Polícia chinesa em repressão mortal aos protestos de Guangdong

03/07/2012 03:00 Atualizado: 03/07/2012 03:00

Polícia de choque chinesa. (Andrew Wong/Getty Images)Trabalhadores chineses imigrantes na província de Guangdong disseram que as forças policiais e paramilitares foram orientadas a usarem força letal para conter as manifestações na cidade de Zhongshan dos últimos dias, segundo os jornais Ming Pao e Apple Daily, ambos de Hong Kong.

Nos últimos dias, moradores locais, trabalhadores imigrantes principalmente da província de Sichuan e policiais entraram em choque um com o outro em Zhongshan, particularmente na cidade de Shaxi, que fica do outro lado do Rio Pérola de Hong Kong. A área é uma das principais da indústria de produção de vestuário da China e emprega milhares de pessoas.

Os migrantes que trabalham em fábricas na província sudeste há muito se queixam de serem maltratados e receberem salários baixos em comparação com os habitantes locais. O motim começou em 25 de junho depois que o filho de um trabalhador imigrante foi espancado pelas forças de segurança locais quando ele entrou numa briga com meninos locais.

Após o incidente, milhares de trabalhadores imigrantes de Guangzhou, Foshan e Jiangmen (outras cidades da província de Guangdong) se “reuniram em Shaxi” e até cercaram alguns dos edifícios do governo da cidade, disse o Ming Pao. Trabalhadores atiraram tijolos e outros objetos nos policiais, que, por sua vez, atacaram os trabalhadores e os moradores locais.

Pelo menos 10 mil policiais armados e da polícia de choque foram posicionados para lidarem com os tumultos, segundo o Ming Pao, que relatou sobre os rumores que circulavam. Outros boatos foram espalhados entre os moradores e internautas dizendo que a polícia foi autorizada a usar força mortal. Alguns internautas chineses disseram que havia 3 mil policiais em Shaxi.

Altos oficiais do Partido Comunista Chinês (PCC) proferiram uma ordem à polícia armada e de choque para “atirarem a qualquer momento” quando a situação estivesse fora de controle, informou o Apple Daily. O website dissidente Molihua reportou nesta quarta-feira que nos dias anteriores, várias pessoas morreram nos confrontos e mais de 100 ficaram feridas, a maioria das quais eram trabalhadores imigrantes. No entanto, segundo a Voz da América, cerca de 30 pessoas podem ter morrido na violência.

Um internauta chinês no website QQ, que se identificou como “Vento”, disse que no dia 26, enquanto ele dirigia em Zhongshan, a tropa de choque espancou qualquer um que visse. “Havia feridos caídos no chão, janelas quebradas e pedaços de carros espalhados na estrada. Muitas pessoas foram espancadas até a morte e ficaram estiradas no lado da estrada”, disse o internauta.

O blogueiro do QQ disse que “todos os hospitais” foram inundados com pessoas que ficaram feridas nos confrontos e disse que, “O número de mortos continua subindo.” Ele acrescentou que seu pai foi uma das vítimas da brutalidade policial e estava em estado crítico quando foi admitido no hospital.

Mas, apesar da gravidade do incidente, ele disse que oficiais chineses locais do PCC disseram aos hospitais para forçarem a saída de trabalhadores imigrantes feridos na “tentativa de evitar serem responsabilizados”.

Um repórter do Epoch Times ligou para a delegacia de Shaxi na quarta-feira, pedindo para falar com um porta-voz sobre os tumultos. Um oficial, que recusou dar seu nome, disse para ligar para o “departamento de propaganda local para obter uma resposta, nós não somos responsáveis a responder a estas questões”.

Quando o repórter ligou para o escritório do governo municipal de Zhongshan, um oficial disse que “absolutamente ninguém” foi ferido ou espancado durante os tumultos e acrescentou que o repórter deveria contatar o departamento de propaganda. Quando o Epoch Times tentou chamar o departamento de propaganda, não houve resposta.

Nos últimos dias, os moradores da região foram informados tanto por policiais como por manifestantes para permanecerem em suas casas. Um morador local disse que se eles falassem mandarim (a língua chinesa padrão), eles seriam atacados pela polícia, mas se eles falassem cantonês (o dialeto local), os trabalhadores imigrantes, provenientes de áreas onde se fala o mandarim, os atacariam, segundo o Ming Pao.

John Sudworth, um repórter da BBC que estava em Shaxi na quinta-feira, disse que viu centenas de policiais de choque marchando em formação nas ruas. “A polícia simplesmente começou a bater nas pessoas sem motivo, qualquer imigrante na rua, eles simplesmente espancavam”, disse uma mulher à BBC.