Embora o Ano Novo Chinês seja tradicionalmente uma época em que os chineses viajam para casa para estar com suas famílias, a semana antes do dia de Ano Novo viu mais de mil peticionários de diversas províncias irem a Pequim.
Os peticionários levavam suas histórias – sobre os abusos de funcionários do governo e a corrupção – até os três departamentos principais que recebem as queixas: a Secretaria de Cartas e Apelações do Estado, a Secretaria de Cartas e Visitas do Congresso Popular Nacional e a Secretaria de Reclamações do Comitê Central de Inspeção Disciplinar.
Na tarde de sexta-feira 24 janeiro – uma semana antes do dia de Ano Novo, que este ano cai em 31 de janeiro – as ruas em torno dessas agências ficaram lotadas de pessoas. Também nas ruas estava uma multidão de policiais enviados para prendê-las.
De acordo com Wang Zaiming, um peticionário de Shanghai, viaturas da polícia estavam estacionadas pelas ruas, bem como vários ônibus, prontos para levar os peticionários para Jiujingzhuang, uma notória “prisão negra”. Prisões negras são locais de detenção na China que não aparecem nos registros oficiais. A polícia detém indivíduos nelas sem necessidade de justificativa, formalidade ou audiência legal.
Jin Yuehua, outra peticionária de Shanghai, disse: “Entre os 2 e 3 mil peticionários de diferentes áreas de todo o país estavam em Pequim, cerca de mil peticionários vieram de Shanghai. Havia uma dúzia de ônibus fora dos órgãos de apelação. Por volta das 17h, a polícia de Pequim e outras pessoas que visavam a impedir os peticionários de Shanghai de apelar já estavam à espera. Eles nos colocaram à força nos ônibus e nos jogaram em Jiujingzhuang.”
“Ano após ano, dia após dia, todos nós, viajamos miseravelmente e com grande dificuldade a Pequim para apelar, mas nada tem sido resolvido”, disse ela. “Com decepção e raiva, nós persistimos em nosso protesto, levantando faixas e gritando palavras de ordem nas três principais agências de petições em Pequim. Esperamos que os líderes do Partido punam severamente os funcionários corruptos e resolutamente eliminem a ovelha negra do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos.” Este Comitê é responsável por quase todas as questões relacionadas à polícia, tribunais e prisões na China.
Também em 24 de janeiro, a polícia invadiu uma casa em Pequim onde um grupo de cristãos se reunia para ler a Bíblia. A polícia arrastou 14 dos cristãos para uma delegacia de polícia local para interrogatório.