Nesse artigo continuaremos investigando se é possível para um ser humano viver somente a partir de energia, sem a ingestão de alimentos e bebidas.
Abordaremos o caso da alemã Therese Neumann:
Therese Neumann (8/4/1898 – 18/9/1962) nasceu e viveu na aldeia de Konnersreuth, no estado da Baviera, na Alemanha. Era a filha mais velha de uma família de onze filhos. Seu pai era alfaiate, sua mãe lavradora e ela empregada doméstica. A família tinha uma vida de muito esforço, e sobrevivia com poucos recursos.
Therese era uma moça esforçada, enérgica, independente e de muita fé. Admirava o comportamento genuinamente cristão de seus pais, e possuía profunda fé na igreja católica. Tinha a intenção de se tornar missionária católica na África, mas devido a um acidente em 1918, que afetou gravemente sua coluna, seu sonho não pôde ser realizado. Ainda assim, viveu como uma pessoa verdadeiramente religiosa, seguindo todos votos e preceitos da igreja católica, inclusive mantendo-se casta e virgem por toda a vida, apesar de ter tido pretendentes.
Depois que seu pai presenteou-a com a foto da irmã carmelita Teresa de Lisieux (que morreu 1 ano antes de seu nascimento, e tornou-se depois conhecida como Santa Teresa do Menino Jesus ou, mais popularmente, como Santa Teresinha), tornou-se sua profunda devota.
Em 1918, a fazenda vizinha de onde morava incendiou, e ela Therese foi prontamente acudir, levando pesados baldes de madeira cheios de água, até a extinção do incêndio. Devido a isso, teve um grave problema na coluna lombar, que gerou uma compressão na medula espinhal, levando-a, em um ano, a ficar paralisada do pescoço para baixo, sofrendo de dores muito intensas. Nesse período de paralisia também ficou cega, devido a uma lesão irreversível no nervo ótico, causada por uma queda em que bateu fortemente a cabeça no chão. Mesmo passando por tantos sofrimentos, nunca se queixava, e oferecia seus sofrimentos com compaixão pelas almas que estavam no purgatório.
Na manhã de 29 abril de 1923, ela sentiu uma mão invisível tocando em seu travesseiro, e despertou num sobressalto. Naquele momento, percebeu que sua cegueira havia sido curada. Nesse mesmo dia, houve o anúncio de que Teresa de Lisieux, da qual era profundamente devota, havia sido beatificada pela igreja católica. Dois anos depois, na manhã do dia 7 de maio de 1925, após rezar o rosário, levantou-se facilmente da cama e viu que sua paralisia havia desaparecido misteriosamente. Naquele mesmo dia, Teresa de Lisieux foi inserida oficialmente no cânone dos santos da igreja católica.
Posteriormente, Therese explicou aos seus conhecidos que naquele dia recebeu a visita (espiritual) de Teresa de Lisieux, que lhe disse que fora ela quem tocara em seu travesseiro dois anos antes e que, dois anos depois, a curara completamente no dia de sua canonização. Santa Teresinha lhe disse também que, em breve, por vontade do Senhor Jesus, ela teria algo que nenhum médico poderia curar.
No ano seguinte, Therese teve uma visão espiritual de Jesus no Horto das Oliveiras. Ela viu Jesus angustiado orando a Deus, e sentiu o desejo de poder consolá-lo. Naquele momento, Jesus levantou sua cabeça e virou o seu olhar para Therese. Ela sentiu como se uma espada afiada transpassasse seu coração. Quando voltou à consciência em seu quarto, estava em sua cama, com uma profunda ferida no peito, da qual minava sangue. Depois, em 26 março de 1926, dia de Sexta-feira Santa para os cristãos, Therese entrou em êxtase novamente, e assistiu a toda dolorosa Paixão de Cristo. Quando voltou à consciência normal, as cinco marcas da crucificação de Cristo apareceram em seu corpo. Todos os que a amparavam nesse dia em seu quarto ficaram atônitos. Essas chagas sangraram ininterruptamente desde sexta-feira até o domingo de Páscoa.
A partir desse dia, pelo resto de sua vida, Therese Neumann viveu com as chagas de Cristo. Também depois desse dia, em toda sexta-feira, ela começava a reviver a Paixão de Cristo, a sua morte e a sua Ressurreição até o domingo, e isso era mais especialmente intenso durante a Semana Santa dos católicos. Seu corpo minava sangue continuamente através dos estigmas, e de outras partes de seu corpo, inclusive dos olhos. Suas roupas e lençóis ficavam cobertos de sangue, e chegava a perder dois litros de sangue nesses períodos. Ainda mais impressionante era o fato de que, às 15 horas de toda sexta-feira (horário da morte de Jesus), seu coração parava de bater e só voltava à atividade no domingo. Apesar de perder muito sangue durante todos esses dias, em cada segunda-feira seu corpo voltava ao peso normal e apresentava um estado de saúde excelente.
Um outro fato extraordinário é que, a partir desses acontecimentos do ano de 1926, Therese parou de comer ou beber qualquer coisa, e assim esteve durante todo o resto de sua vida, até o ano de sua morte, em 1962. Ela viveu 36 anos num estado de espontânea e completa abstinência de alimentos ou líquidos. A única coisa que ingeria durante esses 36 anos era a hóstia consagrada, por ser um sacramento espiritual muito precioso para ela. E isso era realmente um sacramento vivo na vida de Therese. Um dia, os médicos insistiram para que ela ingerisse uma hóstia que não havia sido consagrada; ela mastigou-a e engoliu-a com dificuldade, mas imediatamente vomitou-a intacta. Quando lhe perguntavam do que se alimentava, dizia com simplicidade: “De Deus”.
Therese Neumann foi submetida a várias investigações e exames médicos durante todos esses anos em que viveu em jejum completo e como estigmata. Entre essas, em julho de 1927, a Cúria de Ratisbona, uma cidade da Baviera, ordenou que fosse feita uma investigação criteriosa para esclarecer o caso Therese Neumann. Uma comissão médica foi formada pelo médico Dr. Seidl, o psiquiátra Dr. Ewald e quatro freiras enfermeiras. Therese foi mantida fechada em sua própria casa, sob estrita vigilância, e não tinha permissão de usar o banheiro. A comissão supervisionou e pesquisou Therese por um período contínuo de quinze dias. Exames médicos eram feitos diariamente, e as secreções de suas chagas eram colhidas e analisadas cientificamente. No fim da investigação, a comissão atestou que Therese não havia comido ou bebido nada durante esse período de quinze dias, e afirmou que a ciência médica era incapaz de explicar os seus estigmas.
Continuaremos no próximo artigo a trazer casos de pessoas que vivem ou viveram em jejum total, devido a circunstâncias singulares.
Alberto Fiaschitello é terapeuta naturalista e cientista social