Pesca pirata ameaça biodiversidade marinha e subsistência de famílias costeiras

05/07/2013 20:32 Atualizado: 06/07/2013 19:48
Trabalho infantil e sem remuneração estão entre as denúncias da Fundação Justiça Ambiental
Pesca pirata destrói o oceano
A prática de pesca ilegal lucra de 10 a 23 bilhões ao ano (Courtesy of Environmental Justice Foundation, www.ejfoundation.org)

Ilegal, não declarada e não regulamentada, a pesca pirata é uma das maiores ameaças para a pesca a nível mundial. Ignorando as leis nacionais e internacionais, os pescadores ilegais contribuem para a danificação de habitats marinhos e prejudicam as comunidades costeiras vulneráveis ​​que dependem do oceano para a sua segurança alimentar e para a subsistência.

“Os operadores de pesca pirata são devastadores da pesca e da biodiversidade marinha, roubando pessoas pobres do nosso planeta, destruindo a subsistência e danificando a segurança do nosso ambiente marinho”, afirma Steve Trent, diretor executivo da Fundação Justiça Ambiental (EJF), nos Estados Unidos.

A fundação, que atua no mapeamento da pesca pirata desde 2009, trabalha com comunidades locais para construir uma rede de vigilância eficaz de navios de pesca ilegal, como na área do rio Sherbro, no sul de Serra Leoa.

“Só na África, mais de 1 bilhão de dólares são perdidos todos os anos para a pesca ilegal. Este não é apenas um efeito devastador sobre os nossos oceanos e vida marinha, mas também sobre inúmeras pessoas vulneráveis ​​em comunidades remotas de países em desenvolvimento, cujos os meios de subsistência e a segurança alimentar estão sendo seriamente ameaçados”, disse Trent.

A pesca ilegal ao redor do mundo lucra de 10 a 23 bilhões de dólares por ano. De acordo com Trent, a fundação também documentou gravíssimas violações dos direitos humanos a bordo dos navios de pesca ilegais: do trabalho infantil ao tráfico de pessoas e até mesmo um caso de assassinato.

“Mais recentemente, a EJF reuniu depoimentos de trabalhadores birmaneses, com cerca de 16 anos, que foram traficados rumo à Tailândia e foram forçados a trabalhar em navios pesqueiros. Até a espera de resgate, meses depois, esse grupo foi submetido à árduas condições de trabalho, muitas vezes violentas e sem remuneração”, disse Trent.

A indústria de frutos do mar da Tailândia emprega mais de 650 mil pessoas. O marisco é um dos campeões de exportação aos Estados Unidos e em 2012 garantiu um lucro de 7,3 bilhões de dólares.

Para destacar o problema da pesca ilegal, a Fundação lançou no ano passado a campanha “Save the Sea” com o apoio de 13 restaurantes. Neste ano, 31 restaurantes internacionais renomados adediram à campanha e ajudaram a conscientizar seus clientes para a importância do consumo sustentável de peixes e frutos do mar. Um deles é o One-O-One, um dos restaurantes de pescados mais conceituados de Londres.

“One-O-One tem o prazer de apoiar a campanha do EJF. Como chef, grande pescador e alguém que cresceu no litoral, sou realmente apaixonado por peixes e frutos do mar e sou dedicado a encontrar formas de criar pratos inovadores para o menu do restaurante, que usa peixes e frutos do mar de forma sustentável possível”, disse Pascal Proyard, chef executivo do restaurante londrino.

“Garantir a preservação dos nossos recursos marinhos é muito importante para mim. Quero que meu filho cresça desfrutando de peixes e frutos do mar, assim como eu faço. Campanhas como esta são fundamentais na sensibilização para um problema crescente e asseguram a preservação de peixes e frutos do mar para as próximas gerações”, destaca o chef.

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