Pesquisadores avaliam impactos do desmatamento em igarapés na Amazônia

06/05/2013 00:01 Atualizado: 06/08/2013 16:21
À esquerda, Reserva Extrativista Rio Preto-Jacundá em 24 de junho de 2012. À direita, pastagem na região de Pimenta Bueno, no médio Machado, em 20 de julho de 2012 (Cortesia de Gabriel Lourenço Brejão)
À esquerda, Reserva Extrativista Rio Preto-Jacundá em 24 de junho de 2012. À direita, pastagem na região de Pimenta Bueno, no médio Machado, em 20 de julho de 2012 (Cortesia de Gabriel Lourenço Brejão)

Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) está avaliando os impactos dos desmatamentos nos igarapés do rio Machado, no estado de Rondônia.

O biólogo Gabriel Lourenço Brejão, um dos pesquisadores do grupo, usará os peixes coletados nos igarapés como modelos para verificar como o desmatamento afeta a biodiversidade e a funcionalidade em comunidades de riachos.

“Acreditamos que os resultados do estudo irão ajudar a compreender como o processo de desmatamento afeta a comunidade de peixes, e apontar as áreas mais indicadas para direcionar possíveis investimentos em restauração ecológica de áreas degradadas”, explica o biólogo.

Com histórico de desmatamento recente, entre as décadas de 60 e 80, a bacia do Rio Machado em Rondônia teve sua área de floresta drasticamente reduzida. A mudança contínua do uso do solo de floresta para pastagem ocorre em toda a bacia. Na região sul, áreas de pastagem se transformaram em plantações de milho, soja e eucalipto. Na região central da bacia, a construção de grandes pisciculturas transforma os cursos d´agua em tanques nas cabeceiras do rio Machado.

“Este processo [de desmatamento] continua atualmente, com a expansão das cidades, abertura de novas estradas e grandes empreendimentos agropecuários, mas mesmo com um cenário de degradação tão acentuado, ainda é possível encontrar áreas de floresta intacta em grandes fragmentos localizados na região do baixo rio Machado, mais próxima ao rio Madeira”, complementa o pesquisador.

A existência de remanescentes de floresta intocada na região é de grande importância, segundo Gabriel, pois permitirá comparar como o desmatamento afetou a ictiofauna ao longo dos 30-40 anos de desmatamento.

O estudo ainda está em fase inicial de coleta. Das 142 espécies de peixes nos 75 igarapés amostrados dentro de uma faixa com presença e ausência de florestas ao longo da bacia, Gabriel pode avaliar que existe efeito do desmatamento sobre a população de peixes.

“O que percebemos neste momento é que em áreas mais conservadas a riqueza de espécies é maior do que nas áreas mais degradadas, e a abundância de indivíduos nas áreas conservadas é menor que nas degradadas”.

A próxima etapa da pesquisa buscará entender como o processo histórico de desmatamento, entre os anos de 1984 a 2011, afetou a comunidade de peixes em relação à riqueza de espécies e aos padrões de diversidade.

Outra pesquisadora do grupo, a doutoranda María Angélica Pérez Mayorga, avaliará a saúde dos igarapés usando o Índice de Integridade Biótica (IBI).

“Desde 1981 tem sido utilizado o Índice de Integridade Biótica (IBI) usando peixes para a avaliação da qualidade biológica da água. O índice inclui parâmetros que abrangem diferentes atributos das comunidades de peixes, como composição, riqueza e fatores ecológicos”, explica a pesquisadora.

Com base nos resultados do índice, as regiões mais degradadas apresentarão valores de IBI mais baixos, indicando que necessitam de ações de investimento na reabilitação desses igarapés.

“Os valores mais altos do IBI assinalam as áreas com uma boa integridade biótica, as quais deveriam ser protegidas”, complementa a pesquisadora.

O projeto, intitulado ‘Peixes de riachos de terra firme da bacia do rio Machado, RO’ é realizado pelo Laboratório de Ictiologia da Unesp de São José do Rio Preto (Labict) e coordenado pela professora Lilian Casatti, com colaboração dos professores Francisco Langeani, do Labict, e Silvio Frosini de Barros Ferraz, do Laboratório de Hidrologia Florestal da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP).

Além dos docentes e dos pesquisadores já citados, a equipe ainda conta com o pós-doutorando Fernando R. Carvalho,  com o doutorando Igor David e com o pesquisador colaborador Angelo R. Manzotti.

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