Plantações irrigadas com águas residuais industriais na China, uma prática comum

23/03/2013 15:49 Atualizado: 23/03/2013 15:49
Uma espessa camada de celulose se acumula na superfície de extensos campos na província de Hebei, onde os agricultores foram forçados a usar águas residuais de uma fábrica de papel para irrigar suas plantações (Dahe.cn)

Agricultores de diversas áreas da província de Henan na China foram obrigados a irrigar seus campos com águas residuais industriais porque as fontes de águas subterrâneas secaram ou foram poluídas pela atividade industrial local, segundo a mídia estatal.

As colheitas destes campos poluídos são todas vendidas, porque nenhum dos agricultores se atreve a comer sua própria produção, segundo os moradores locais.

Um artigo da mídia estatal chinesa Dahe descreveu os dejetos descarregados pela Fábrica de Papel Dongfeng, localizada no município de Dakuai, distrito de Fengquan, cidade de Xinxiang, como “cinzentos e pegajosos”. Uma vala aberta de 200 metros de comprimento leva a “água” diretamente às fazendas vizinhas para irrigação, sem tratamento prévio, e uma camada espessa de polpa se acumulou sobre a superfície dos campos, disse a reportagem.

Pan Kangping, gerente da empresa Dongfeng, foi citado dizendo que o comitê da aldeia tinha assinado um acordo com eles, permitindo a utilização das águas residuais da fabricação de papel para a irrigação agrícola.

O morador local Sr. Zhang disse a Dahe que as terras costumavam ser irrigadas com água retirada de poços de 20-30 metros de profundidade. Após a fábrica de papel ser construída, a empresa perfurou quatro poços de até 100 metros de profundidade para bombear água subterrânea para a fabricação. Os agricultores, contudo, foram privados de água para irrigar os campos, pois seus poços secaram.

Então, os moradores se reuniram com o comitê da vila e a fábrica para chegar a um acordo, disse Zhang. O fábrica disse que os moradores poderiam comprar água bombeada de seus poços profundos ou usar as águas residuais “tratadas” da produção de papel.

Os moradores sentiram que seus interesses haviam sido violados e se recusaram a comprar água da fábrica. Mas eles não podiam esperar e deixar as mudas de trigo secarem, disse Zhang, e, sem alternativa melhor, tudo que podiam fazer era usar as águas residuais que não precisavam ser pagas.

“Vendemos toda a colheita para o mercado. Não nos atrevemos a ficar com nada para nosso próprio consumo”, admitiu Zhang.

Situações similares existem por toda a província de Henan, segundo o artigo. Há uma série de fábricas que produzem perucas no município de Wocheng, condado de Linying, que está sob jurisdição da cidade de Tahe. O processo de fabricação de perucas envolve tratamentos ácidos e alcalinos e isso gera uma grande quantidade de resíduos que deveriam ser tratados antes de serem descarregados das fábricas.

A Companhia Qianyao Empreendimentos é uma dessas fabricantes de perucas. Suas instalações se situam entre residências de camponeses. Atrás das instalações, próximo a vastos campos de trigo, há um grande fosso usado para o armazenamento temporário das águas residuais da produção industrial. Montes de perucas desmanteladas se acumulam em torno do fosso, emitindo odores pútridos.

Os moradores disseram que Qianyao está em operação há muitos anos. As fontes locais de água subterrânea para beber e irrigar os campos estão todas poluídas e os agricultores não se atrevem a comer os produtos que cultivam.

A crescente consciência ambiental e a vontade das pessoas de expressarem suas preocupações têm deixado o Partido Comunista preocupado com mais protestos e instabilidade social.

Recentemente, internautas chineses, a mídia estatal e até mesmo delegados no Congresso Popular Nacional expressaram sua indignação quando o Ministério do Meio Ambiente da China disse ao advogado Dong Zhengwei que ele não poderia ter acesso aos dados da poluição do solo referentes aos dois últimos anos porque eram “segredo de Estado”, informou a Reuters num artigo de 10 de março.

Epoch Times publica em 35 países em 21 idiomas.

Siga-nos no Facebook: https://www.facebook.com/EpochTimesPT

Siga-nos no Twitter: @EpochTimesPT