Na semana que antecede o 18º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), em que a liderança chinesa será mudada, evento que se dá uma vez a cada década, Shanghai tem reprimido os peticionários que tentam viajar para Pequim.
Peticionários viajam para a capital em buscar da justiça que não puderam obter localmente na China. Ao colocá-los em prisão domiciliar e fortemente vigiados, Shanghai espera evitar embaraçar o PCC, antes ou durante o 18º Congresso Nacional.
O Epoch Times contatou a delegacia de polícia em Anting, município de Shanghai, em 28 de outubro e falou com uma policial que se recusou a dar seu nome. Ela disse que foi uma decisão do governo municipal prevenir que peticionários possam ir a Pequim, acrescentando que nenhuma explicação foi dada para a decisão. No entanto, acrescentou, “durante o 18º Congresso, peticionar é mau comportamento”.
Porque os cidadãos chineses têm o direito constitucional de levar suas queixas ao departamento central de petições em Pequim, os governos locais tentam impedi-los, interceptando-os, colocando-os sob prisão domiciliar ou mesmo detendo-os em “prisões negras”, tudo isso ilegalmente.
Qin Rongmei é uma residente de Shanghai em seus 60 anos que foi colocada em prisão domiciliar antes do 18º Congresso. Sua terra foi confiscada mais de 10 anos atrás e ela tem apelado às autoridades há uma década e sem receber indenização. Ela conversou com o Epoch Times sobre sua prisão domiciliar numa entrevista por telefone em 28 de outubro.
As autoridades locais posicionaram 12 pessoas na casa dela para impedi-la de ir a Pequim. “Eles trabalham em três turnos e me vigiam dia e noite. Quando eu saio de casa, eles me seguem de perto”, disse Qin Rongmei. “Eles me tratam como uma prisioneira. Eu não tenho liberdade.” Enquanto ela falava, os dois homens e duas mulheres que a vigiavam estavam jogando cartas, disse ela.
Durante reuniões do governo, explicou ela, o governo de Shanghai deve pagar peticionários uma “taxa de manutenção da estabilidade” para incentivá-los a ficarem em casa. “Para uma conferência de grande porte como o 18º Congresso, cada um receberia provavelmente 40 a 50 mil yuanes”, disse ela. Mas no caso dela, ela acrescentou, “Os guardas pegam o dinheiro para si e não me dão nada.”
Lu Ying, outra peticionária de Shanghai, disse a jornalistas que ela estava em prisão domiciliar desde 30 de agosto, quando ela e três outros peticionários tentaram ir a Pequim. “Nós chegamos à frente da estação ferroviária Shanghai Hongqiao de alta velocidade e fomos presos antes mesmo de entrarmos na estação.”
O governo situou escritórios de interceptação nas principais estações de Shanghai e enviou guardas para inspecionar as pessoas em cada estação, comboio e área de embarque/desembarque. Peticionários frequentes são reconhecidos imediatamente e enviados de volta, disse Lu Ying.
Lu Ying e seus colegas foram levados para a delegacia e detidos por quatro dias. “A polícia nos pediu para assinarmos um compromisso de que não apelaríamos durante o 18º Congresso Popular. Quando nos recusamos a assinar, eles mandaram pessoas para nos colocarem em prisão domiciliar”, disse Lu Ying.
Após a tentativa de viajar para Pequim, ela foi colocada sob a guarda de seis pessoas 24 horas por dia. Em 20 de outubro, o governo local contratou mais guardas para vigiá-la, mas ela conseguiu escapar.
Lu Ying disse, “Depois que escapei, meus amigos me disseram que as 12 pessoas ainda guardavam minha casa. Atualmente, não tenho para onde ir e estou com medo de voltar para casa, pois eles podem me prender.”
De acordo com Lu Ying, existem cerca de 500 peticionários em Shanghai como ela que estão na lista negra da polícia. “Como eu, a maioria deles está sob prisão domiciliar.”
“Apenas para conter uma senhora de idade como eu, o governo envia 12 pessoas”, disse Lu Ying. “Quantos no total estão vigiando todos os peticionários na cidade? A fim de nos impedir de apelar, o governo quebra o banco e desperdiça o dinheiro de seus cidadãos.”
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