Um comboio de investigadores da ONU foi atacado por atiradores de elite nesta segunda-feira (26) no subúrbio de Damasco, capital da Síria, quando se dirigia ao local onde, em 21 de agosto, mais de 300 pessoas morreram supostamente pelo uso de armas químicas. Apesar do incidente, eles conseguiram visitar dois hospitais, entrevistar testemunhas, sobreviventes e médicos e também recolher amostras.
“O primeiro veículo da equipe de investigação sobre uso de armas químicas foi deliberadamente baleado múltiplas vezes por atiradores de elite não identificados na área de segurança”, informou o porta-voz do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. “Como o carro não tinha mais condição de uso, a equipe retornou em segurança para uma base do Governo”, explicou. A missão foi retomada após troca de veículo.
A ONU registrou dura queixa junto ao Governo sírio e às autoridades das forças de oposição para que isso não mais se repita e a equipe possa trabalhar em segurança.
A equipe chefiada pelo cientista sueco Åke Sellström está na Síria para uma inspeção de 14 dias, prolongáveis, para verificar o suposto uso de armas químicas pelo Governo em três regiões.
O grupo trabalha em cooperação com a Organização para Proibição de Armas Químicas (OPAQ) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na sexta-feira (23), Ban destacou que “qualquer uso de armas químicas em qualquer lugar, por qualquer pessoa, sob quaisquer circunstâncias, viola o direito internacional”. O secretário-geral, que pediu que a investigação sobre o incidente do dia 21 seja prioridade máxima, acrescentou que “esse crime contra a humanidade deve resultar em sérias consequências para o agressor”.
Desde o levante contra o presidente Bashar Al-Assad em março de 2011, cerca de 100 mil pessoas foram mortas, quase 2 milhões fugiram para países vizinhos e mais de 4 milhões foram deslocadas internamente. Pelo menos 6,8 milhões de sírios necessitam de assistência humanitária urgente, metade crianças.
Esta matéria foi originalmente publicada pela ONU Brasil