Hoje eu escreveria sobre um assunto mais filosófico, mas não dá para não comentar a bizarra escolha de Aldemir Bendine para a presidência da Petrobras. Em um momento extremamente delicado da empresa, a Presidência da República resolve nomear um indivíduo que é investigado por usar sua posição como Presidente do Banco do Brasil para conceder empréstimos com favorecimento pessoal, em taxas abaixo da inflação, além de recair suspeitas de evasão fiscal, o que chegou a fazer com que Bendine chegasse a por o cargo à disposição.
Não havia realmente ninguém na alta cúpula do poder em Brasília que tivesse um currículo limpo para assumir cargo tão importante? Uma única pessoa que fosse? Ou será que na verdade é justamente quem faz bandalha, ou pelo menos é acusado de fazer, que acaba sendo premiado nessa estranha corrida candanga por mais e maiores escândalos?
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Outra pergunta que se faz pertinente: se o PSDB tivesse privatizado a Petrobras no fim da década de 90, esses escândalos estariam acontecendo hoje? Porque, se olharmos empresas como a Vale do Rio Doce, a CSN e a Embraer, vemos que, por mais que tais companhias apresentem pontuais falhas de gestão (como toda empresa apresenta), ainda assim não se ouve ou lê nada nessas empresas acerca de corrupção, e se existisse, seria um problema dos donos, e não um problema público. E ainda na hipótese da privatização, será que a Petrobras estaria fazendo sucessivos endividamentos, que já ultrapassam 250 bilhões de reais, ou estaria dando apenas lucro via royalties e tributos, sem o custo do aparelhamento político e do rent seeking?
Essa escolha reforça a ideia de que empresas públicas simplesmente não são pautadas por governança corporativa, meritocracia e metas econômicas. E que todas deveriam ser privatizadas, com consequente abertura do mercado em questão.
No mais, desejamos boa sorte à nova autoridade da Petrobras, mas provavelmente tudo continuará como está.