Pesquisadores repensam a colonização na Idade da Pedra

04/06/2014 18:00 Atualizado: 03/06/2014 16:12

Ferramentas de pedra descobertas em Omã mostram que humanos modernos viviam no sul da Arábia muito mais cedo do que o previsto por teorias de geneticistas sobre como os seres humanos colonizaram o mundo, de acordo com estudo realizado por equipe internacional de cientistas.

O trabalho de campo ao longo dos últimos dois anos, liderados pelo Dr. Jeffrey Rose, da Universidade de Birmingham, no Reino Unido identificou mais de 100 novos sítios de “Nubianos do período médio da Idade da Pedra (MSA) nas montanhas de Dhofar ao sul de Omã, na costa sudeste da Península Arábica”.

Anteriormente, ferramentas de pedras Nubianas só haviam sido encontrado no nordeste da África, ao longo do Vale do Nilo, nas colinas do Mar Vermelho e a na parte oriental do deserto do Saara.

Os pesquisadores usaram uma técnica chamada de luminescência opticamente estimulada (OSL) para datar os artefatos de pedra em cerca de 106 mil anos de idade.

Usando o DNA, os geneticistas previram que os seres humanos migraram para fora da África entre 70 e 40 mil anos atrás. No entanto, esta nova descoberta coloca essa ideia em questão, segundo os pesquisadores.

“A genética prevê uma expansão para fora da África depois de 70 mil anos atrás, no entanto, vimos três descobertas distintas publicadas este ano, com evidência de seres humanos aos milhares na Arábia Saudita, até mesmo dezenas de milhares de anos anteriores a esta data”, disse o coautor Anthony Marks da Universidade Metodista do Sul, nos Estados Unidos, num comunicado de imprensa.

Os pesquisadores comparam a descoberta a uma “trilha de migalhas de pedra”, mostrando como os seres humanos antigos migraram pela terra. Teorias anteriores sugeriram que os humanos seguiram o litoral, mas as descobertas dos novos sítios em platôs mostram que os seres humanos podem ter seguido rios, neste caso.

“Aqui temos um exemplo do descompasso entre os modelos teóricos contra evidências reais sobre a terra”, disse Marks. “A hipótese de expansão costeira parece razoável no papel, mas simplesmente não há evidência arqueológica para apoiá-la.”

Evidências do registro geológico mostram que na época em que estas pessoas viviam no sul da Arábia, o clima era mais úmido e a paisagem era dominada por pastagens. A maioria das ferramentas de pedra foram descobertas concentradas em torno do que teria sido um grande sistema de rios, furos de água e nascentes, relataram os pesquisadores.

“Por um tempo, a Arábia do Sul tornou-se um paraíso verdejante rica em recursos – com caça e água doce abundantes, e pedras de alta qualidade para confecção de ferramentas”, comentou Rose no comunicado.

Até agora, os pesquisadores não têm evidências arqueológicas para indicar se estas pessoas sobreviveram ao período muito seco da Idade do Gelo no sul da Arábia ou migraram para outro lugar.

O estudo foi publicado na revista PLoS ONE em novembro de 2012.

Você pode ler o artigo de investigação na http://bit.ly/tv5YCf