Quinze anos atrás, em 20 de julho de 1999, o Partido Comunista Chinês lançou uma campanha genocida contra cerca de 70 a 100 milhões de adeptos da disciplina espiritual do Falun Gong, uma campanha que continua a destruir inúmeras vidas e famílias hoje na China.
Para assinalar este trágico aniversário, praticantes do Falun Gong – também chamado ‘Falun Dafa’ – e simpatizantes se reuniram em frente à embaixada chinesa em Ottawa, Canadá, em 17 de julho. Um evento similar ocorreu no mesmo dia em Montreal e outros encontros ocorrerão nos próximos dias em todo o Canadá e ao redor do globo.
Apelando pela libertação de um pai
Paul Li, um cidadão canadense de Toronto que é praticante do Falun Gong, falou durante o evento para contar uma história pessoal sobre a experiência de seu pai e os benefícios de praticar o Falun Gong, bem como a brutalidade e a injustiça da perseguição. Sua fala é mais um esforço em busca da ajuda do governo canadense para libertar seu pai Li Xiaobo, que está preso ilegalmente num centro de detenção na China.
Paul Li contou como o temperamento e a saúde de seu pai melhoraram após ele começar a praticar o Falun Gong em 1996. Guiado pelos ensinamentos da prática de verdade, compaixão e tolerância, seu pai deixou de fumar, eliminou outros maus hábitos e tem se esforçado para considerar os outros antes de si mesmo. Um dos colegas do pai de Paul Li disse-lhe numa ocasião: “Seu pai é o homem mais virtuoso que eu já conheci”, lembrou Paul Li.
Após a perseguição começar em 1999, em meio a uma campanha de propaganda massiva para incitar o ódio contra o Falun Gong na China, Li Xiaobo começou a escrever artigos para esclarecer os fatos ao público. Ele foi preso e, num julgamento secreto em 2005, que durou menos de meia hora, ele foi condenado a oito anos de prisão. Devido às condições duras e às severas torturas que sofreu em custódia das autoridades, quando ele foi libertado na primavera de 2012, Li Xiaobo havia perdido a maioria de seus dentes e estava quase cego de um olho.
“Os guardas não permitem que praticantes gritem quando são espancados, então eles brutalmente golpeiam a garganta, o estômago ou a barriga dos praticantes”, disse Paul Li. “Muitas vezes as paredes ficam salpicadas de sangue e os guardas, a fim de encobrir seus crimes, forçam os praticantes do Falun Gong a lamber o próprio sangue nas paredes.”
Paul Li disse que no inverno seu pai foi obrigado a ficar nu com os pés descalços imersos em água fria e no verão ele foi obrigado a ficar parado num cubículo escuro e úmido cheio de insetos, moscas e mosquitos. “Se ele esfregasse uma picada de mosquito, ele seria espancado”, contou Paul Li.
Em abril deste ano, Li Xiaobo foi preso novamente e seu filho teme por sua vida. “Meu pai ainda está encarcerado num centro de detenção local e sua saúde está em declínio”, disse Li. Ele observou que as autoridades locais planejam julgar seu pai em breve, mas que não há possibilidade de um julgamento justo. “Se o julgamento prosseguir, estou muito preocupado que meu pai quase certamente enfrentará uma longa sentença de prisão.”
Crime contra a humanidade
“Hoje, nos reunimos em frente à embaixada chinesa para protestar e condenar a brutalidade sem sentido do regime comunista contra os praticantes do Falun Gong, um regime que persiste em cometer crime contra a humanidade”, disse Li Xun, o presidente da Associação Canadense do Falun Dafa, em seu discurso no evento. “Estamos aqui para honrar todos os bravos e altruístas praticantes que morreram devido à perseguição, enquanto defendiam pacificamente os princípios universais de verdade, compaixão e tolerância.”
