Seguindo com os artigos sobre pessoas que vivem sem comer ou beber, citaremos o caso do indiano Prahlad Jani.
Prahlad Jani nasceu em 13 de agosto de 1929, no vilarejo chamado Chharodi, que fica no distrito de Mehsana, no estado indiano de Gujarat. Aos 11 anos, teve uma experiência espiritual com uma divindade hindu que transformou completamente a sua vida, e aos 12 anos passou a viver em total abstinência de comida e bebida.
Devido à sua afirmação de que vive apenas de luz solar, e que não come e nem bebe desde os 12 anos de idade, foi submetido a diversas investigações científicas, por equipes médicas orientais e ocidentais, em diferentes locais e circunstâncias, por períodos contínuos de até 15 dias.
Durante uma dessas investigações, levada a cabo em 2003 por uma equipe científica, no Hospital Sterling, na cidade indiana de Ahmedabad, Prahlad Jani foi mantido sob observação em uma suíte fechada, com o banheiro lacrado, e submetido a exames médicos e estrita vigilância durante 10 dias. Ela foi acompanhado e filmado 24 horas por dia pela equipe de cientistas. O médico neurologista e chefe da equipe, Dr. Sudhir V. Shah, disse: “…assim foi de minuto a minuto. Ele estava em uma suíte fechada por fora, o banheiro também, meus assistentes faziam turnos para estarem com ele [durante] as 24 horas. Equipes de médicos vinham em diferentes horas do dia, sem que isso lhe fosse informado, e nos asseguramos de que nada saísse errado, no sentido de que o mundo médico soubesse que não houve sequer um erro”.
A esse respeito, Prahlad Jani disse: “Me tiraram amostras de sangue três vezes ao dia, de manhã, ao meio dia e à tarde. Examinaram meus rins e meu cérebro, e colocaram equipamentos em todo o meu corpo. Procuravam descobrir que fatores faziam meu corpo funcionar. Também colocaram equipamentos dentro do meu corpo”.
Se uma pessoa normal ficasse em ingerir líquido por longo período, ela morreria após seis dias. No entanto, Jani manteve-se sem comer e sem beber durante os dez dias da pesquisa. “Não foi dada comida e nem água a esse homem. Não urinou e nem defecou; nem sequer algumas gotas de urina”, afirmou o Dr. Shah.
No final da investigação, o Dr. Shah disse: “Depois de dez dias, seus parâmetros eram todos normais. Estudamos o seu sangue e fizemos todos os estudos que se podem imaginar… Cientistas norte-americanos também o examinaram várias vezes, através de ótimos procedimentos, e não encontraram nada de anormal [em seus exames]”.
Apesar de ser um asceta, Jani leva uma vida ativa, às vezes caminhando muitos quilômetros em um único dia, sem necessitar comer ou beber, e nunca transpira ou mostra qualquer sinal de cansaço. Jani disse: “Creio que poderia viver cinco mil, ou quem sabe dez mil anos, com esse mesmo corpo”.
Jani afirma viver através da luz solar, depois de haver recebido uma bênção, aos onze anos de idade, de uma divindade hindu, chamada Ambaji. Essa divindade lhe transmitiu uma técnica iogue especial, que segundo ele, lhe permite absorver e transformar a luz solar para nutrir o seu corpo. “Recebo as bênçãos de Mataji (Deusa Mãe) e isso me dá a energia para sobreviver. Não ingiro água desde minha infância, e, por isso, não conheço o sabor da água. Nunca tenho sede; então, não bebo. Mataji apareceu pessoalmente para mim e colocou um dedo sobre a minha língua, e então me disse: ‘Agora você pode sobreviver sem comer e sem beber’”.
Um fato bastante intrigante é que, depois de executar essa prática iogue por algum tempo, surgiu no palato de Jani uma fenda, da qual escorre cotidianamente uma substância adocicada. Os médicos examinaram a fenda e a secreção, sem encontrarem explicações científicas para isso. Jani diz que esse é um dos resultados da transformação da luz solar para nutrir seu organismo, fruto de sua prática iogue secreta. Essa secreção seria o que se conhece no hinduísmo, no budismo e no yoga, como Amrita, um tipo de secreção produzida na glândula pineal dos verdadeiros e profundos meditadores. Esta secreção desce até a boca e garganta quando se está em estado de profunda meditação.
Jani foi submetido a uma nova investigação, feita pelo Ministério da Defesa da Índia, no período de 22 de abril a 6 de maio de 2010. O Instituto de Defesa de Fisiologia e Ciências Associadas da Índia desenvolve pesquisas sobre fisiologia humana para aplicação militar. Cerca de 30 cientistas investigaram Jani, para extrair dados e entendimentos sobre a sua capacidade de viver sem água e alimentos. Segundo o diretor do Defense Research & Development Organisation, o Dr. G. Ilavazahagan, “O exercício de passar este iogue por um exame médico minucioso é entender qual é a energia que mantém a sua existência sem alimentos ou água. E se no final de três meses, a partir dos quais pretendemos sair com conclusões baseadas nesses 15 dias de check-up, seremos capazes de chegar a uma explicação dessa hipótese, que beneficiaria enormemente a humanidade. As conclusões derivadas deste estudo de caso podem ajudar muitos soldados, vítimas de calamidades e astronautas, que muitas vezes têm que sobreviver sem comida ou água por longos períodos”.
Os cientistas que conduziram as investigações concluiram que, mesmo vivendo em jejum completo de alimentos e água, Jani teve resultados normais em todos os exames clínicos e laboratoriais, como hemogramas, angiografias, ressonâncias magnéticas e outros. Esses exames revelaram também fatos surpreendentes, como, por exemplo, o de que seu organismo, que possui mais de 80 anos, é mais saudável do que o da média das pessoas de 40 anos. Além disso, chegaram a conclusão que seu cérebro corresponde ao de uma pessoa de 25 anos, em relação à saúde e estado de preservação,.
Prahlad Jani, assim como muitas outras pessoas que vivem ou viveram durante anos ou décadas sem comer e sem beber – como Giri Bala, Luisa Piccaretta, Marthe Robin, Marie-Julie Jahenny, Therese Neumann e outras – são um mistério inexplicável para a ciência contemporânea. Todas essas pessoas passaram por experiências espirituais profundas, que ocasionaram estados incomuns de existência, a partir das quais a fonte de nutrição física deixou de ser a água e a comida, e passou a ser derivada de certos tipos de energia inacessíveis aos seres humanos comuns.
Não só entre os santos cristãos, mas também entre vários místicos e iogues orientais, o fenômeno do jejum completo e contínuo – também chamado de inédia pelos cristãos e de bigu pelos espiritualistas orientais – é uma realidade histórica e mesmo contemporânea, hoje comprovada pela ciência. Porém, nem todos que afirmam passar pelo jejum, pelo bigu ou pela inédia, passam realmente.
Depois que esses casos notáveis se tornaram de conhecimento geral, algumas pessoas juntaram informações e criaram seus próprios sistemas e métodos pessoais para tentarem viver a partir de energias. No entanto, diferentemente dos casos citados acima, não passaram por experiências espirituais fundamentais, e nem conseguiram provar em investigações científicas suas supostas capacidades. Ainda assim, escreveram livros e dão palestras e seminários ensinando às pessoas a utilizarem seus métodos. Isso já levou algumas pessoas a serem internadas em hospitais, devido a graves alterações orgânicas, e outras à morte.
No próximo artigo falaremos sobre esse assunto.
Alberto Fiaschitello é terapeuta naturalista e cientista social