Perseguição do regime chinês ao Falun Gong perde fôlego

21/12/2012 16:56 Atualizado: 21/12/2012 16:56
Comissão Executiva do Congresso dos EUA sobre a China analisa a campanha contra o Falun Gong
Hu Zhiming, um oficial da força aérea chinesa, testemunha para congressistas em 18 de dezembro. Ele perdeu tudo e passou oito anos na prisão devido à perseguição do Partido Comunista Chinês ao Falun Gong e por se recusar a renunciar a sua fé (Lisa Fan/The Epoch Times)

Hu Zhiming tinha uma boa vida como um oficial da força aérea chinesa, mas sua escolha de seguir sua consciência levou-o a mais de 8 anos em prisões e centros de detenção, com a tortura aproximando-o da insanidade, da inanição e da morte.

Devido a seu conhecimento técnico, Hu Zhiming foi fundamental para a criação de linhas de comunicação seguras entre praticantes do Falun Gong na China e um website do Falun Gong no estrangeiro, o Minghui.org. Estas atividades também provocaram seu sequestrado de um quarto de hotel em Shanghai nas primeiras horas da manhã de 4 de outubro de 2000. Desde então até 2009, ele esteve dentro e fora de prisões e detenções – embora mais tempo dentro.

Mas a história de Hu Zhiming é representativa tanto da perseguição ao Falun Gong como da perseverança dos adeptos diante dela e do visível esgotamento das autoridades em continuarem a campanha, conforme debatido numa audiência da Comissão Executiva do Congresso sobre a China (CECC) em 18 de dezembro em Washington DC.

Por exemplo, em 2000, antes de Hu Zhiming estar na cadeia, havia pouca atividade do Falun Gong em sua cidade natal na província de Liaoning; em 2004, durante uma breve estadia na prisão, ele viu cartazes sobre a prática, mas eles foram rapidamente arrancados; em 2009, no entanto, antes de fugir da China, Hu Zhiming viu “numerosos pôsteres, sinais, panfletos e DVDs informativos”. E não só isso, os cartazes “estavam lá há um longo tempo, com a tinta desbotada pelo sol e o papel seco depois da chuva”.

Praticantes do Falun Gong têm persistido por mais de uma década, desde que o ex-líder chinês Jiang Zemin lançou a campanha contra a prática espiritual em 1999. Essa campanha foi perdendo força. Três anos depois, essa tendência continuou.

Tudo isso e mais foi explorado na audição do CECC intitulada “Falun Gong na China: Revisão e Atualização”, que consistiu em dois painéis, o primeiro composto principalmente de vítimas e o segundo principalmente de pesquisadores da campanha do Partido Comunista.

O representante Chris Smith (esquerda) e o senador Sherrod Brown (direita) ouvem testemunhas na sessão final da CECC, que foi dedicada a explorar em profundidade a situação atual da perseguição aos adeptos do Falun Gong na China (Lisa Fan/The Epoch Times)

O representante Chris Smith (R-NJ), presidente do CECC, abriu a discussão descrevendo a campanha como “grave, brutal, grotesca e perversa”.

O copresidente do CECC, o senador Sherrod Brown (D-OH), descreveu a perseguição como “uma das mais duras campanhas contra um grupo de crentes nos tempos modernos”.

O depoimento de Bruce Chung, um praticante do Falun Gong de Taiwan, também foi ouvido. Chung foi detido na China durante uma visita familiar em junho deste ano e acusado de enviar equipamentos de Taiwan que poderiam ter sido usados para inserir materiais do Falun Gong em transmissões de televisão.

“Seu verdadeiro crime era tentar superar a censura chinesa e exercer a liberdade de expressão”, disse o senador Brown.

Uma questão-chave para os pesquisadores da perseguição ao Falun Gong e uma meta estabelecida pela audiência da CECC é compreender o estado atual da campanha na China hodiernamente, a importância que o Partido Comunista Chinês (PCC) atribui a isso e as circunstâncias dos adeptos na China.