Alex Neve, secretário-geral da Anistia Internacional no Canadá, que também falou no evento, observou que a situação na China é realmente sombria. “Aniversários podem ser momentos comemorativos triunfantes ou ser momentos tristes muito sombrios. Seria bom se pudéssemos nos reunir hoje pelo primeiro motivo. Mas nós nos reunimos hoje por um momento triste e sombrio, porque agora se completam 15 anos de implacável violação dos direitos humanos vivido por incontáveis praticantes do Falun Gong em toda a China.”
No dia em que o líder chinês Jiang Zemin começou sua campanha para erradicar a prática espiritual do Falun Gong há 15 anos, um grande número de adeptos foi perseguido em todo o país e preso em centros de detenção. Nestes 15 anos, centenas de milhares de praticantes foram presos, torturados e submetidos à lavagem cerebral e à tortura física e mental. Famílias foram destruídas e milhões perderam seus empregos, casas e entes queridos. “Os praticantes do Falun Gong são o maior grupo de prisioneiros de consciência na China e talvez do mundo”, segundo o Centro de Informação do Falun Dafa.
Extração ilegal de órgãos
Para adicionar insulto à injúria, os prisioneiros de consciência do Falun Gong têm sido usados como um banco de órgãos, sendo executados sob demanda para abastecer a lucrativa indústria de transplante da China. Em outras palavras, eles são mortos por seus órgãos e seus corpos são cremados para apagar evidências.
De acordo com o livro “Órgãos do Estado: o abuso de transplante na China“, entre 2000 e 2010, um número estimado de 65 mil prisioneiros de consciência do Falun Gong foi morto por seus órgãos, uma prática ilegal e monstruosa que é sancionada pelo regime comunista chinês.
“A extração forçada de órgãos na China é sem precedentes em todo o mundo porque os órgãos são provenientes de prisioneiros, cujas vidas são sacrificadas para obter seus órgãos vitais para o comércio”, disse David Kilgour, ex-congressista e secretário de Estado canadense para a Ásia-Pacífico, que também falou durante o evento.
Depois de pesquisar sobre as alegações da extração forçada de órgãos de praticantes do Falun Gong na China, Kilgour e o advogado internacional de direitos humanos David Matas publicaram suas descobertas em 2006 no livro “Colheita Sangrenta“. Matas disse na época que o assassinato, sancionado pelo estado, de prisioneiros de consciência por seus órgãos era “uma nova forma de mal no planeta”.
Resistência pacífica
Mas, apesar do clima de medo na China, a resistência do Falun Gong tem sido notável. Em 1999, não se esperava que o grupo durasse mais do que alguns meses, pois todo o peso do Estado e do aparato do Partido Comunista caiu sobre seus adeptos. No entanto, 15 anos depois, o Falun Gong persevera na China continental e seus praticantes têm demonstrado uma resistência constante e pacífica, disse Li Xun.
Fora da China, praticantes do Falun Gong em 114 países pelo mundo têm trabalhado incansavelmente para aumentar a conscientização sobre esta perseguição brutal que ocorre na China na esperança de pôr um fim a esta atrocidade.
“20 de julho marca o 15º ano de perseguição arbitrária contra o Falun Gong na China e também marca 15 anos de perseverante ativismo antiperseguição por parte de praticantes do Falun Gong e simpatizantes em todo o mundo”, disse Li Xun. “Milhões de pessoas em todo o mundo assinaram petições para exigir o fim destes crimes.”
Li Xun também apelou ao governo canadense para pressionar o regime chinês pelo fim da perseguição e pela libertação dos prisioneiros de consciência do Falun Gong, seis dos quais têm familiares que vivem no Canadá. “Neste momento histórico crítico, pedimos a todos os povos do mundo que se posicionem retamente pelos direitos humanos”, disse ele.
“Em particular, pedimos a nosso governo que use todos os meios adequados para expressar sua oposição à perseguição ao Falun Gong, que exorte o regime chinês a acabar com a perseguição ao Falun Gong e a liberar o maior grupo de prisioneiros de consciência no mundo, incluindo os seis membros de famílias canadenses.”