Terra permanentemente deformada: Geólogos descobriram que a crosta da Terra pode não ser tão elástica como se pensava anteriormente. Terremotos no norte do Chile têm deformado permanentemente a Terra.
O Deserto do Atacama, no norte do Chile, oferece uma visão única das mudanças na crosta terrestre ao longo de quase um milhão de anos e após milhares de terremotos.
“Em todos os outros lugares, processos na superfície apagam [as mudanças] em poucos dias ou semanas após sua formação”, disse o geólogo estrutural Richard Allmendinger da Universidade de Cornell ao OurAmazingPlanet. Allmendinger e seus colegas publicaram um estudo em 28 de abril mostrando que terremotos de magnitude 7 ou maiores causaram rachaduras permanentes na crosta da Terra.
Isso poderia mudar a forma como os geofísicos veem o ciclo de terremotos.
“Seus modelos geralmente assumem que toda a deformação da placa superior relacionada com o ciclo de terremotos é elástica – recuperável, como uma faixa elástica – e não permanente”, disse Allmendinger. “Se alguma deformação é permanente, então, os modelos terão de ser repensados e o comportamento de materiais mais complicados terá de ser utilizado.”
Allmendinger explicou num e-mail ao Epoch Times que seus resultados não refutam os modelos geofísicos atuais, mas mostram que esses modelos são supersimplificados. Atualmente, geofísicos analisam os dados geodésicos do Sistema de Posicionamento Global (GPS) com a suposição de que as deformações são elásticas.
Na verdade, cerca de 10% do sinal do GPS reflete deformação permanente, explicou Allmendinger.
Em 2010, a Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço (NASA) divulgou as primeiras imagens de radar da deformação causada por grandes terremotos. Um artigo de junho de 2010 na Rede Ambiental de Notícias explica que a compreensão da deformação permite aos pesquisadores entenderem como movimentos do solo podem redistribuir a tensão para outras falhas nas proximidades.
Assim, a compreensão da deformação da crosta da Terra causada por terremotos poderia ajudar os pesquisadores a terem uma imagem mais clara de que tipo de deformação outras falhas estão experimentando.
Embora uma melhor compreensão sobre esta tensão possa ser um passo em direção à previsão de terremotos, disse Allmendinger ao Epoch Times, “ainda falta muito para a previsão de terremotos, infelizmente”.
Ele disse que sua pesquisa ajudará principalmente na compreensão do quão fortemente ligados estão a crosta e o manto onde as placas tectônicas se encontram no período de acumulação de tensão antes de um terremoto.
O programa UAVSAR (Radar de Abertura Sintética e Veículo Aéreo Não-Tripulado) da NASA usa imagens aéreas para rastrear as mudanças na crosta terrestre. No entanto, estas imagens só mostram as mudanças na superfície, que Allmendinger disse serem logo apagadas.
Quando seu colega chileno, o Prof. Gabriel González da Universidade Católica do Norte, levou-o a uma região do Deserto de Atacama onde as rachaduras estavam bem expostas, ele ficou surpreso e perplexo.
“Nunca vi nada parecido com aquilo em meus 40 anos como geólogo”, disse Allmendinger ao OurAmazingPlanet.
Ele e seus colegas descobriram rachaduras de tamanhos variados, de centímetros até metros, causada por 2 a 9 mil grandes terremotos ao longo dos últimos 800 mil a 1 milhão de anos. Allmendinger disse que tem razão suficiente para acreditar que suas descobertas também se aplicam a outras regiões do mundo.
O estudo foi publicado no periódico Nature Geoscience em 28 de abril.
Terremoto: O que significa ‘magnitude’? (vídeo por Space.com)
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