No passado, todo o Oriente foi bastante influenciado pelo Confucionismo. O cultivo de valores morais e a valorização da virtude eram colocados em primeiro lugar. As pessoas viviam conforme o que era considerado apropriado e bom à sociedade e à natureza humana. A relação entre um casal, a relação homem-mulher, não era um fim em si mesma, mas, sim, um meio para melhorar a ambos, fortalecer a família, as relações sociais e devia, antes de tudo, estar em conformidade com o Tao, ou seja, com os princípios e e leis universais estabelecidos para uma vida humana conjugal harmoniosa e virtuosa: bondade, verdade, fidelidade, respeito mútuo…
Naqueles tempos, a mulher oriental era educada para ser senhora da casa, mãe e esposa. Cabia à mulher compreender, respeitar e harmonizar no homem seu aspecto condutor, forte, afirmativo e racional como pai, marido, governante, guerreiro… Cabia ao homem compreender, respeitar e harmonizar aspectos inatos no feminino: delicadeza, sensibilidade, expressividade, intuição… Era papel do homem para com a mulher: ouvi-la, protegê-la, respeitá-la e tratá-la com hombridade.
O casal, homem-mulher, equilibrava e reforçava a relação mutuamente pela complementaridade entre as características masculinas e as femininas: sentimento-racionalidade, força-delicadeza, afirmação-silêncio… Dessa interação nascia relacionamento efetivo. A receita para o sucesso era o cultivo e prática de altos valores morais dentro e fora da família. Segundo registros e relatos da época, diferentemente do que podemos imaginar com base em nossos tempos, a mulher oriental daqueles tempos não se sentia frustrada ou inferiorizada ao assumir esse papel, ao contrário, era sensato e natural.
Tampouco o papel do marido era pequeno, pois tratar a esposa de maneira feminina, de realmente respeitá-la, exigia também dar o melhor de si para estar em conformidade com o Tao.O egoísmo e a infidelidade não prevaleciam. Construir uma relação com base na luxúria e na busca do prazer sensual era vista com repreensão, pois era receita certa para relações não duradouras e fugazes. Naqueles tempos, a função da família, o respeito mútuo, o papel do homem e o papel da mulher, vinham antes do “amor” de homem-mulher; a paixão em si mesma era vista como algo que embotava a mente, cegava a relação e ceifava a serenidade. Era considerada uma relação baseada no fugaz e passageiro, sem alicerces.
Olhando de uma perspectiva da sociedade atual, a relação homem-mulher, marido-esposa, daqueles tempos poderia parecer absurda, machista, castrante, sem vida… Olhando da perspectiva daqueles tempos, a relação homem-mulher, marido-esposa, dos dias de hoje seria degenerada e egocêntrica.
Os tempos mudaram. Contudo, não se pode entender ou julgar os costumes e valores de uma época, de uma sociedade, com base no contexto de costumes, noções e valores de outra época, no caso, a atual. É preciso ter nascido e vivido numa época para poder realmente entendê-la ou julgá-la.
Se como sociedade nós mudamos para melhor ou pior, cabe a cada um julgar por si só. De qualquer forma, numa sociedade onde o papel e características do homem e da mulher se misturam e confundem, em que o masculino é antagonizado negativamente pela mulher e vice-versa, em que as energias estão invertidas, em que as energias disputam em vez de se reforçarem mutuamente, não é possível a harmonia, a valorização, o respeito e fortalecimento na união homem-mulher.
Veja algumas pinturas retratando mulheres orientais e algumas das características femininas valorizada naqueles tempos: