China impaciente por industrialização de transgênicos

24/10/2013 09:51 Atualizado: 07/11/2013 23:30

O Ministério da Agricultura da China patrocinou recentemente uma série de experimentos com alimentos geneticamente modificados: alimentando porcos e macacos com arroz transgênico e promovendo eventos de organismos geneticamente modificados (OGM) para que as pessoas vejam que os produtos são seguros. Ao mesmo tempo, especialistas têm pressionado as autoridades chinesas para acelerarem a industrialização de transgênicos, tentando assim pavimentar o caminho para a indústria.

O evento “Banquete de arroz transgênico” foi organizado pela Universidade de Agricultura de Huazhong, em Wuhan, na região central da China, em 19 de outubro, oferecendo arroz dourado, um novo produto transgênico, para o deleite dos participantes. Agências chinesas patrocinaram atividades semelhantes de degustação de arroz transgênico em 28 cidades desde maio deste ano, segundo a mídia estatal.

No início deste ano, 61 acadêmicos da Academia Chinesa de Ciências e da Academia Chinesa de Engenharia escreveram uma proposta aos principais líderes do Partido Comunista Chinês (PCC): “Não podemos mais continuar esperando pela promoção da industrialização do arroz transgênico. Se a industrialização dos OGM não se desenvolver, o comércio não se desenvolverá e isso tem um impacto muito grande na pesquisa científica.”

Respondendo à crescente oposição da opinião publica sobre os OGM, Zhang Qifa, um acadêmico da Academia Chinesa de Ciências, disse ao Diário Metropolitano do Sul: “Não é inteligente contar com a opinião pública para fazer política de industrialização dos OGM… Se os regulamentos não estão certos, eles devem ser revistos. É como um jogo de futebol: o juiz toma a decisão e não os fãs.”

Os internautas chineses questionaram por que especialistas chineses estão tão interessados em promover o consumo de alimentos transgênicos. Dongcheng Shiwenzhe perguntou: “Por que esses ‘especialistas’ forçam as pessoas a comerem alimentos geneticamente modificados? Se isso é que realmente seguro, por que tantos países no mundo se opõem? Por quê?”

Zhang Qifa disse na entrevista: “Nós finalmente recebemos certificações de segurança para dois arrozes transgênicos em 2009, após 11 anos de trabalho duro. Nós só precisamos da aprovação de variedades, de licenças de produção e de licenças comerciais para a industrialização.” Se as certificações expirarem no ano que vem, estaremos mais distante da industrialização, acrescentou ele.

Vários experimentos transgênicos ‘bem-sucedidos’ de especialistas em agricultura foram amplamente divulgados na mídia estatal chinesa, mas ainda há forte resistência da população, segundo dezenas de milhares de comentários negativos online, alguns dos quais foram revistos pelo Epoch Times.

Num experimento recente, porcos pequenos foram alimentados com arroz transgênico por 90 dias, uma tarefa atribuída à Universidade Agrícola da China pelo Ministério da Agricultura.

“Durante os 90 dias de experiências, não houve toxicidade ou mortalidade nos porcos. Sua pele era brilhante e suave e seus movimentos eram flexíveis. Eles tinham uma dieta normal e boas condições para o crescimento e desenvolvimento”, disse Huang Kunlun, um especialista em arroz transgênico e responsável pelo ensaio, à mídia estatal Beijing News em 21 de outubro.

Outra experiência com GMO está sendo realizada em macacos de diferentes portes, um projeto também atribuído pelo Ministério da Agricultura. “Macacos são os primatas que estão muito próximos dos seres humanos”, disse Lin Yongjun, um pesquisador do projeto, à mídia chinesa.

Os internautas chineses não ficaram convencidos com a conclusão de que, se os animais não sofreram danos, os alimentos transgênicos são necessariamente seguros para os seres humanos. Um internauta postou esse comentário no Sina Weibo, um site popular de mídia social: “Aqueles professores concluíram que é seguro para os seres humanos comer arroz transgênico porque os porcos estavam bem depois de 90 dias comendo arroz transgênico. Eu ri. Porcos comem sobras a vida toda e são seguros para comer. Será que você professores comem sobras?”