Planos de carvão da China agravarão crise da água, diz grupo

22/08/2012 15:43 Atualizado: 22/08/2012 18:47
Um mineiro chinês caminha sobre o carvão em 19 de agosto de 2006 na Região Autônoma da Mongólia Interior, China. (China Photos/Getty Images)

Relatório do Greenpeace pede ao regime que reconsidere

A China planeja construir 16 grandes bases de carvão, principalmente na região ocidental do país, até 2015, segundo um relatório do Greenpeace divulgado na terça-feira dia 14.

Em seu 12º Planejamento Quinquenal, a China tenta extinguir uma demanda crescente por eletricidade, quase 70% da qual provém do carvão. O relatório intitulado “Sede de Carvão: Uma crise de água exacerbada pelas novas megabases energéticas de carvão da China” apela fortemente aos responsáveis políticos que reconsiderem a estratégia e preservem o já limitado abastecimento de água.

O Greenpeace e o Instituto de Ciências Geográficas e Recursos Naturais colaboraram num estudo para estimar o consumo de água das 16 bases de carvão. O estudo conclui, “Essa expansão maciça das bases de carvão contrariam a distribuição desigual dos recursos hídricos do país e se a China insistir em prosseguir com o plano, o Oeste já árido da China sofrerá uma série de crises de água.”

Drenando o Rio Amarelo

Estas novas bases energéticas de carvão ameaçam seriamente a sobrevivência da segunda maior fonte de recursos hídricos da China, o Rio Amarelo. Atormentado com a poluição por mais de sete anos, o que iniciou a crise de água, o Rio Amarelo era conhecido como o berço da antiga civilização chinesa. No passado, o rio fornecida água para 12% dos 1,3 bilhão de chineses e 15% de suas terras agrícolas, segundo um artigo de 2005 do Epoch Times.

O Greenpeace informa que as bases de carvão localizadas no curso superior e médio despejam mais de 80 milhões de toneladas de resíduos no Rio Amarelo, que eventualmente fluem para o rio, causando prejuízos financeiros de 11,5 a 15,6 bilhões de yuanes (1,81-2,45 bilhões de dólares). A água já foi cortada em várias cidades devido à poluição.

Se cinco novas bases de carvão forem construídas como planejado, o Greenpeace alerta que o rio continuará a ser drenado e residentes serão ainda mais privados do acesso à água. “Essas cinco bases de carvão, que contêm 41% das reservas totais de carvão do país, estão localizadas no trecho superior do rio. Essas ‘cinco grandes’ são também grandes consumidoras de água, drenando os afluentes do Rio Amarelo, fazendo-os secar com mais frequência e cortando a água que poderia contribuir para o Rio Amarelo.”

Tornando a Mongólia Interior árida

Os 11 bases de carvão restantes planejadas para mais além do Rio Amarelo no território da já árida Mongólia Interior, engolirão cerca de 139,5% do seu consumo de água industrial de 2010 até 2015, segundo estimativa do Greenpeace. Com apenas 1,6% das fontes de água do país, a região da Mongólia Interior já sucumbiram a danos irreversíveis ao abastecimento de água, pastos e florestas. O relatório indica que 73,5% das pastagens já estão degradadas.

O relatório prevê que até 2015 a demanda anual de água do setor de carvão na Mongólia Interior será cerca de 3,1 bilhões de metros cúbicos, “que é quase o volume total dos recursos hídricos das pastagens do Xilin Gol”, disse o relatório, referindo-se às planícies perto de Xilinhot, a capital da província, cobrindo mais de 200 mil quilômetros quadrados no Planalto da Mongólia.

O Greenpeace também revelou que várias empresas de energia investem diretamente em grandes projetos de barragens e reservatórios no interior da Mongólia, tirando água do rio que normalmente nutre as pastagens.

Para evitar uma grave crise ambiental, o Greenpeace sugeriu que, “uma avaliação rígida e robusta da demanda de água deve ser feita sobre as bases energéticas de carvão da China […] Sugerimos que novas avaliações sejam realizadas o mais rápido possível sobre a demanda de água de todo o plano de desenvolvimento energético de carvão.”