Os céus encheram-se de aviões bombardeiros e de combate. Seus motores zumbiam de forma constante sobre os anteriormente quietos céus da Alemanha. A meta da missão de 24 março de 1945 era o tanque da fábrica de montagem Daimler-Benz – um dos alvos mais fortemente vigiados do Terceiro Reich.
Quando eles se aproximaram de Berlim, ficou evidente a realidade de uma das mais perigosas missões aéreas da Segunda Guerra Mundial. Eles estavam contra os primeiros aviões-caça do mundo – os jatos-alemães ME 262.
Em meio aos horrores da Segunda Guerra, estes eram os monstros do céu. Eles podiam voar a 240 km/h mais rápido que o mais veloz avião de combate dos EUA, e podiam subir a 1.300 pés acima dos Mustangs P-51 com os quais lutavam na batalha.
“Eles tiveram apenas um efeito devastador quando se depararam com bombardeiros americanos, porque eles poderiam subir muito alto e apenas fazer passes através das formações dos bombardeiros e derrubá-los”, disse Roosevelt Lewis, ex-coronel da Força Aérea.
Porém, uma coisa que os alemães não esperavam era os pilotos de Tuskegee voando com os americanos. Eles eram pilotos de combate afro-americanos que tiveram de lutar contra o preconceito em casa para que pudessem ir à guerra contra os alemães, cuja participação na batalha era uma honra. “Eles não tinham medo de nada”, disse Lewis. “Eles queriam uma chance de voar e lutar por esta nação.”
Os homens que voaram os Mustangs P-51 de cauda vermelha são conhecidos por nunca terem perdido um bombardeiro em todas as suas centenas de missões de escolta. Os pilotos negros eram discriminados em cada turno, o que fez com que essa discriminação fosse a causa de mostrar ao mundo o que eles poderiam fazer.
Eles concluíram a missão e escoltaram os bombardeiros de volta para terreno seguro.
Um legado contínuo
Lewis é o presidente da seção dos pilotos de Tuskegee em Tuskegee, Alabama, e foi treinado pelos homens que ajudaram a acabar com a segregação nas forças armadas na agora famosa base aérea.
Ensinar o seu legado tornou-se obra de sua vida.
Os refletores novamente estão nos pilotos de Tuskegee. Em 20 de janeiro o diretor George Luca estará exibindo “Caudas Vermelhas”, um filme sobre eles, baseado no apelido “Anjos de Caudas Vermelhas”, dado a eles pela tripulação dos bombardeiros.
Lewis é mais um dos muitos afro-americanos que se inspirou neles. Ele se encontrou com o Gen. Benjamin O. Davis Jr., comandante dos pilotos de Tuskegee, em 1960, quando entrou para o Corpo de Treinamento de Oficiais da Reserva (ROTC em inglês).
Lewis disse “Ele disse uma coisa que ficou para sempre comigo”. Ele disse “o seu desempenho é a sua medida de mérito para esta vida.”
Gen. Davis ensinou a ele virtudes que ele carrega até hoje, as quais, por sua vez, ele transmitiu para as gerações mais jovens de hoje. Ele disse que a discriminação vai além da raça – pode ser alguém que não foi selecionado para um jogo de basquete porque é baixo, ou foi deixado de lado por causa de outros conceitos.
Mas o que ele aprendeu é que uma pessoa precisa fazer bem feito sob quaisquer circunstâncias, e que uma pessoa tem que ter tanto uma paixão pelo que faz como a habilidade de perseverar durante as dificuldades.
Ele disse que eventualmente então, “essas coisas aparecerão”. E quando a oportunidade finalmente chegar, “Seu desempenho tem que ser igual a como ninguém fez antes.”
Ele fez referência à missão de bombardeio em Berlim. Anteriormente à missão, o comandante geral recebeu uma mensagem da tripulação de bombardeio dizendo que se eles fossem para Berlim, eles iriam querer os Anjos de Caudas Vermelhas ao lado deles.
Ouvindo isso, Davis mudou a arte da ponta do seu P-51 para “Por Solicitação”, que era uma nota para ele e seus homens para que quando ninguém acreditasse neles, eles iriam exibir e mostrar o que poderiam fazer, e quando chegasse a hora, outros os iriam procurar.
Lewis disse: “Pela primeira vez durante a guerra, os pilotos estavam sendo tão solicitados até que, por causa de sua reputação e por causa do trabalho que estavam fazendo protegendo suas escoltas, eles foram procurados pelas unidades brancas de bombardeiros.”
Mas ele notou que, o que os Pilotos de Tuskegee deixaram para trás não é “uma história negra ou uma história branca.”
“Esta é uma história americana, de excelente qualidade”, ele disse. “Realmente esta é uma história de disciplina. Uma história de perfeição. Uma história de gente que não desiste, não importando as probabilidades de dar certo. Esses eram americanos que não iriam desistir – que lutaram pela oportunidade de lutar pelo seu país, e quando a oportunidade lhes foi dada, eles se superaram.”
Acrescentou que a história dos Pilotos de Tuskegee é uma história que não quer viver em segregação. Por melhor dizer, é uma lição que, quando se está sendo desconsiderado, posto de lado e julgado, eles podem cobrar sem auto-piedade, e alcançar seu grau de importância sem ressentimentos. E é um lembrete de que a única maneira de se eliminar a discriminação é se elevar acima dela.