Um dos participantes teve uma visão diferente dos outros três.

James Tong, professor de política comparada da Universidade da Califórnia, Los Angeles, acredita que as denúncias feitas ao promotor-chefe do Congresso Nacional Popular da República Popular da China, entre outras fontes publicamente disponíveis, indicam que a campanha contra o Falun Gong deixou de ser uma “prioridade da aplicação da lei” para a liderança chinesa.

Tong também apontou para a virtual cessação da propaganda anti-Falun Gong na imprensa estatal chinesa, que havia sido inundada com desinformação e mentiras após a campanha ter início em 1999.

Notavelmente, 2002 foi o ano do 16º Congresso Nacional do PCC, quando o bastão da liderança foi passado de Jiang Zemin, para quem a perseguição ao Falun Gong foi uma cruzada pessoal, para Hu Jintao, o mais cauteloso novo chefe do PCC que nunca se associou publicamente à brutal campanha.

No entanto, o fim da priorização em escala nacional desta propaganda e a ausência do Falun Gong da agenda de aplicação legal do Estado chinês, não determinaram o fim da campanha, segundo outros especialistas. Um exame dos detalhes concretos e das interações entre os vários órgãos políticos na China que estão envolvidos na perseguição revelam um quadro muito mais complexo.

“Esta é uma campanha política liderada pelo PCC”, disse Xia Yiyang, diretor sênior de pesquisa e política da Fundação Legal de Direitos Humanos de Washington DC, “A Agência 610 é administrada pelo PCC, não pelo Estado”, continuou ele, referindo-se à agência criada pelo PCC para perseguir o Falun Gong. Ele disse que a perseguição é “uma ação do PCC que usa os órgãos do Estado como instrumentos”.

Charles Lee, um chinês-norte-americano que sobreviveu três anos de perseguição na prisão, acrescentou que o desvio dos holofotes do Falun Gong, enquanto a campanha continua da mesma forma, é “outra estratégia”, porque a campanha atraiu a atenção internacional sobre as violações dos direitos humanos na China. Então, depois que Hu Jintao assumiu o poder, o PCC começou a ignorar a perseguição em público, ao invés de terminá-la, argumentou Lee.

Apesar de altos oficiais da segurança continuamente descerem o chicote na perseguição ao Falun Gong, o que ocorria nos níveis mais baixos da administração era muito mais complicado, segundo Caylan Ford, uma pesquisadora independente que estuda a perseguição ao Falun Gong e publicou amplamente a respeito.

“Isso tem haver com vontade e capacidade”, disse ela. “Eles [os altos oficiais do PCC] descrevem isso [a perseguição] como uma luta de vida ou morte nos documentos da Agência 610 […] mas a nível local, muitos dos oficiais da segurança – não que não haja um bom número de policiais sádicos – simpatizam com o Falun Gong.”

Ela acrescentou que, “O povo está cada vez mais enojado com isso e até mesmo oficiais encarregados deste trabalho de transformação estão tendo dificuldades de se convencerem da necessidade de continuar a perseguição ao Falun Gong.”

O repúdio da sociedade inclui muitas vezes a resistência intensa de amigos, vizinhos, colegas de trabalho e simpatizantes dos praticantes do Falun Gong, que nos últimos anos têm se unido, muitas vezes com o risco de represálias, para recolher assinaturas contra a perseguição de amigos ou parentes e se levantando de forma sem precedentes contra a mão de ferro do PCC.

“A literatura comunista oficial do Partido revela, talvez inconscientemente, que a campanha de 13 anos para derrotar o Falun Gong falhou”, disse Ford em comentários preparados. “Oficiais locais sofrem de letargia e ‘paralisia do pensamento’ em prosseguir a campanha”, disse ela, enquanto “mais e mais pessoas estão retornando e voltando a praticar o Falun Gong.”

Ela concluiu que, “Apesar de todos os seus esforços, o Partido Comunista está perdendo a batalha pelos corações e mentes do povo chinês”.

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