seus filhos, dizia a postagem do usuário do Tianya. Mas a polícia respondeu exigindo dinheiro deles.
“Os familiares disseram, ‘Salve-os primeiro e depois que estiverem salvos nós com certeza pagaremos o dinheiro’”, disse o usuário do fórum.
Nesse momento, multidões de pessoas se reuniram no local e centenas de policiais foram mobilizados para dispersá-los, acrescentou o internauta.
Chen Xin disse que os pais das vítimas chegaram no dia seguinte para retirar os corpos, mas foram parados pela polícia, que as espancou severamente. Também espancaram agricultores locais que tentavam acabar com o conflito.
Mais tarde, a polícia “insistiu em levar os corpos para que pudessem destruir as provas e não ser responsabilizados”, disse Chen Xin.
Um residente local de Linchuan, que não quis ser identificado por razões de segurança, disse ao Epoch Times que “a polícia precisava de no máximo 10 minutos para chegar ao local” e resgatar as crianças.
Ele confirmou as postagens da web citando um colega que testemunhou o incidente do espancamento dos familiares, alguns ficaram sangrando. Ele disse que a polícia em Linchuan tem “má reputação e não é diferente de bandidos”.
Um repórter do Epoch Times contatou a delegacia de polícia local em Linchuan e foi atendido por um policial que não quis dar seu nome. O oficial negou que a polícia chegou tarde, que deixou as crianças se afogarem ou ou que levou os corpos, mas disse, “Não podemos falar sobre isso com você.”
Nos últimos meses, o público chinês tem difundido informações em serviços populares de microblogue na internet chinesa sobre vários escândalos envolvendo a polícia e funcionários corruptos do governo, incluindo a imagem de uma mulher e seu feto morto numa cama de hospital em junho, depois que as autoridades locais realizaram um aborto forçado aos sete meses de gravidez.